Bom dia!
Já se foi o tempo em que ocupar cargos públicos era sinônimo de competência para realizar o bem comum e que se exigia dos ocupantes a chamada conduta ilibada. Por esta última exigência entendia-se que o agente público tinha suas qualidades morais reconhecidas pela opinião pública, sem que pairasse sobre seus atos pretéritos qualquer nódoa indicadora de sua inclinação para fazer malfeitos. Especialmente no que se refere ao desvio dos meios públicos para atender seus interesses pessoais e familiares.
Nos dias que correm de descoberta de tantas falcatruas, envolvendo roubalheira na Petrobras, nas empresas elétricas federais e em quase todas as obras públicas deste país, a ocupação dos cargos públicos tem como principal objetivo aparelhar a estrutura administrativa governamental para a prática de desviar o dinheiro público em favor de grupos políticos, familiares e empresariais. Por conta dessa degeneração de costumes, os dirigentes de órgãos públicos, com raras exceções, não precisam ter conduta ilibada e muito menos expertises para tomarem assento em funções de administram a coisa pública. Ao contrário, eles precisam apenas de apadrinhamento de políticos, eles próprios velhacos que infernizam a vida pública do país.
É nesse contexto que se pode entender a decisão do presidente Michel Temer (PMDB), que anunciou uma gradação de pena para punir seus auxiliares, muito deles já citados em malfeitos pelas diversas operações de combate ao crime organização pelos bandidos de colarinho branco. Agora, Temer bateu o martelo: ministros apenas citados pelos delatores permanecem em seus cargos; ministros denunciados pelo Ministério Público Federal são afastados temporariamente com direito a continuarem recebendo os salários e mantendo o foro privilegiado; finalmente, ministros com denúncia aceita pelo Supremo Tribunal Federal serão afastados definitivamente do cargo.Não seria melhor voltar ao passado e escolher auxiliares com conduta ilibada?
RAPIDEZOntem o senador Romero Jucá (PMDB) estava pedindo, em Brasília, que o nome do ex-ministro da Justiça, Alexandre de Morais, fosse logo aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário do Senado Federal. Jucá disse que fazia o apelo para que depois não dissessem que o PMDB está criando dificuldade para o andamento da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. É mole?
MANTEVEÉ o típico exemplo de dois pesos para a mesma medida. Dilma Rousseff (PT) não pode empossar Lula da Silva (PT) como chefe da Casa Civil porque a Suprema Corte entendeu que a medida foi tomada para dar foro privilegiado ao ex-presidente e livrá-lo de Sérgio Moro. Dilma está, inclusive, respondendo a processo por tentar obstruir o trabalho da Justiça. Pois bem, ontem o decano do STF, ministro Celso de Melo, liberou Temer para manter Moreira Franco como secretário-geral da Presidência, dando-lhe igualmente o foro privilegiado, depois que o agora ministro foi citado por dezenas de vezes pelos delatores da Odebrecht, já homologadas pela ministra Carmen Lúcia.
RANKINGLevantamento feito pelo Banco Mundial fez um ranking dos 10 países que exigiram mais horas de trabalho de seus habitantes para pagar impostos. Pela ordem, eis eles: Brasil (2.600 horas), Bolívia (1.080 horas), Vietnã (941 horas), Nigéria (938 horas), Venezuela (864 horas), Bielorrússia (798 horas), Chade (732 horas), Mauritânia (696 horas), Senegal (666 horas) e Ucrânia (657 horas). O Brasil ocupa igualmente uma posição de destaque entre os países mais corruptos do mundo. Não são números, decididamente, que nos orgulham.
DISPOSIÇÃODa jornalista Yana Lima, assessora de comunicação da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), a Parabólica recebeu email, que transcrevemos na íntegra: “Sobre a nota ‘Inquérito’, publicada na Parabólica nesta terça-feira (14), a Sesau pontua que o contrato para fornecimento de alimentação hospitalar nas unidades de saúde foi feito dentro da legalidade, levando em consideração todos os princípios da Administração Pública. A secretaria está à disposição dos órgãos fiscalizadores e prestará todas as informações necessárias para auxiliar no trabalho do Ministério Público.”
LINHÃOCom o agravamento da situação de fornecimento de energia elétrica para Roraima, hoje sob responsabilidade total da Eletrobras, até o Tribunal de Contas da União está cobrando a conclusão do Linhão de Tucuruí, que interligará o Estado ao Sistema Interligado Nacional. Pois bem, não basta cobrar, é preciso exigir que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) faça novo leilão para que apareça outro interessado em construir e explorar o Linhão. Não vai ser fácil atrair interessados, afinal, o último consórcio tomou um tombo que alcança mais de um bilhão de reais.
CPIAliás, também já é hora de a bancada federal de Roraima, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, tentar instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as razões da interrupção da construção do Linhão de Tucuruí. Com certeza, surgiriam várias evidências de que vários órgãos federais atentam contra o interesse nacional.