Bom dia,

Em entrevista concedida a um canal de televisão, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi de uma clareza exemplar. Em resposta a uma pergunta do apresentador sobre as escaramuças recorrentes, entre ele e os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (Democratas-RJ), e o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (Democratas-AP), ele assim as definiu: “É uma luta de poder”. Bolsonaro ainda arrematou dizendo que foi eleito para executar um orçamento em nome do interesse maior do povo brasileiro, mas que hoje é obrigado a mendigar ao Congresso Nacional que lhe conceda o direito de fazer as tarefas para as quais foi eleito. E ele foi também claro e direto, ao dizer que não vai abrir mão de convidar o povo para ir às ruas, se necessário, para demonstrar que tem apoio popular.

E, de fato, estamos vivenciando uma crise política mais aguda fruto desse tipo de política pelo controle da República, o que de sorte, é normal numa democracia. O que preocupa é quando o preço dessa disputa recai sobre a população. Exemplo foi a decisão do Congresso Nacional de alterar, para mais, o valor da renda familiar per capita para enquadrar os beneficiários do benefício de natureza continuada pago a pessoas idosas e com deficiência. A decisão dos deputados e senadores vai implicar no aumento de cerca de R$ 200 bilhões nas despesas do Instituto Nacional da Previdência Social (INSS) pelos próximos 10 anos, o que reduzirá em 10% os ganhos alcançados com a reforma da previdência social, aprovada pelo mesmo Congresso Nacional.

É claro, esta decisão do Congresso Nacional foi tomada, em parte, como reação a essa recorrente crise entre o presidente da República e os dirigentes do poder legislativo. E nesse sentido, votam unidos os parlamentares de esquerda – que fazem oposição sistemática ao governo atual – aos parlamentares de direita que desejam mandar recados de insatisfação ao Palácio do Planalto. E onde está o erro? Na verdade, Jair Bolsonaro não pagará um centavo dessa conta, nem pessoalmente e nem como presidente da República – ele, afinal, tem pouco mais de três anos de mandato – o que implica transferir esse ônus para outras administrações. O custo da arenga vai ser pago, na verdade, pelo conjunto da população.

PESSIMISMO

É claro, precisamos tomar precaução para evitar que a pandemia do Novo Coronavírus pegue o Brasil desprevenido. De qualquer forma, tentar assemelhar nossa situação com o que está acontecendo na Europa, especialmente na Itália, é forçar demasiadamente a barra. Todos os especialistas são unânimes em dizer que o Convid-19 é mais complicado e letal quando atinge a população idosa; e, definitivamente do ponto de vista da pirâmide etária a população italiana é composta majoritariamente por idosos. A nossa, por enquanto, tem maioria concentrada entre pessoas de 0 a 40 anos. Isso faz a diferença.

HABILIDADE

Para quem diz ter vindo de fora da política, o governador Antonio Denarium (sem partido) tem demonstrado boa capacidade de articulação e liderança para com os políticos. Constituiu boa base de apoio na Assembleia Legislativa, a ponto de forçar o presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), Jalser Renier (Solidariedade) a adotar uma posição de parceria incondicional com seu governo. No front federal, colocou sob sua liderança os três senadores e quase toda a bancada de deputados federais. Os que não o seguem têm mantido uma posição de absoluto silêncio. Não se houve crítica de parlamentares ao governo Denarium.

RÁPIDAS

E o dólar ultrapassou, finalmente, a barreira dos cinco reais. Tudo decorrente da crise política entre os poderes da República, das incertezas quanto ao futuro próximo da economia brasileira, e da pandemia do Covid-19 que ameaça chegar definitivamente ao país. ### Enquanto isso, o preço internacional do barril do petróleo, caiu para pouco mais de US$ 30. É o menor preço desta comoditties nos últimos anos, e ameaça algumas economias que dela dependem vitalmente, como a da Venezuela, do ditador Nicolás Maduro e da Rússia, que a protege. ### A Parabólica adiantou faz mais de uma semana: o deputado estadual Marcelo Cabral, do MDB, do ex-senador Romero Jucá vai ser o novo líder do governo na Assembleia Legislativa. ### Em entrevista para explicar o contingenciamento das despesas do governo federal e as medidas econômicas para combater a pandemia do Novo Coronavírus, o ministro da Economia, Paulo Guedes, citou Roraima, como um estado que merece atenção especial por conta da imigração venezuelana. Talvez tenha sido a primeira vez que ele tenha lembrado de que existimos. Ainda bem. Antes tarde do que nunca. ### Nesta mesma entrevista coletiva, o ministro comandante da economia de Bolsonaro insistiu em dizer que as medidas adequadas para conter a crise foram tomadas pelo governo, mas muitas dependem do Congresso Nacional. Disse que algumas estão ali tramitando faz mais de um ano. ### Aliás, se for feita uma síntese do que diz o presidente e seus principais auxiliares, o Brasil tem dois grandes adversários: a imprensa e os demais poderes da República.