Bom dia,

Roberto Saturnino Braga é um engenheiro com formação econômica, tendo trabalhado durante anos como técnico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Foi também vereador, prefeito do Rio de Janeiro, deputado federal e senador por três mandatos. Hoje, ele preside o Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento e está em Boa Vista, onde ontem à noite proferiu palestra, no auditório do Núcleo de Estudos Comparados da Amazônia e Caribe (Necar) da Universidade Federal de Roraima (UFRR), com o tema “Democracia, Desenvolvimento e Amazônia”. Também presidiu o lançamento do livro “Amazônia Brasileira e Pan-Amazõnia: Riqueza Diversidade e Desenvolvimento Humano”, do qual é um dos autores.

Durante sua fala, Saturnino Braga disse que o Brasil não dá a devida importância à Amazônia, levantou a hipótese de que isso ocorre porque, num contexto democrático, a região amazônica tem muito pouco voto, que não são decisivos nas eleições presidenciais. Por isso, as atenções principais do Governo Federal são dirigidas principalmente para regiões Sul, Sudeste e Nordeste, mais densamente povoadas e com colégio eleitoral maior. É sob esse olhar que ele explica a pouca prioridade e o quase abandono que o Estado Federal trata esta vasta região, que representa mais da metade do território brasileiro.

É claro, analisada a questão sob a ótica essencialmente política, o veterano político fluminense tem razão. De qualquer forma, é possível dele discordar, afinal, se não precisam dos votos da Amazônia para se elegerem, os políticos que administram o Brasil, desde Brasília, precisam dos parlamentares eleitos como representantes da região integrantes do Congresso Nacional, especialmente no Senado Federal. Não custa lembrar que nosso pequenino Roraima tem o mesmo número de senadores que o gigantesco São Paulo. Assim, o que se deve questionar é a qualidade dos representantes que a Amazônia manda para Brasília, incapazes de exigir mais respeito para com os interesses regionais.

USADANa verdade, é muito grande a atenção que o Governo Federal dedica à Amazônia, tanto é que federalizou quase todos os seus recursos naturais, pondo-os sob o controle do Estado federal, através de uma legislação imposta de cima para baixo, cujo objetivo é o de utilizá-los como contraponto no processo de inserção internacional do Brasil. Não sem razão, o gênio de Raul Seixas já explicitou isso faz quase meio século, ao dizer que “A Amazônia é o nosso quintal/ Nós não vamos fazer nada/A solução é alugar o Brasil”. É isso, a Amazônia tem de permanecer inexplorada para agradar a gringalhada que compra nossas commodities para financiar a modernidade do resto do país.

IMPLODIUO que vinha sendo mantido nos bastidores, com eventuais estocadas em público, veio com toda força ontem no poleiro dos tucanos nacionais. Tipo fogo de monturo, as divergências entre os blocos do PSDB vinham expelindo apenas fumaça, mas ontem, as labaredas apareceram com todo o vigor, o que resultou no afastamento do senador cearense Tarso Jereissati da presidência do partido, por determinação do enrolado senador mineiro Aécio Neves. Tarso, ainda bem, não escondeu as razões de seu afastamento e, depois da Convenção que deve ser realizada no começo de dezembro próximo, os tucanos vão estar em menor número. O grupo que vencer a eleição partidária vai defenestrar o outro. A revoada deve ser rumo ao PMDB.

COERENTEJustiça seja feita, desde o início, quando restava muito clara uma profunda divisão entre os tucanos, a deputada federal tucana roraimense Shéridan de Oliveira sempre deixou claro de que estava ao lado da ala mais ética do partido. Nunca negou sua insatisfação com a cooptação do PSDB pelo PMDB de Michel Temer e Romero Jucá, tendo votado na última votação da Câmara dos Deputados pela continuidade da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente e dois de seus mais próximos ministros. Ontem, Shéridan criticou a manobra de Aécio Neves para derrubar Tarso Jereissati da presidência de seu partido.

ACREDITAR Não dá para acreditar, mas a imprensa anda especulando que a indicação do novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, partiu de ninguém mais, ninguém menos que Romero Jucá e José Sarney. Dá um frio na espinha só de imaginar de que isso seja verdade. Valha-nos quem?

ERRATAEm atenção à nota denominada “BASTIDORES”, publicada no dia 16 de agosto de 2017, a Folha ERROU ao divulgar que o Sr. Renato Amorim teria sido exonerado da presidência da CERR por conduta antiética. Segundo as informações repassadas à editoria, o ex-presidente teria levado para “cortar” a faixa de inauguração de uma subestação no Município do Bonfim o senador Romero Jucá, e não a governadora Suely Campos, uma vez que a obra teria sido realizada pela Seinf. Como esclarecido com documentação repassada ao jornal, ficou claro o erro na informação, pois a obra foi realizada pela Eletrobras, e não pela Seinf. O Sr. Renato Amorim já tinha sua exoneração acordada com o Governo do Estado, em data anterior à inauguração, e o mesmo nem esteve presente na ocasião supracitada, portanto, não cometeu nenhum tipo de conduta antiética. Em conformidade ao acordo no processo judicial de número 0823793-93.2017.8.23.0010, e no desejo de a Folha de sempre trazer a informação correta para o seu leitor, está feita a correção.