Bom dia,
Hoje é quinta-feira (15.04). Passamos três dias sem fazer circular a Parabólica. Quisemos aproveitar a folga para entender melhor o que está se passando com o Brasil, e com isso levar aos leitores e as leitoras um pouco mais dessa compreensão. Infelizmente, não são muitas conclusões a que se pode chegar observando o jogo do tabuleiro político, que afinal, decide nossas vidas. Quem ouve o que falam as principais lideranças políticas brasileiras, incluindo os três poderes da República, tem a nítida impressão de que o Brasil tem, pelo menos um consenso: a principal tarefa dos brasileiros e das brasileiras, hoje em dia, é o combate à pandemia da Covid19, cujo número de pessoas infectadas já ultrapassa 15 milhões, e o número de mortos já superou a marca de 350 mil. Mas, apesar desse discurso, as atitudes dessas lideranças passa longe da busca de soluções para fazer o Brasil retornar à normalidade, com o controle da pandemia.
No fundo, é tudo discurseira para distrair a opinião pública de olho nas eleições gerais de 2022. O exemplo mais contundente dessa gincana é a interferência do Supremo Tribunal Federal (STF) que mandou o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), requerida pela oposição, para apurar a conduta do governo federal na condução da política nacional de combate a pandemia da Covid19. Para mostrar que sabe aonde seus oposicionistas querem chegar, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acionou o que lhe resta de base parlamentar para ampliar os objetivos da CPI, alcançando também o manuseio por governadores e prefeitos das verbas federais transferidas pela União Federal para auxiliá-los no combate ao vírus. Pronto, o palanque está montado para que a oposição tente desgastar Bolsonaro, enquanto seus correligionários vão tentar mostrar as safadezas -que são muitas-, praticadas por seus adversários com o dinheiro público.
SAI NA FRENTE
Pois é, e nesse palanque montado em torno da CPI da Covid19, a oposição sai na frente dos governistas. Onze senadores compõem como titulares a CPI, e já foi anunciada a formação de um G-7, composto de senadores da oposição que com maioria será o responsável pela eleição de um presidente, que por sua vez, indicará o relator da comissão. Esse movimento, feito tão logo o presidente do Senado Federal pediu aos partidos e blocos a indicação de seus representantes na CPI é indicativo de que dificilmente o relatório final preservará o couro de Bolsonaro e de seu ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Aos correligionários do presidente restará a tentativa de levar de roldão alguns governadores que lhes fazem oposição escancarada.
DIFÍCIL 1
“Saí com a firme convicção de que dificilmente o governo de Jair Bolsonaro vai conseguir iniciar a construção do Linhão de Tucuruí até o final de seu mandato. Tem muita coisa a ser resolvida para tanto, a começar pela negociação entre o consórcio vencedor do leilão e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que reivindica um reajuste de preços, defasados desde 2011, data da realização daquele pregão. Para evitar uma longa batalha judicial, o Ministério das Minas e Energia vai constituir um arbitramento através de um Conselho Arbitral, que pode pôr fim a decisão judicial da Primeira Instância da Justiça Federal de Brasília que mandou anular o contrato de construção da obra. Isso pode exigir alguns meses de negociação, que ainda pode ser melada por intervenção do Ministério Público Federal. Enquanto essa negociação não for concretizada, não há segurança jurídica para que a empresa possa iniciar a construção da obra”.
DIFÍCIL 2
“Além do reajuste contratual, a obra só poderá ser iniciada depois de resolvidos os imbróglios relativos à questão ambiental e indígena. Ambas são de complicada resolução. Na questão indígena, por exemplo, tenho a informação de que as lideranças do povo Wamiri-Atroari exigem que antes de dar um parecer sobre a obra do Linhão de Tucuruí, eles querem discutir a prorrogação para até 2075 do contrato que existe entre eles e a Eletronorte, feito ainda quando da construção da hidroelétrica de Balbina, no Amazonas. Esse contrato rende mensalmente aos Wamiri-Atroari algo em trono de R$ 3,5 milhões, valor superior ao que recebe a maioria dos municípios interioranos roraimenses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM)”. Essas observações foram ditas a Parabólica por um especialista que assistiu a Audiência Pública, realizada nesta semana pela Comissão de Energia, da Câmara dos Deputados.
MUDOU MUITO
Quando era candidato a presidência, foi perguntado ao então deputado federal Jair Bolsonaro, como ele faria para evitar que o notório senador Romero Jucá (MDB) se tornasse seu líder no Senado Federal. De pronto, ele respondeu que Jucá não teria condição de chegar a antessala de seu gabinete presidencial. Pois bem, na semana passada, quando deu posse a vários ministros, inclusive à deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) na chefia da Casa Civil, entre a seletíssima plateia que foi ao Salão Nobre do Palácio do Planalto para prestigiar os novos ministros, despontava Valdemar Costa Neto, dono do PL e figura tão notória quanto Romero Jucá.