Bom dia,
A Parabólica está sendo escrita antes da coletiva dada pelos representantes do governo federal que estiveram ontem, em rápida passagem por Roraima. Chamado de Agenda Interministerial Propositiva – Ligando o Brasil, Desenvolvendo Estados, o evento, segundo a programação distribuída à imprensa se resumiria a uma reunião no auditório de um colégio particular de 2º Grau, onde cada participante falaria por 10 minutos, e depois de uma coletiva à imprensa os visitantes seriam recebidos em um jantar oferecido pelo governador do estado Antonio Denarium. Ainda na manhã de hoje, a comitiva partiria de Boa Vista, com destino a ser definido.
Ontem, animados com a notícia da vinda de seis ministros e vários titulares de órgãos federais – vieram apenas dois ministros e um titular de órgão federal –, dissemos que a vinda da comitiva era fato inédito na história da administração federal em Roraima. Infelizmente estávamos enganados. Pelo que deixaram transparecer as notas sobre a visita, ela faz parte de um programa do governo federal de fazer andanças por estados da federação, numa espécie de relações públicas que fica longe daquele caráter que se imaginava, de um tratamento de privilégio para Roraima, suposto privilégio deduzido das repetidas declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre as riquezas locais.
Os componentes da caravana do governo federal, evidentemente, não tiveram tempo para visitar o estado. Chegaram já no final da tarde de ontem, quinta-feira (11.04) e já voltaram hoje cedo. O governo do estado não divulgou previamente que tipo de demandas levaria para ser discutida com os representantes federais; e seguramente, não seria nos cinco minutos concedidos à fala do governador Antonio Denarium (PSL), ou durante o jantar oferecido aos visitantes, que se discutiriam as questões ingentes que precisam ser resolvidas para ajudar concretamente Roraima a sair da economia do contracheque chapa branca.
Diante desta meia frustração uma verdade parece cada dia mais evidente. Mesmo que se acredite na sinceridade do presidente Jair Bolsonaro quanto às suas boas intenções para com Roraima, é preciso que parta do governo estadual a iniciativa de elaborar uma pauta de reivindicações consistentes que sejam capazes de dar um sentido de conjunto de políticas capazes de aproveitar o momento. É cada dia mais clara a grave situação financeira também do governo federal, que luta com o rigor adotado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para fechar 2019 com o deficit primário, já aprovado pelo Congresso Nacional, de R$ 139 bilhões. Para arrancar, nestas circunstâncias, dinheiro do Tesouro Federal, só com propostas inteligentes.
TERRAS
Como era previsto, o governador Antonio Denarium anunciou no encontro com a esvaziada comitiva ministerial que estão em curso tratativas do governo estadual com o Ministério da Agricultura para viabilizar a transferências de todas as glebas de terra para o estado num prazo de seis meses. Não deixa de ser uma boa notícia, embora requentada, afinal, quase todos os parlamentares federais do estado e o próprio Denarium já haviam dito isso. Talvez fosse oportuna uma discussão sobre essa questão fundiária. Será que ela é tão imprescindível para desenvolver o Estado, ou servirá especialmente para atender a interesses localizados?
UDN
A União Democrática Nacional (UDN) foi, até hoje, o mais longevo e importante partido que representou o espectro da direita conservadora brasileira. Fez oposição a Getúlio Vargas, Jucelino Kubitscheck e João Goulart, e apoiou o golpe militar até Carlos Lacerda, seu último e grande líder, romper com os militares que governaram o país após o golpe de 1964. Pois bem, nos próximos dias, políticos aliados com as ideias defendidas pelos antigos udenistas devem pedir registro no Tribunal Superior Eleitoral, para fazer renascer a UDN. Aqui em Roraima, já tem gente organizando o partido no estado. Depois a Parabólica diz mais sobre isso.
COMO SEMPRE
A prefeita Teresa Surita (MDB) foi condenada por improbidade administrativa. Está penalizada com a perda do cargo e teve seus direitos políticos suspensos por cinco anos. O motivo foi a contratação pela Prefeitura Municipal de Boa Vista de uma empresa pertencente a um dos irmãos do notório Romero Jucá (MDB). Na sentença o juiz diz que houve fraude no processo licitatório e superfaturamento de serviços prestados em duplicidade. Como sempre os que dão ensejo a tais irregularidades nada sofrem, afinal, eles jamais assinam documentos. Quem lhes obedece sofre as consequências da subalternidade. Da condenação ainda cabe recurso.
CONTARAM?
Será que alguém contou para o representante do presidente do INCRA – ele não veio na comitiva ministerial – a história do pequeno criador de gado, Ailton Cabral? Pois bem, expulso da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, ele foi assentado numa pequena área – 600ha, enquanto a que lhe foi expropriada passava de 2.000ha -, pertencentes à antiga Fazenda Bamerindus. Ele espera faz mais de 10 anos que o INCRA emita o Título Definitivo da área que lhe foi destinada, e embora tenha a seu favor duas decisões judiciais que mandam fazer tal emissão, só agora a Superintendência Regional da Autarquia diz que não tem competência para cumprir a determinação da Justiça e ter encaminhado o processo para Brasília. É mole?