Bom dia! Sobre a intensa discussão que tomou conta da grande imprensa nacional e com ampla repercussão na opinião pública tupiniquim, quanto à vitória do republicano Donald Trump na disputa pela presidência dos Estados Unidos da América (EUA), a jornalista, mestre em administração de empresas e diretora do Grupo Folha de Comunicação, Paula Cruz, tem uma avaliação bem peculiar. Segundo nossa diretora, é natural que muitos brasileiros e brasileiras, que já estão na América – ou que pretendem para lá seguir – tenham razão em se preocupar com a entrada de Trump na Casa Branca, sede do governo norte-americano, afinal, como candidato, seu discurso foi de poucos amigos para com os milhões de migrantes que invadiram a terra de Tio Sam nas últimas décadas.
Para Paula Cruz, no entanto, que acima das preocupações com Trump e sua política anti-migratória, o que devemos discutir prioritariamente são as razões que levam milhões compatriotas a querer deixar o Brasil em direção a outros países, especialmente europeus e o da América do Norte. Nesse sentido, deixamos de ser o destino preferencial dos europeus do início do Século XX, quando eles procuravam uma terra de oportunidades, para nos transformar numa pátria que expulsa sua gente.
E não precisa de muito esforço mental para levantar algumas das razões que fazem os brasileiros deixarem o país neste início de Século XXI. A começar pelo anseio de cada um, ou cada uma, de sentir-se possuidor de uma cidadania que lhe é negada num país em que quase tudo depende do governo. E, no Brasil, esta entidade está falida em seus três níveis – federal, estadual e municipal – por ineficiência e corrupção. Basta ver os níveis alarmantes de violência em todas as dimensões, a situação caótica da saúde pública e uma educação sem qualidade e a esmo por falta de um projeto verdadeiro.E não vamos aqui, mesmo que fosse nosso desejo, esgotar as mazelas que expulsam milhões de patrícios para o resto do mundo. De qualquer forma, é bom refletir sobre o que diz a diretora cá da Folha.OS MESMOSA iniciativa da apresentação da nova Lei de Repatriação, que vai estabelecer um novo prazo – 1º de fevereiro a 30 de junho de 2017-, para que brasileiros que têm recursos clandestinos no exterior possam declará-los na Receita Federal, pagando 30% – sendo 15% de Imposto de Renda e 15% de multa – é do notório senador Renan Calheiros (PMDB-AL). E adivinhem, os leitores, quem foi designado relator da matéria no Senado Federal: ele mesmo, o também notório senador Romero Jucá (PMDB)! Ambos são parceiros, segundo denúncias que estão sendo apuradas no Supremo Tribunal Federal (STF), em várias operações de rapinagem do dinheiro público, descobertas na Lava Jato. É fantástico que o Fantástico esteja mais preocupado com Jalser Renier.MUDANÇASNa proposta inicial de Renan Calheiros para reabrir o prazo, no próximo ano, para a repatriação de recursos clandestinos depositados por brasileiros no exterior existem duas novidades em relação à primeira rodada. As alíquotas do Imposto de Renda e da multa incidente a ser aplicada pela Refeita Federal sobe de 15% para 17%. E tem uma preciosidade: os políticos e seus parentes que tenham grana clandestina no exterior também poderão ser beneficiados pelo programa. É o dinheiro público que saiu pelo ralo da corrupção entrando pela porta da Repatriação, uma “lavagem” que vai sair por meros 34%. É mole?LIVRESSeria bom que todos os brasileiros lessem com atenção as regras do Programa de Repatriação, que tem feito a alegria do Planalto, de governadores e prefeitos neste final de ano, devido ao reforço de caixa no apagar das luzes do ano fiscal. Quem declarar esses valores mantidos clandestinamente no exterior não poderá sofrer sanções penais, ou seja, ir para a cadeia pelo crime de sonegação fiscal cometido, é uma espécie da anistia geral e irrestrita. É possível ter esperança de que a Lava Jato vai mudar alguma coisa no país.FANTÁSTICOA Parabólica não saiu na edição de segunda-feira da Folha. Por isso, só agora fazemos um comentário sobre a matéria veiculada no programa Fantástico da Rede Globo, exibido no domingo, 13. Sem entrar no mérito da situação na Assembleia Legislativa do Estado, quem viu o programa com isenção saiu com a sensação de presenciar uma espécie de missa encomendada. Uma coisa muito parecida com aquela feita sobre a Câmara Municipal de Boa Vista que resultou em nada. Aqui as coisas parecem ganhar dimensão neste tipo de mídia, quando interessam a algum dos pólos de poder, que marcam o dinamismo da política local.ABAIXOExistem situações muito mais graves que eventualmente chamariam a atenção desses programas nacionais de grande audiência. É o caso do Rio de Janeiro, um Estado falido e caótico em decorrência de suas últimas administrações, entregues ao PMDB. Ninguém assistiu a qualquer investigação mais aprofundada, por exemplo, sobre as diabruras do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), que vive leve e solto naquele Estado. Poucos brasileiros sabem que Cabral foi a Paris, levado por um empreiteiro que está na cadeia, para comemorar o aniversário de sua mulher. Aliás, ela recebeu de presente uma pequena joia, um anel que custou R$ 800 mil, pagos evidentemente pelo empresário. É fantástico que não se faça uma matéria sobre isso para exibi-la no domingo. Só para lembrar o grande Caetano Veloso: “Para essa mídia, parece não haver crimes praticados acima da Linha do Equador!”