Bom dia,

Embora tenha dado ênfase ao agronegócio, afinal seu candidato ao governo, Antonio Denarium, vem daquele setor empresarial, a principal bandeira do presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, trazida nessa última visita dele à Boa Vista, é a de que é possível desenvolver Roraima através da exploração de suas riquezas minerais, mesmo aquelas que estão no interior das Terras Indígenas já demarcadas, homologadas e registradas em nome da União Federal. Bolsonaro defende a exploração (mineração) em áreas indígenas mesmo que se tenha que pagar royalties aos indígenas, que são constitucionalmente usufrutuários do que exista nessas áreas protegidas.

É possível ver grande entusiasmo nalguns segmentos econômicos roraimenses, afinal, todos queremos uma saída econômica para tirar Roraima da decadente economia do contracheque chapa branca. De qualquer forma, é preciso levar em conta o velho adágio popular que diz: “devagar com o andor porque o santo é de barro”. Na verdade, com exceção de poucos minerais raros, o mercado internacional para matérias-primas minerais anda bastante abastecido, e com o preço internacional deprimido, ou em queda. Num cenário assim, é pouco provável que o capital particular esteja motivado em investir no setor mineral, especialmente, quando se tratar de exploração em Terras Indígenas, cercadas de pressões do aparato ambientalista/indigenista.

Assim, embora seja louvável que um candidato venha ao Estado, e com proposta para promover seu desenvolvimento, é preciso ter cautela na avaliação dessas propostas. Sem dúvida, com Bolsonaro no comando do Palácio do Planalto, as organizações não governamentais vinculadas ao ambientalismo e ao indigenismo não terão tanto espaço como têm atualmente, mas daí a dizer que as expulsará do país tem uma distância muito grande. Quer queiramos, ou não, o Brasil participa da complexa constelação de países que entre si cooperam, nesses dias de globalização. Um buraco, nesse sentido é mais embaixo.

DISSEMOSA Parabólica deu, em primeira mão, a história do PSL, que depois de atrair para seu quadro de filiados o ex-senador Mozarildo Cavalcanti, negou-lhe ceder uma das vagas de candidato ao Senado. Segundo informações dadas aqui mesmo, os dirigentes do PSL querem ceder a outra vaga de candidato ao Senado -a do partido está reservada ao pastor Isamar Ramalho-, para um partido que venha agregar tempo no horário gratuito de rádio e televisão, e também trazer contribuição financeira à campanha. Embora, Mozarildo tenha sido um dos políticos que mais trabalhou pela indicação de nomes fora da política tradicional para candidato ao governo estadual, ficou de fora do palanque de Antonio Denarium.

SAIMozarildo Cavalcanti tem uma das mais bonitas biografias políticas dentre os políticos roraimenses. Por conta disso, não acumulou riqueza durante sua vida pública de mais de 30 anos, e evidentemente não dispõe de dinheiro para comprar uma vaga de candidato a senador. Por conta, disso em Carta ao Povo de Roraima, que a Folha publica na edição de hoje, Mozarildo faz uma narrativa de seus últimos esforços para continuar fazendo política com dignidade, e comunica que diante da impossibilidade de assim continuar fazendo, deixará a vida pública. É uma pena, especialmente quando vemos um cenário político dominado por canalhas, ladrões de dinheiro público.

REUNIÃOA governadora Suely Campos (PP) está em Brasília e, ontem, teve uma reunião com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, que é o relator de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) impetrada pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) que questiona a distribuição dos recursos orçamentários do Estado entre os poderes constituídos. A governadora, como todos os membros do Poder Executivo, quer discutir a partilha do orçamento, que vem na última década aumentando o orçamento dos demais poderes em ritmo que retira recursos que deveriam ser aplicados em saúde, educação e segurança públicas. Hoje, a governadora terá reunião com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, para tratar das questões estaduais nesse setor.

SURPRESAEnquanto está em Brasília, a governadora Suely Campos deve ter ficado surpresa com a notícia dos pedidos de exoneração de seu secretário estadual de Saúde, Marcelo Batista, e também do diretor-geral do Hospital Geral de Roraima, Samir Xaud. Sem explicitar as razões, os dois comunicaram publicamente as respectivas saídas dos cargos, antes mesmo de falarem com a governadora. Tudo indica que a saída do secretário de Saúde e do diretor-geral do Hospital Geral de Roraima seja uma reação às nomeações para as secretárias-adjuntas da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) de pessoas indicadas pelo deputado federal Hiran Gonçalves. Quando voltar de Brasília, a governadora vai ter de descascar mais esse abacaxi político.

REISem declinar nomes, mas lançando uma indireta para um político local, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) disse que, se fosse Rei de Roraima por 20 anos, já teria transformado a economia roraimense tão poderosa como a economia asiática, hoje, a que mais cresce no mundo. É claro, tem muito de exagero nisso, mas expressa igualmente muito de verdade. Se alguns políticos do Estado tivessem utilizado sua força em Brasília para fazer o bem por Roraima, nossa economia teria deixado faz tempo de viver do contracheque chapa branca.