Bom dia,Afinal, para que serviu a reunião do Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) realizada em Boa Vista, na quinta-feira, 10? Calma! Nem tudo foi perdido, afinal, além de colocar na ribalta da cena política local algumas lideranças, restou sobejamente claro que o papel que esta autarquia federal desempenha em Roraima está absolutamente esgotado. Essa reunião do Conselho de Administração que, como as anteriores, só aprovou projetos de interesse do Estado do Amazonas, mostrou mais uma vez, o tamanho da Suframa: a autarquia não passa de um bureau da Polo Industrial de Manaus (PIM). Sua natureza política e o conjunto dos incentivos que dispõe a torna absolutamente incapaz de estimular o desenvolvimento nos demais estados da Amazônia Ocidental, como previa o decreto-lei que a criou em 1967.

E não poderia ser diferente. Quem indica os administradores da Suframa são políticos do Amazonas e, por fidelidade às suas raízes, a prioridade desses dirigentes é a consolidação do Parque Industrial de Manaus – só para lembrar o presidente ianque Donald Trump, Amazonas First –, um modelo de desenvolvimento que, apesar das críticas, é sem qualquer dúvida bem sucedido. Boa parte do corpo técnico e do corpo administrativo da Suframa é recrutada ali mesmo, na capital manauara, sendo natural que torçam e lutem para desenvolver sua terra. Pensar diferente agride a ordem natural das coisas e, verdadeiramente, não devemos ficar chorando contra essa natureza da autarquia. O choro não vai adiantar.

Ora, este modelo de intervenção institucional do Governo Federal em Roraima, através da Suframa, está, como dissemos acima, falido/esgotado. É preciso que nossos políticos exijam o fim dessa intermediação entre os agentes públicos e privados locais e as autoridades de Brasília. Existem outros modelos institucionais que, sem aumentar custos nesses tempos bicudos de crise econômica, podem encurtar a distância entre os interesses locais e as esferas políticas/burocráticas situadas no Planalto Central. Nesta última reunião da Suframa em Boa Vista, a governadora Suely Campos (PP) sinalizou nessa direção. Resta saber se terá o apoio da bancada federal do Estado que, nalguns conhecidos casos, trabalha na Capital Federal para inviabilizar Roraima.AUMENTOA indiferença com que o Governo Federal trata a tragédia dos migrantes venezuelanos, que agrava a situação de desemprego, atendimento médico, educacional e segurança; e, mesmo a presença cada dia maior dessa gente pedindo esmola em todos os cantos da cidade, está fazendo crescer o número de roraimenses dispostos a criticar e mesmo hostilizar essa gente fugitiva da miséria criada pelo desastrado governo bolivariano. É preciso que os governos federal, estadual e municipal promovam campanhas para amenizar essa ideia. Do ponto de vista humanitário, temos obrigação de tornar menos dolorosa a presença dessa gente pobre, evidentemente separando o joio do trigo.ACAMPAMENTOE por falar em separar o joio do trigo, até hoje não foram montadas as 75 barracas encaminhadas pelo Ministério da Defesa para criação de um acampamento de refugiados na cidade fronteiriça de Pacaraima. A ideia é que, montado esse acampamento, as autoridades migratórias brasileiras poderiam fazer uma primeira triagem dos migrantes antes deles chegarem a Boa Vista. E o leitor sabe por que esse acampamento não foi montado? Pois é, a Fundação Nacional do Índio (Funai) não autoriza a instalação daquelas barracas em Pacaraima, por considerar aquela cidade parte integrante da Terra Indígena São Marcos, apesar de a Justiça Federal não ter decidido o imbróglio, criado pela própria autarquia, que deseja expulsar da cidade todos seus habitantes não indígenas.SEM CONSENSO 1Ontem o programa Agenda da Semana, da Rádio Folha, entrevistou três deputados estaduais: Jânio Xingu (PSL), Oleno Matos (PP) – licenciado por ocupar a chefia da Casa Civil do governo estadual – e Naldo da Loteria (PSB). Perguntados sobre o possível cenário para a disputa pelo Governo do Estado em 2018, os entrevistados deram respostas reveladoras da total falta de consenso entre eles, pelo menos a essa altura do campeonato.                         SEM CONSENSO 2Xingu disse que vai defender a escolha pelos deputados ligados ao presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), Jalser Renier (SD), uma candidatura que não seja imposta pelo notório senador Romero Jucá (PMDB). Já Oleno disse estar tranquilo com a reeleição da governadora Suely Campos (PP). Naldo da Loteria, por sua vez, fala em apoiar a prefeita Teresa Surita (PMDB).SUPERSALÁRIOS O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse em entrevista a Rádio Bandeirantes, retransmitida pela Rádio Folha na sexta-feira, 11, que em viagem a Mato Grosso, seu estado natal, que no Ministério Público de lá o salário de um promotor chega, em média, R$ 70 mil. Indignado, ele concitou seus pares a iniciarem um combate sem trégua aos supersálarios na administração pública brasileira, em todos os poderes.