Bom dia,
Gramado, a principal cidade da Serra Gaúcha, tem uma população residente de pouco mais de 40.000 habitantes (2017), que durante os festejos do Natal e do Ano Novo, recebe cerca de 2.000.000 de turistas de todo o Brasil. Apesar da agitação normal, decorrente de tanta gente frequentando restaurantes e lojas comerciais, tudo funciona normalmente. São poucos os acidentes de trânsito; a segurança pública é impecável; não falta energia; não falta água, e até mesmo os serviços de transporte e saúde públicos não entram em colapso com a presença de tanto turista.
A Prefeitura Municipal de Gramado faz coleta diária e seletiva de lixo domiciliar em toda a cidade. Três vezes na semana é coletado o chamado lixo orgânico e em outros três é colhido o chamado lixo seco (plásticos, vidros e outros da mesma natureza). Não existe diferença substancial entre a conservação das ruas, praças e outros equipamentos urbanos localizados no centro da cidade e nos bairros da periferia. Existem abrigos para ônibus espalhados por toda a cidade: são construções muito simples, feitas de madeira com impecável estado de conservação, tudo pintado e devidamente conservado.
O Orçamento da Prefeitura de Gramado Para 2018 é de pouco mais de R$ 240,6 milhões, o Imposto Territorial e Predial Urbano (IPTU) não tem reajuste faz quase três anos. E a Câmara Municipal de Gramado tem apenas nove vereadores. Esses números são indicativos de que é possível prestar serviços públicos de qualidade mesmo com pouco dinheiro, desde que não exista desvio de recursos públicos pelos dutos do desperdício e da corrupção.
O Orçamento da Prefeitura de Boa Vista para o mesmo ano de 2018 alcança a bagatela de R$ 1,3 bilhão, quase 5 vezes maior que o orçamento da Prefeitura de Gramado. E a diferença de qualidade urbanística entre as duas cidades é flagrante, especialmente quando se leva em conta os serviços públicos municipais e o espraiamento desses serviços pelas áreas mais afastadas do centro de cada uma. Isso é apenas para a reflexão de todos nós.
PUBLICIDADEDados extraídos das Leis Orçamentárias Anuais para 2018, do Governo Estadual e da Prefeitura Municipal de Boa Vista, podem explicar, em parte, as diferentes avaliações da população entre os dois níveis de governo. Enquanto a Secretaria de Estado de Comunicação Social (Secom) tem uma verba prevista de R$ 11.917.237,00 (onze milhões, novecentos e dezessete mil, duzentos e trinta e sete reais), sua equivalente municipal, a Secretaria Municipal de Comunicação (Semuc) terá quase 40% a mais para gastar em 2018, que em números absolutos chega a R$ 16.623.000,00 (dezesseis milhões, seiscentos e vinte e três reais).
DIFERENÇAEsses números devem ser comparados com os orçamentos públicos dos dois níveis de governo. O Orçamento do Estado para o corrente ano (mais de R$ 3,6 bilhões) é quase três vezes maior que o do Município de Boa Vista (R$ 1,3 bilhão). É tudo uma questão de prioridade de governo, mas, sem sombra de dúvida, pode compensar aos políticos que assumem pensando em novos cargos e ou reeleição. O Ministério Público do Estado (MPRR) bem que poderia dar uma olhada na forma e nos critérios que o governo estadual e a Prefeitura de Boa Vista distribuem suas verbas publicitárias. Muita gente ficaria surpresa.
À VISTADepois de desistir de nomear para Secretaria-Adjunta da Secretaria de Segurança Pública um agente de polícia que enfrentava resistência junto a alguns parlamentares estaduais governistas, a governadora Suely Campos (PP) estuda nomear para o cargo outro agente de polícia, muito ligado ao anterior. Fontes da Parabólica garantem que ela continuará a ter que enfrentar resistência tanto dos mesmos parlamentares quanto dos delegados de polícia que reivindicam o posto para alguém da categoria. Enquanto essa confusão permanece, um levantamento preliminar, feito a pedido pela Coluna, dá conta de que nesses primeiros 10 dias de 2018 ocorreram mais 10 homicídios em Roraima. O crime agradece.
FARDAMENTOA Folha publicou ontem matéria jornalística sobre a reclamação de pais e alunos das escolas militarizadas quanto ao preço do fardamento completo que vem sendo exigido desses alunos. Eles dizem que o gasto total com tal fardamento chega a R$ 300,00 (trezentos reais), um valor que está fora do alcance de muitos pais e mães de alunos e alunas. Eles podem ter razão, mas é preciso separar o joio do trigo: as escolas podem fazer o cadastro socioeconômico dos pais, estabelecendo uma renda mínima por família, e fazer a doação do fardamento para aqueles realmente necessitados.
FARRADe fato, a elite burocrática dos três poderes da República, e dos órgãos que ganham cada dia mais autonomia, extremamente competentes para abocanhar mais o dinheiro público. Este é o caso do chamado Auxílio Moradia, que somados todos os gatos dos poderes e órgão para este ano, esta farra pode custar mais de um bilhão de reais, só do Estado Federal. Finalmente, apesar da força do corporativismo tem muita gente empenhada em acabar com os excessos vergonhosos cometidos com este privilégio pago generalizadamente à elite burocrática tupiniquim.