Bom dia,
Nascido no começo do Século XX (1903) e falecido em 1985, o economista francês François Perroux é o principal autor da Teoria dos Polos de Crescimento, um conjunto de ideias que defendia a concentração dos investimentos públicos em determinados espaços geográficos porque eles, ao crescerem, levavam também o crescimento de outros espaços geográficos menores. Perroux teve enorme influência na determinação do desenvolvimento regional brasileiro, no que resultou entre outras coisas, na criação da Zona Franca de Manaus (ZFM), em 1967, durante o governo de Castello Branco, o primeiro dos generais-presidentes do regime militar. A ideia básica seria fazer de Manaus um vigoroso polo de crescimento, capaz de irradiar o desevolvimento econômico para os demais estados da chamada Amazônia Ocidental (Roraima, Rondônia e Acre).
Após todos esses anos, desde a criação da Zona Franca de Manaus, as ideias do economista francês estão passíveis de uma avaliação mais crítica. Estar próximo de um polo de crescimento mais forte não tem só vantagens, mas também desvantagens. É sob este ângulo que os roraimenses têm de olhar sobre as relações de Roraima com o vizinho estado do Amazonas. Roraima é a parte flagrantemente mais fraca neste relacionamento em todos os âmbitos econômicos, políticos e culturais. De um lado, porque tem uma população muito menor – cerca de 600 mil habitantes contra cerca 4,5 milhões do vizinho estado -; de outro lado, porque o Amazonas é, de longe, estado brasileiro que recebe os maiores favores fiscais e tributários do país.
Pena que os políticos roraimenses façam questão de ignorar, por conta de suas próprias conveniências, esta situação. Amanhã, continuaremos comentando sobre o tema, aqui na Parabólica.
DE LÁ
Vergado pela corrupção endêmica de seus políticos e empresários, o governo do estado mais privilegiado do país, o Amazonas, está literalmente falido. Educação, saúde e segurança pública estão aos frangalhos, em estado vergonhosamente crítico. Espelho do que estamos dizendo é que todos os últimos governadores amazonenses – a exceção é Amazonino Mendes – estão presos ou respondendo a processos de corrupção em liberdade. Por conta do caos financeiro em que se encontra o governo amazonense, que não paga seus compromissos, uma enxurrada de empresas daquele estado está acorrendo para Roraima, disputando com as empresas locais contratos de fornecimento e de obras com os órgãos públicos do estado.
ACOIMADOS
É claro que existem exceções, mas boa parte de empresas e empresários de fora que vêm para disputar contratos com órgãos públicos de Roraima estão acoimados com políticos locais desonestos. E o motivo para tal é que esses políticos entendem ser mais fácil receber propinas em centros maiores, com a vantagem adicional de minimizar eventuais comentários de propinadores, que acabam por revelar as maracutaias. O problema é que se isso atende às conveniências dos políticos corruptos, fere os interesses da economia estadual, por conta do desvio para outros mercados de precioso fluxo de renda que poderia turbinar a economia roraimense.
IMBRÓGLIO
Perece que o governador Antonio Denarium (sem partido) vai ser chamado para desatar mais um imbróglio criado no âmbito da Polícia Civil do estado. Tudo por conta de uma decisão tomada pelo delegado-geral Herbert Amorim, que modificou a titularidade na recém-implantada Divisão Especial de Combate à Corrupção em Roraima (Decor). A Portaria Nº 0017/2020, publicada no dia 13 de janeiro deste mês, no Boletim Eletrônico Interno da Polícia Civil, designa o delegado de polícia Juseilton da Costa e Silva como novo titular da Decor, posto que estava sendo ocupado pela Darlinda de Moura Santos Viana. Também foi removido para a Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos Automotores Terrestres (DRRFVAT) o delegado João Luiz Evangelista Batista dos Santos, antes lotado na Decor.
DESAGRADOU
Fontes da Parabólica dizem que essas mudanças não agradaram gente graúda dentro da Segurança Pública estadual. Essa gente descontente diz que não vê razão para tais mudanças, inclusive, porque os profissionais deslocados do comando de Delegacia de Combate à Corrupção haviam passado por treinamentos no Espírito Santo e no Pará para lidar em investigações de corrupção. Nossas fontes acreditam que o episódio abre mais crise na Polícia Civil, já profundamente atingida desde a aprovação da Lei de Remuneração dos delegados. Pode até aparecer pedido de exoneração, ao governador, de auxiliares descontentes com a situação.
ENCAMINHADA
Finalmente, já está desde sexta-feira (10.01) na Casa Civil do governo estadual a Lei Orçamentária Anual (LOA) 2020, devidamente autografada pelo presidente da Assembleia Legislativa (ALE), deputado estadual Jalser Renier (SD), para a sanção pelo governador Antonio Denarium. A expectativa agora é por eventuais vetos parciais que possam ser feitos pelo chefe do Executivo devido a algumas alterações feitas de última hora, aos valores anteriormente pactuados.