Bom dia,
Hoje é segunda-feira (22.03). Os brasileiros e as brasileiras acordam com a trágica expectativa de que o Brasil atingirá até o final da semana a marca de 300.000 mortes em decorrência do novo coronavírus. E toda esta tragédia ocorre em meio a uma profunda, e aparentemente incontornável, divisão da sociedade motivada por razões políticas e ideológicas. De um lado, o governo federal que parece ter esgotado suas possibilidades de enfrentamento da pandemia, por isso mantém por mais de uma semana dois ministros da Saúde, um saindo do cargo, e que retarda entregá-lo a outro, entrando depois de anunciado como o escolhido pelo presidente da República. De outro lado, está a maioria de governadores de estado, que espertamente, transferem ao governo central a responsabilidade pelo país estar demonstrando sua incapacidade em salvar vidas de seus cidadãos.
No governo federal, o seu principal, e aparentemente único porta-voz, o presidente da República, não esconde, por palavras e atos, que é contra a estratégia de isolamento social e de fechamento das atividades econômicas no país -e para demonstrar que não são apenas palavras, o governo federal entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra medidas restritivas impostas por três governadores estaduais-, e estimula a população à desobediência civil, dizendo que o Exército, do qual é comandante supremo, jamais irá às ruas para evitar a livre circulação de pessoas. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também diz que o Brasil, através de seu governo, já adquiriu todas as vacinas necessárias para imunizar a população, e que a partir de agora é só esperar a entrega delas, condicionada, evidentemente, pela disponibilidade dos fabricantes internacionais.
Já os governadores, espertamente, utilizam uma narrativa de transferir toda a responsabilidade pelo caos instalado na saúde do país ao governo federal. Já receberam bilhões de reais -muitos deles utilizados com desvios e bandalheiras de todos os gêneros-, transferidos desde os cofres federais. Não dizem também, que toda a estrutura mantida em termos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) pelo país afora é financiada pelo governo central através do Sistema Único de Saúde (SUS). Não dizem também o que fazem com as emendas de parlamentares ao orçamento da União; e muito menos que destino estão dando aos 12% mínimos de suas receitas correntes, que são obrigatoriamente destinados à saúde. Em vez de tomarem as providências devidas para prestar uma melhor assistência aos brasileiros e às brasileiras, com a aquisição de medicamentos básicos, aproveitam todas as oportunidades para criticar o governo federal.
Em meio a tantas mortes, sequelas motivadas pela pandemia, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), anuncia para quarta-feira próxima (24.03) uma primeira reunião dos três poderes da República em busca de um consenso nacional para o combate a covid-19. A ideia inicial é a criação de um comitê nacional de acompanhamento da pandemia, integrado por representantes de todos os poderes da República, para tentar homogeneizar as ações de todos os três níveis de governo. Embora o senador mineiro que preside o Congresso Nacional seja um político habilidoso, quase ninguém acredita que será tarefa fácil encontrar consensos entre espíritos tão belicosos, e que parecem muito mais interessados nas eleições de 2022, do que tirar o Brasil do atoleiro econômico-social e sanitário vigente.
RÁPIDAS
Pode ser anunciado hoje, pelo Palácio do Planalto, a recriação de um ministério para acomodar o general Eduardo Pazuello, que foi sacado do Ministério da Saúde, mas não pode perder o foro privilegiado de ministro, pois que responde a diversos processos por conta de sua gestão frente ao combate a covid-19. ### Fontes da Parabólica garantem que o ex-deputado federal Airton Cascavel foi convidado a continuar sendo assessor especial do ministro da Saúde -convidado e ainda não nomeado-, Marcelo Queiroga. As mesmas fontes, dizem que a tendência é que Cascavel acompanhe Eduardo Pazuello no ministério a ser criado para acomodá-lo. ###Aliás, por falar em Airton Cascavel, ele foi destaque nacional na semana passada. Seu pronunciamento por ocasião do anúncio de que a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) iniciara a produção de vacinas no Brasil, foi utilizada pelo presidente da República, e pelos filhos de Bolsonaro, em suas redes sociais e alcançaram a marca invejável de mais de 28 milhões de visualizações. ### Ainda na semana passada, a revista Veja publicou matéria colocando Airton Cascavel como o ministro da Saúde de fato nos últimos meses. Segundo a reportagem, era ele quem coordenava os entendimentos dos governadores e prefeitos com o Ministério da Saúde. Em vez de procurarem Pazuello, era com Cascavel que eles falavam. ###E já chegou a Roraima, entre sábado e domingo, a nova remessa de vacinas para continuar o programa de imunização da população roraimense. Vieram doses suficientes para vacinar a população do estado na faixa etária de 65 anos a 69 anos. Principalmente porque a nova recomendação do Ministério da Saúde é de que não sejam mais guardadas vacinas para a segunda dose. ### Se o governo estadual e a Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV) forem minimamente eficientes como foram na semana passada, os boa-vistenses e as boa-vistenses nesta faixa etária (65 a 69 anos) poderão ser vacinados ainda nesta semana. ### Até amanhã.