Bom dia!Prepostos, ou as próprias titulares, do governo estadual e da prefeitura da Capital deveriam dar uma volta pelas ruas e avenidas – as asfaltadas ou não – de Boa Vista. Iriam ver, com toda certeza, centenas, talvez milhares, de estabelecimentos comerciais fechados, muitos com placas de “VENDE-SE” ou “ALUGA-SE”. Poderiam parar para conversar com pequenos empresários ou mesmo com profissionais autônomos – de todas as especializações ou mesmo sem especialização – e, por certo, ouviriam dos primeiros que os clientes sumiram de seus estabelecimentos; dos segundos, saberiam que os que ainda podem contratar serviços estão em número cada dia mais reduzido.
Se essas mesmas autoridades quisessem evitar o calor escaldante, com sensação térmica que ultrapassa 40° C, das ruas e avenidas boa-vistenses, poderiam pelo menos aproveitar um pouco do ar climatizado dos dois shoppings da Capital. Lá, o que ouviriam não estaria muito longe daquele sussurro que vem das ruas e avenidas, do chamado comércio em área aberta. Saberiam, por isso mesmo, que dezenas deles estão propensas a fechar seus negócios pela falta de clientes em seus estabelecimentos, muito embora as áreas comuns desses complexos estejam, nalgumas horas, lotadas de frequentadores a passeio ou comprando quinquilharias.
Alguns, provavelmente que estejam na ilharga dessas autoridades, poderiam perguntar: o que a governadora ou a prefeita têm a ver com tudo isso? Têm, e muito! Quando se dispuseram a disputar o mandato que estão desempenhando, ambas sabiam que a economia roraimense depende em mais de 80% do setor público e, como tal, a responsabilidade inerente aos respectivos mandatos ultrapassa a simplicidade das tarefas burocráticas e alcança a complexidade de gestar políticas públicas capazes de fazer movimentar a economia local. E que tal começar por suspender todos os contratos com empresas de fora, transferindo-os para empresas locais? Milhões de reais reforçariam a decadente economia do contracheque chapa-branca.SARRO 1E a campanha eleitoral de 2018 já começou. A decisão da governadora Suely Campos (PP) de parcelar o pagamento dos salários dos servidores públicos do Estado desencadeou uma enxurrada de postagens nas redes sociais. O ex-governador Anchieta Júnior (PSDB), por exemplo, diz que, apesar das inúmeras críticas recebidas, seu governo nunca atrasou o pagamento dos servidores públicos. É claro, Chico Rodrigues não conseguiu pagar os salários de dezembro de 2014 e o 13º Salário daquele ano. Mas essa é outra história.SARRO 2Também pessoas ligadas à prefeita reeleita de Boa Vista, Teresa Surita (PMDB), utilizaram as redes sociais para criticar o governo de Suely Campos. O marido da prefeita, Marcelo Guimarães, postou mensagens dizendo que a crise financeira vivida pelo governo estadual não se deve à queda na receita do Tesouro. Ele chega a sugerir a ocorrência de desvio de recursos públicos, o que dificultaria o pagamento das obrigações governamentais.SARRO 3E o notório senador Romero Jucá (PMDB), denunciado por vários delatores da Operação Lava Jato como beneficiário de propinas desviadas da Petrobras e das empresas energéticas federais, também se utilizou das redes sociais para criticar o governo Suely Campos pelo descalabro das finanças públicas estaduais. Foi mais longe: chamou a seu gabinete seis deputados federais para “discutirem” a crise do Estado. E foram até alguns que criticaram o senador peemedebista e seu grupo nas últimas eleições municipais. Será que a preocupação deles é sincera?REAÇÃONos dias atuais as redes sociais estão aparelhadas por milhares de gente paga – de igual número de “fakes” – por grupos políticos que se engalfinham pelo poder. Os internautas ligados ao governo estadual não deixaram sem resposta as críticas endereçadas à governadora Suely Campos. As justificativas são do conhecimento de todos: situação pré-falimentar deixada pelo governo anterior, queda nas receitas do Tesouro estadual e o apetite incontrolável dos demais poderes e órgãos do Estado por mais recursos.COBRANÇAEm despacho do dia 4 de outubro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello cobra, da Receita Federal, o envio de informações do sigilo fiscal do senador Romero Jucá (PMDB) e de oito empresas relativas ao período de 1º de março de 1998 a 31 de dezembro de 2002. O pedido integra o inquérito nº 2.116, que investiga desvio de recursos federais em obras do Município de Cantá, em Roraima.Antes dessa decisão, o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, encaminhara ao STF um ofício dizendo que a Receita não poderia fornecer dados dos sigilos bancários que tinham sido pleiteados, uma vez que não estão sob a custódia do órgão. Será que se fosse o seu sigilo, a RFB agiria da mesma forma?COMISSÃOO senador Telmário Mota (PDT) esteve ontem em audiência com o ministro das Relações Exteriores, José Serra, com quem já divergiu sobre o marco regulatório da exploração do petróleo na camada do pré-sal. Foi tratar da situação dos venezuelanos que acorrem diariamente para Boa Viste e Pacaraima. Serra reconheceu que o problema transcende a competência do governo estadual e sugeriu a criação de uma comissão envolvendo vários ministérios. Tomara que o ministro não tenha incorporado o espírito de Getúlio Vargas, que quando queria se livrar de um pedido, dizia invariavelmente: “Tudo bem, vou criar uma comissão para tratar do assunto”.