Bom dia,

Os últimos acontecimentos em Caracas, com a tentativa do ditador Nicolás Maduro de impedir o normal funcionamento da Assembleia Nacional, inclusive colocando a Guarda Nacional para impedir o acesso dos parlamentares à sede do Parlamento, mostram que, definitivamente, a crise política/social e econômica na Venezuela está longe de terminar. Ao contrário, a fome, o desemprego e a corrupção vão continuar minando a vida dos venezuelanos que não encontram outra alternativa a não ser buscar noutros países por mínimas condições de vida, de pelo menos, mesmo no subemprego, comer e dar comida aos filhos.

Um dos epicentros dessa crise venezuelana, que vai se agravando, está Roraima, porta de entrada para o Brasil de muitos milhares de imigrantes, que encontram na via terrestre a maneira mais barata e menos dolorida de deixar a saqueada Venezuela, seus dirigentes corruptos e a fome, para trás. Aqui, uma minoria é acolhida pelo governo brasileiro, algumas organizações não governamentais e até o Alto Comissariado das Nações Unidas (Acnur). A grande maioria, ou fica perambulando pelas ruas das cidades roraimenses – especialmente Boa Vista e Pacaraima –, até que consiga seguir viagem para outros estados brasileiros, ou conseguem empregos no mercado local.

Sem ter onde morar, esses imigrantes em condições de miséria invadem prédios públicos e privados fazendo deles moradias improvisadas. Acontece que o limite de absorção desses imigrantes pelo estado de Roraima está – faz muito tempo – esgotado. Não dá mais para mantê-los sem que as condições de vida – para eles e para a população local – alcancem um nível de insuportabilidade. Todo mundo sabe, especialmente o governo federal, que a única solução viável, em curto prazo, é o tal programa de interiorização que consiste em buscar solução em outros estados maiores que possam propiciar-lhes emprego. Mas apesar disso, nossas autoridades estão, faz bastante tempo, empurrando o problema com a barriga.

INTERIORIZAÇÃO

Responsável desde o ano passado pela interiorização de cerca de 8 mil venezuelanos – sem receber qualquer centavo de dinheiro público – o empresário Carlos Wizard foi entrevistado, ontem, terça-feira (07.01), pela jornalista Cida Lacerda, no programa Quem é Quem, da Rádio Folha FM 100.3. Normalmente comedido, o empresário desta vez decidiu expressar toda a sua insatisfação e indignação contra a inércia do governo federal, que, em vez de facilitar a saída de venezuelanos para outros estados, cria dificuldades. Wizard não acredita, por exemplo, que os aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), por várias razões, venham ser solução para tirar venezuelanos de Roraima para outros estados. Uma solução seria, por exemplo, utilizar o dinheiro da Operação Acolhida para o afretamento de aviões.

INVESTIMENTO

Exemplo de sucesso empresarial, na mesma entrevista concedida à jornalista Cida Lacerda, Carlos Wizard afirmou que apesar de estar praticamente morando – junto com a esposa – em Boa Vista, faz quase um ano e meio, não se sente motivado a fazer investimento no estado. Disse, entre outras coisas, que é difícil acreditar no desenvolvimento de um estado cuja principal conexão rodoviária com o restante do país, a BR-174, é fechada todos os dias às 18 horas e só reabre às 6 horas do dia seguinte. É claro que além desse fator desencorajador, existem muitos outros que inibem bons investimentos no estado. Para o empresário Wizard, por enquanto, Roraima é apenas palco de sua vocação de religioso e humanista.

CORAJOSOS

Apesar de todas essas limitações, pequenos empresários roraimenses, sem qualquer apoio oficial, vão dando um jeito para sobreviver. Um deles, Wilson Brito, esteve ontem na Folha para uma visita de cortesia. Disse que está associado com alguns produtores guianenses e que estão produzindo melancia em cultivo irrigado numa área rural próxima de Lethen, sendo que toda a produção é levada em caminhões para ser vendida em Georgetown, a Capital da Guiana. É uma gente, decididamente, corajosa.

TRANSFERÊNCIAS

Enquanto a Parabólica era redigida ainda não se sabia da decisão do governador Antonio Denarium (sem partido) de vetar, ou sancionar, a Lei de Remuneração dos Delegados da Polícia Civil do estado. De qualquer forma, é crescente a animosidade existente entre as demais categorias e os delegados no âmbito da Polícia Civil. De um agente de polícia que pedia anonimato, a Parabólica recebeu a informação de que apenas no Boletim de Serviço Nº 02/01/20 foram publicadas transferências de 28 agentes de polícia e agentes carcerários. Tem muita gente achando que parte dessas transferências pode ter motivação política. A conferir.

RETORNOU

Fontes bem situadas na Assembleia Legislativa dão conta de que o presidente da instituição, deputado estadual Jalser Renier (SD), estaria de retorno, ontem à noite, ao estado, e que com sua chegada seria ultimada a redação final da Lei Orçamentaria Anual (LOA) de 2020. Após isso, a Loa seria encaminhada ao governador Antonio Denarium para a competente sanção.