Bom dia,
Nesses quase cinco meses iniciais de governo Bolsonaro sua principal característica é o de procurar polêmicas em todos os flancos políticos e ideológicos. E essas polêmicas não são apenas no embate com a oposição formal, especialmente a ideológica. O presidente e seus filhos quando não têm adversários ideológicos para polemizar, partem para cima dos próprios aliados. Foi assim com os petardos atirados pelo vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSL) contra o vice-presidente Hamilton Mourão, que durou mais de uma semana. Parece que o filho do presidente queria afastar a possibilidade futura de um impeachment do pai, que levaria Mourão a comandar o Palácio do Planalto.
Agora, a semana iniciou com nova polêmica gerada nas entranhas do governo Bolsonaro, sem qualquer participação da oposição. Olavo de Carvalho, ideólogo de direita e forte influenciador na formação do presidente, decidiu partir para ataques diretos aos militares que estão na ilharga de Bolsonaro. Com seu estilo agressivo, e às vezes ofensivo, Carvalho mirou diretamente em dois auxiliares que trabalham muito próximos ao gabinete presidencial: os generais Santos Cruz (ministro-chefe da Secretaria de Governo) e o General Vilas Boas, assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ambos militares muito respeitados no Exército.
As diabrites de Olavo de Carvalho poderiam ser fato isolado e expressão de uma opinião, que afinal, é garantida pela Constituição Federal. Só que, estranhamente, o ideólogo foi imediatamente apoiado por dois dos filhos do presidente: o sempre polêmico vereador carioca Carlos Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro. Ora, o apoio deles às críticas de Carvalho criaram enorme mal-estar no governo do pai, especialmente porque o presidente declarou que continua admirador do ideólogo e creditou parte de sua vitória às ideias defendidas por ele.
O que devemos supor como motivação para essa polêmica alimentada por Olavo de Carvalho, com apoio dos filhos do presidente? Será que Bolsonaro quer dar um freio na possível influência dos generais no seu governo, assim como Carlos Bolsonaro fez com Hamilton Mourão? Teria o presidente se arrependido de chamar muitos generais e coronéis para controlarem boa fatia da burocracia civil federal? É preciso dar tempo para avaliar porque o governo de Bolsonaro alimenta tantas polêmicas em todos os flancos.
OPÇÃO
Muita gente ainda não entendeu porque o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse naquela criticada entrevista dada ao dono do SBT, ao apresentador Sílvio Santos, que se a Nova Previdência não for aprovada, o que resta de opção é a inflação. Até rimou: “ou ela é aprovada, ou volta a inflação”. Não há alternativa, avisou Bolsonaro.
GASTOS PÚBLICOS
Na verdade, o que o presidente da República quis dizer é que, se os gastos com a previdência social brasileira não forem reduzidos, os governos municipais, estaduais e federal terão de ampliar seus gastos totais, o que qualquer economista sabe, pressionará o aumento dos preços, ou seja, gastos governamentais acima das receitas produzem inflação.
REAJUSTAMENTO
Ontem, dissemos aqui na Parabólica que o governo federal estudava reajustar os números de faturamento do consórcio Transnorte que venceu, em 2011, o leilão para construir e explorar o Linhão de Tucuruí. De fato, a proposta do decreto deverá ser apresentada hoje, quarta-feira (08.05), pelo Ministério de Minas e Energia à Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (SPPI) do governo federal.
ALTERNATIVA
O consórcio Transnorte alega que passados mais de oito anos desde o leilão, o orçamento para a construção do Linhão de Tucuruí está totalmente defasado, sendo impraticável construí-lo sem um reajuste. Uma alternativa a esse aumento de receita solicitado pelo consórcio seria a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) revogar a concessão obtida através daquele leilão de 2011, o que implicaria em novo certame licitatório. Mas esse novo processo licitatório, além de possivelmente moroso, esbarra em liminar obtida pela Transnorte que impede a revogação contratual.
CARAS
A favor do pleito do consórcio Transnorte pesa o fato de que Roraima tem sido abastecido com caras e poluentes termelétricas enquanto o linhão não sai do papel. O Estado foi suprido por anos por energia importada da Venezuela, mas o fornecimento foi suspenso desde meados de março em meio à crise do país vizinho, que enfrentou naquele mês o maior apagão de sua história.
EX-SENADOR
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, encaminhou para a primeira instância a investigação sobre o suposto pagamento de R$ 10 milhões da Odebrecht para o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR). O caso, agora, fica com a Justiça Federal do Distrito Federal, contrariando a solicitação da PGR (Procuradoria-Geral da República), que queria as investigações com a Lava Jato no Paraná. Ao justificar a decisão de enviar a investigação para o Distrito Federal, Fachin diz que os fatos em questão “não guardam relação de conexão ou de continência com os fatos pertinentes à operação de repercussão nacional que vitimou a Petrobras”. E assim, caminha a impunidade no Brasil.
PRIORIDADE
E depois de fazer um tour por cidades do interior do Paraná onde encontrou-se com dirigentes de importantes cooperativas de produtores paranaenses, o governador Antonio Denarium (PSL) viajou ontem, terça-feira (07.05), para Brasília. Por redes sociais o governador deixa claro que sua prioridade hoje é atrair empreendedores para o agronegócio e agroindústria roraimense. Denarium diz com todas as letras que esse é o caminho para mudar a matriz econômica do estado.