Bom dia!O resultado da votação no Senado Federal, que resultou no afastamento temporário da presidente da República Dilma Rousseff (PT), não foi surpresa para ninguém. Já era esperado, afinal, como manter no Palácio do Planalto uma presidente que não conseguiu juntar para apoiá-la sequer um terço dos integrantes das duas casas congressuais, o Senado Federal e a Câmara dos Deputados? Dentro desse aspecto, o eventual fim de um governo Dilma Rousseff, e de uma Era no Brasil sob o domínio político do Partido dos Trabalhadores, será melancólico.
Por trás daquilo que é mais aparente, levados na devida consideração os excessos de linguagem, as paixões partidárias e a montoeira de interesses escusos que estiveram presentes nos processos de admissibilidade, tanto na Câmara Federal como no Senado Federal, é importante que se veja, neste momento político vivenciado pelos brasileiros e brasileiras, com mais profundidade. Isso quer dizer que a crise econômica profunda que se abate sobre a pátria tupiniquim foi o principal ingrediente utilizado pelos adversários de Dilma e do PT para apeá-los do poder.
Definitivamente, o modelo de crescimento econômico baseado no estímulo ao consumo interno, com baixa taxa de investimento e crescimento da máquina do Estado, implantado pelos petistas desde o primeiro governo Lula da Silva, chegou ao fim. As famílias já não se mostram dispostas a consumir muito, afinal, estão endividadas e sufocadas pelos maiores juros do mundo; o baixo investimento jogou o crescimento do emprego e do produto para abaixo de zero e o Estado agigantado elevou a dívida pública para um patamar superior a R$ 2,5 trilhões.
Todas essas mazelas descritas acima chegaram ao povão, que começou a ficar desempregado, endividado, apavorado com uma inflação de mais de dois dígitos e sem esperança de melhores dias. O resultado consequente disso tudo jogou a popularidade de Dilma e do PT para os menores índices da recente história política brasileira. Os congressistas brasileiros, majoritariamente fisiológicos, sentiram isso, e foram à forra.MÁFIA?Pois é, ontem falamos aqui da avidez do governo em cobrar encargos dos brasileiros para sustentar um Estado inchado e tomado pela corrupção. Aqui vai mais uma e que merece um pouco da atenção da governadora Suely Campos (PP). Numa dessas invenções do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), que vez ou outra inventa exigências para tirar dinheiro dos proprietários de veículos – basta que se lembre do kit de primeiro-socorro, mudança nos extintores e chip -, os órgãos de trânsito exigem a afixação de um “selo” na placa traseira dos carros.QUADRILHA?Se você estacionar seu veículo e alguém rasgar esse “selo” e numa blitz qualquer seu carro for vistoriado e os agentes perceberem alguma avaria nele, o veículo será apreendido, e para tirá-lo você paga multa e ainda tem de ir ao Detran para colocar um novo. Detalhe: o custo desta renovação custa a bagatela de R$ 54,45. Ora, isso é ou não uma porta aberta para organizar malfeitores que saiam pelas ruas e avenidas quebrando esses “selos”?LAVA JATOTeoricamente, o presidente interino da República, Michel Temer (PMDB), não tem poderes para retardar nem para potencializar a operação Lava Jato, especialmente aquela que está sendo efetivada pela Justiça Federal de Primeira Instância em Curitiba (PR). De qualquer forma, seus assessores mais próximos andam espalhando que ele vai apoiar as ações daquela operação que anda incomodando muitos políticos, inclusive muitos importantes companheiros de Temer. Você, leitor, acredita nessa promessa do presidente interino?CORRUPÇÃOUm dos nossos redatores varou a noite (madrugada) de ontem assistindo à sessão plenária do Senado Federal, que resultou no afastamento temporário da presidente Dilma Rousseff (PT) com a consequente posse do presidente interino, Michel Temer PMDB. Um detalhe não passou despercebido por nosso observador: nas declarações de voto dos senadores foram muito poucos os que falaram em combate à corrupção. Também pudera, um grande número deles é protagonista citado em delações premiadas da Lava Jato. NOTA 1O Núcleo de Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal de Roraima mandou distribuir “Nota à Imprensa” que contesta as notas publicadas cá neste espaço sobre a atuação de seus agentes na apreensão de um veículo. Além tecer comentários sobre vários feitos de combate ao crime e com resultados expressivos, a nota diz que nosso redator é daquele tipo que gosta de recorrer ao “jeitinho brasileiro”, especialmente dos que são flagrados em prevaricação.NOTA 2Sobre a manifestação do Núcleo de Comunicação Social da PRF, em nenhum momento a Coluna veiculou informações dando conta da desnecessidade da instituição. Os resultados alcançados pela ação de agentes competentes e probos integrantes da instituição merecem reconhecimento, mas eles cumprem seus deveres. Com relação ao “jeitinho brasileiro”, é preciso não confundir o uso do bom senso com práticas que arranham a moral e a boa ética. No mais, reações iradas e com cheiro de ameaça não são compatíveis com a democracia que vivenciamos. Ninguém, pessoas físicas ou instituições, está imunizado contra críticas que, antes de tudo, é um direito de cidadania.