Bom dia,

O decreto assinado pelo governador Antonio Denarium (PSL) suspendendo o pagamento do chamado “Restos a Pagar”, despesas realizadas e não pagas no mesmo exercício, sob o argumento de que sua antecessora Suely Campos (PP) descumpriu a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), ainda vai dar muito pano para mangas. Especialistas ouvidos pela Parabólica dizem que o devedor é o governo estadual e ponto final. A questão da irregularidade deve ser cobrada de quem a praticou, e não de quem cumpriu com seus deveres de fornecedor.

IMBRÓGLIO 1

Esses sussurros foram captados pelas poderosas antenas da Parabólica e vieram de uma reunião acontecida no gabinete governamental do Palácio Senador Hélio Campos. O enredo é mais ou menos assim: Antonio Denarium foi instado por um dos seus auxiliares a tentar interferir numa possível operação envolvendo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), apoiado pela Polícia Federal e Ministério Público do Trabalho, contra serrarias em funcionamento no Sul do Estado, especialmente em Rorainópolis. Foi-lhe sugerido que telefonasse ao presidente da autarquia ambiental pedindo que a operação fosse suspensa.

IMBRÓGLIO 2

Para decidir se atendia ao pedido de seu auxiliar, o governador convocou para uma reunião no gabinete governamental outros auxiliares de sua área ambiental com o intuito de ouvi-los sobre a conveniência de tentar interferir na operação dos órgãos federais. Um dos auxiliares convocados ponderou que o governador não deveria utilizar-se de telefone para se desincumbir de uma missão tão espinhosa. Se decidisse mesmo tentar interferir, o auxiliar sugeriu que o governador fosse a Brasília para conversar pessoalmente com o presidente do Ibama.

IMBRÓGLIO 3

Ao perceber que o governador estava inclinado a seguir a sugestão do auxiliar convocado, o auxiliar que sugeriu a tentativa de interferência na operação federal fez considerações jocosas ao colega, no que resultou em egos ofendidos ao ponto de o ofendido pedir, ali mesmo, demissão do cargo que ocupa. Foi acompanhado de outro auxiliar convocado que também pediu exoneração. O governador, evidentemente, não aceitou os pedidos e solicitou que todos tivessem cabeça fria. O resultado do imbróglio a Parabólica não sabe, pois ruídos invadiram o espaço, tornando inaudíveis os sussurros.

CERTIFICADO

A Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) concedeu autorização para que a empresa MTGG-Participações e Empreendimentos S.A. possa emitir Certificados de Reposição Florestal até o limite de 18.950,18 m³, garantidos por uma plantação de mogno africano numa área de 126,3346 ha. O plantio, segundo a licença, está sendo realizado na Fazenda Recreio, de propriedade de parentes da prefeita Teresa Surita (MDB). Pelos números é possível saber que a produção média estimada do plantio é de 150,40 m³ por hectare. Uma bela produtividade.

EMPREENDEDOR

A empresa MTGG-Participações e Empreendimentos S.A. tem como controlador Marcelo Guimarães, marido da prefeita Teresa Surita, que já teria anunciado por redes sociais e entrevistas em órgãos nacionais de imprensa sua decisão de investir quase meio bilhão de dólares em reflorestamento no Estado de Roraima. Os números atuais estão muito longe dessa meta, mas a licença emitida pela Femarh já vai lhe propiciar uma boa quantidade de reais quando esses certificados começarem a ser negociados no mercado, cujo potencial pode ser estimado hoje em algo muito próximo de R$ 200 milhões.

VETO

Por coincidência, a emissão pela Femarh dada à empresa controlada por Marcelo Guimarães ocorre depois que o governador Antonio Denarium vetou uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado (ALE), de autoria conjunta dos deputados estaduais Jânio Xingu (PSB) e Brito Bezerra (Progressista), que regulamentava a emissão dos Certificados de Reposição Florestal, atribuindo como órgão controlador dessas emissões a própria Femarh, e abrindo a possibilidade de que outros grandes, pequenos e médios produtores pudessem ser cadastrados como emissores. A lei vetada abriria a possibilidade de dinamizar o setor de reflorestamento no Estado. É o típico caso de fulanização da coisa pública.

ALUGA-SE

A Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência, mais conhecida como Dataprev, está procurando para alugar, por um prazo de 60 meses, um imóvel que fique no centro comercial de Boa Vista, e que tenha uma área entre 45 m² e 50 m². Os agenciadores estão sediados em Belém e podem ser contatados pelos telefones (91) 3164-1218 e (91) 3184-1248. Taí uma boa oportunidade. O critério de escolha pode ser o de preço mínimo.

ERRATA

Na Parabólica publicada ontem, quarta-feira (13.02), dissemos que o prazo para inscrição de candidatos ao cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) junto à Assembleia Legislativa do Estado fora prorrogado para o próximo dia 21.02. Erramos: como a prorrogação foi por sete dias úteis, o prazo final é na verdade o dia 25.02. A vaga a ser preenchida no TCE agora é a que pertenceu ao conselheiro Essen Pinheiro Filho, falecido faz mais de um ano.

CULPANDO

Muito a seu estilo, a prefeita Teresa Surita está utilizando as redes sociais para culpar a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caerr) pelos buracos que andam aparecendo – alguns já foram até mostrados aqui pela Folha -, em ruas e avenidas recentemente asfaltadas pelo município. A alcaide diz que a prefeitura termina de colocar asfalto nessas vias urbanas e vem a empresa estadual de águas e esgotos rasgando o que já está feito. “Não aguentamos mais isso”, diz Teresa Surita, em tom de sofrido desabafo.