Bom dia!“Os grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e tempestades” – EpicuroREVERBERAÇÃOA repercussão do caso reprovação do nome de Juscelino Pereira para o cargo de presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) causou alvoroço no meio político durante todo o dia de ontem. Mas isso já era esperado, uma vez que havia comentários entre os próprios deputados da base governista de que teria havido ordens do Palácio Senador Hélio Campos para votar contra a indicação do nome dele, enquanto as lideranças do G14 pediram publicamente pela aprovação. DESABAFOO motivo do banzeiro foi que o ex-diretor disse cobras e lagartos em uma mensagem, divulgada ontem pela manhã, no grupo de WhatsApp que reúne o primeiro escalão do governo. A mensagem em forma de desabafo circulou rápida e inflamou o meio político, obrigando o Palácio do Governo e a liderança no Legislativo a se pronunciarem. Pereira foi bem enfático ao comentar que ficou sabendo de sua exoneração pela imprensa, logo assim que seu nome foi reprovado no plenário da Assembleia Legislativa. Chamou de “pressa palaciana nunca vista em nenhum outro caso ou governo”.INTROMISSÃOSem meias palavras, Juscelino Pereira afirmou que a rejeição de seu nome foi uma “articulação palaciana” depois de ter resistido às investidas da chefe da Casa Civil, Danielle Campos Araújo, acusada de fazer intromissões no Detran e em outras pastas do governo. A mensagem afirma que essa prática estaria incomodando vários secretários e outras autoridades e lideranças estaduais. Ele também fez várias críticas sobre a condução do governo, falou em desgastes políticos e da necessidade de resgatar a credibilidade do governo.CLIMA POLÍTICOO Governo do Estado negou tudo e repudiou as declarações, afirmando que esse posicionamento teria a finalidade de “criar clima político”. Sobre o aspecto político, afirmou que a orientação para a base aliada na Assembleia Legislativa foi pela aprovação do nome de Juscelino Pereira. Um fato que chamou a atenção é que, embora a mensagem do ex-diretor não tenha se referido sobre este assunto, o governo negou insinuações sobre ordens de autuação, remoção ou apreensão de veículos. RACHA?Ainda como desdobramento do caso Detran, depois de declarar guerra a deputados com processos e criticar a decisão da Assembleia Legislativa, o senador Telmário Mota (PDT) afirmou para pessoas próximas e a alguns integrantes da imprensa que ele vai aproveitar o “cartão velho” dado a Juscelino Pereira para caminhar para um racha com a base do governo. E disse que irá viabilizar seu nome para concorrer ao Governo do Estado em 2018. Se ele vai manter a posição ou se foi apenas um rompante pelo calor do momento, não ficou bem claro.RESPOSTAAs declarações de Telmário Mota para a Folha sobre o caso provocaram pronunciamentos acalorados na sessão de ontem da Assembleia Legislativa. Ele disse que a Casa teria agido de forma irresponsável ao rejeitar o nome de Juscelino Pereira e que iria ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ver os processos de deputados que estão no mandato por meio de liminar. As respostas vieram em bloco por meio de deputados que normalmente nunca sobem à tribuna ou sequer usam do expediente de explicações pessoais.RESPEITOEntre os que se pronunciaram em plenário, os deputados Chico Guerra (PROS), George Melo (PSDC) e Chico Mozart (PRP) repudiaram o posicionamento do senador pedetista. Todos pediram respeito às decisões do Legislativo e falaram de independência dos poderes, porém o mais contundente foi Chico Guerra, ao pedir respeito e dizer que o senador não teria moral para falar da Assembleia Legislativa.ANULAÇÃONão é só o incêndio que resultou do caso Detran que o Palácio Senador Hélio Campos terá que apagar. A reprovação do nome para o cargo de defensor público-geral, Carlos Fabrício Ortmeier Ratacheski, também teve desdobramentos que ainda vão dar panos para as mangas. O atual defensor público-geral, Stélio Dener, anulou eleição que compôs a listra tríplice encaminhada para a governadora Suely Campos (PP) nomear o novo titular da Defensoria Pública Estadual. ARGUMENTOA alegação é que, com a rejeição de Ratacheski, os outros dois candidatos, Terezinha Muniz de Souza Cruz e Ernesto Halt, não conseguiram 50% dos votos válidos, o que significaria que eles não teriam representatividade e legitimidade para assumirem o cargo. Para tomar esta decisão, foi usado como argumento o ato de posse de vereador suplente e eleição dos membros da Mesa da Câmara Municipal. RECADOAntes dessa decisão, dois deputados da base aliada do governo já tinham dito que não aceitavam a indicação do nome de Terezinha para assumir a Defensoria, que é a segunda na lista tríplice e, na lógica, a que estaria na vez de ser indicada. O recado enviado ao Executivo é que, caso isso ocorra, eles deixariam a base aliada. É importante destacar que é prerrogativa da chefe do Executivo nomear qualquer um dos nomes da lista tríplice independente do número de votos.
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