Bom dia,
Quem andou pelas ruas e avenidas de Boa Vista, especialmente pela parte da manhã, viu um cenário muito diferente dos últimos três anos. A capital roraimense apresentou uma normalidade que faz muito, os boa-vistenses não conseguiam apreciar. A presença massiva de pedintes, com a exibição de crianças famélicas nos braços de mães subnutridas, portando cartazes de apelo por ajuda, para alimentar os filhos, como por milagre, sumiram. Não se sabe quais foram os santos milagrosos que fizeram sumir a face miserável de Boa Vista, expressa pela presença de imigrantes, especialmente venezuelanos famélicos e desprotegidos.
Embora não se saiba o nome do santo, quase ninguém no estado tem dúvida de que o milagre que fez sumir tantos venezuelanos das ruas e avenidas boa-vistenses teve como causa a visita a Roraima, ontem, quarta-feira (12.02), do vice-presidente da República e presidente do Conselho Nacional da Amazônia, o general Hamilton Mourão. A ideia parece ter sido a de mostrar ao visitante que as coisas aqui no estado não estão tão graves como pintam os políticos e governantes locais. E tudo indica que os santos milagreiros conseguiram o intento: na entrevista exclusiva que concedeu à repórter, cá da Folha, Paola Carvalho, Mourão disse que a situação em Roraima parece estar sob controle, embora careça de recursos.
De qualquer forma, sem qualquer ironia, a lição que se pode tirar desta operação “limpeza” que se fez em Boa Vista para receber o vice-presidente Hamilton Mourão é a de que é possível enfrentar com mais eficácia o grave problema da imigração de venezuelanos para Roraima. Se foi possível “escondê-los” por algumas horas, não será difícil encontrar alguma estratégia para ocupá-los com alguma atividade, inclusive produtiva, enquanto a Operação Acolhida comece efetivamente a implementar a estratégia, dita prioritária, de transportá-los para outros estados brasileiros: a chamada interiorização.
MAIS UMA VEZ
Na disputa por uma atenção efetiva do governo federal, vários parlamentares tentaram sensibilizar o vice-presidente da república com documentos, cartas abertas e tudo o que for possível para que o governo federal deixe de achar que Roraima é o estado do futuro e comece a olhá-lo como um estado que precisa ser ajudado de verdade e não com migalhas. Entre os parlamentares que merecem destaque, o presidente da Assembleia Legislativa, Jalser Renier, e a deputada estadual Catarina Guerra, presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALE.
MÃO-DE-OBRA
Roraima vem recebendo investimentos na construção de usinas para geração de energia limpa. Fato que poderia ser comemorado como passo inicial para o estado ultrapassar a minguante economia do contracheque chapa-branca. Embora muita gente diga que vivemos com muito desemprego, as empresas que estão tocando a construção dessas usinas têm encontrado muita dificuldade para contratar de mão de obra. E não apenas a mão de obra especializada, mas a básica, sem necessidade de grande formação. Outro problema enfrentado pelas empresas é a alta rotatividade dos trabalhadores, que compromete a execução de qualquer projeto.
INACEITÁVEL
Parece que mais gente começa a se preocupar com o estado de miséria que se abate sobre os índios Yanomami quando eles saem de suas terras rumo aos centros urbanos de Roraima. Ontem, a Parabólica recebeu, via Whats, vídeo com imagens chocantes de crianças Yanomami brigando, com direito a puxões de cabelos, na frente de um supermercado da cidade de Mucajaí. Ainda pode ser visto um índio adulto, completamente embriagado, que ignora a briga entre as crianças. Apesar de ser do conhecimento de quase todo mundo, a Fundação Nacional do Índio (Funai) continua insensível ao sofrimento desses pobres índios. Até quando?
PEDIDO
E o vice-governador do estado, Frutuoso Lins (Solidariedade), parece estar mesmo isolado pelo governo estadual. Médico, ele tomou conhecimento através de matéria publicada, aqui na Folha, sobre a suspensão de cesarianas na Maternidade Nossa Senhora de Nazaré por falta de material e quebra de equipamentos. Sem poder fazer outra coisa, Frutuoso, na condição de vice-governador, encaminhou ofício à Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde, cuja titular é a promotora Jeanne Sampaio, pedindo que a denúncia seja apurada com rigor.
DESISTIU
E o Papa Francisco teve de recuar da intenção de alguns bispos e padres da Amazônia que queriam a ordenação de homens casados, quebrando o dogma do celibato, para atuação na região. O principal freio contra a tentativa veio do Papa Emérito, Bento XVI, do alto de sua autoridade moral e inquestionável formação intelectual.