Bom dia,
Não dá para fugir do tema. Ele domina praticamente toda a atenção da imprensa nacional, e por outro lado, é um desserviço à pátria não perceber que estamos diante de uma tragédia moral, política e econômica que avassala o Brasil e sua gente. Por isso, a Parabólica quer chamar a atenção dos leitores para a tentativa que nossa apodrecida classe política, com a colaboração de alguns membros do poder judiciário, vai tentar fazer para livrar os canalhas da punição. Eles são ardilosos, descarados, cínicos e confiam cegamente de que o povo brasileiro tem memória curta, e que no fundo acha que roubar dinheiro público é da essência da política e da administração pública.
Acompanhem os leitores, os principais movimentos já ensaiados por essa gente vil, para estancar a sangria provocada pela Lava Jato. Em seu depoimento (delação premiada) aos promotores que investigam a Lava Jato, Emílio Odebrecht deu a senha para a reação ao dizer que a corrupção, nos moldes dessa que está sendo revelada desde Curitiba, existe há pelo menos 30 anos. Acrescentou, com arrogância que a imprensa e o poder judiciário são demagógicos e hipócritas ao demonstrar surpresa pelas novas revelações, uma vez que sabiam há muito tempo que as coisas funcionavam dessa forma no Brasil.
Seu filho, Marcelo Odebrecht, que o sucedeu no comando do império, diz em alto e bom som, que não existe político eleito no Brasil que não tenha se utilizado de Caixa 2, e como o pai, alega que o pagamento de propina fazia parte do relacionamento entre empresas e o Governo. Narra, com a maior cara-de-pau, vários exemplos de conversas entre sua empresa e políticos/administradores públicos brasileiros que terminaram com o pagamento de propinas. E de propinas que chegaram a mais de três bilhões de dólares num período de seis anos. Em reais, isso significa quase vinte bilhões. Ou mais de quatro vezes o orçamento anual do Estado de Roraima, E estamos falando apenas de propinas pagas pela Odebrecht.
O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) colocou, na semana passada, mais uma pitada de tempero na possibilidade desse grande arranjo nacional, para livrar os canalhas da prisão, e abrir uma imensa avenida para que eles continuem comprando votos, se elegendo, se escondendo sob o manto protetor do privilégio de foro. Mendes disse muito convicto, e com ar professoral, que o que está errado no Brasil é o sistema político, não adianta punir um ou outro parlamentar, se o sistema não for mudado. Ele, não disse, é claro, o que entende por “sistema”, e a quem será dada a tarefa da mudança.
Gilmar Mendes disse ainda mais, que acha arriscado o eleitor depender de um atestado de honestidade dado por delatores para escolher em quem vai votar nas eleições do próximo ano. Ele não disse diretamente, mas de suas colocações fica evidente que o Ministro aconselha os eleitores a não darem importância definitiva nas próximas eleições ao que disseram os empresários delatores sobre alguns dos políticos citados na Lava Jato.
E para completar sua apreciação sobre a crise brasileira, o Presidente do TSE concitou os brasileiros para buscarem um grande acordo, nos moldes daquele que resultou no Plano Real, em 1994. Será que esse acordo envolve também esquecer da roubalheira dos últimos anos?
E para completar os ingredientes que estão na mesa para preparar o grande acordão, que pode salvar a pele dos canalhas, é preciso não esquecer os movimentos que estão sendo feitos a partir do Palácio do Planalto, um ambiente infestado por gente investigada por roubalheira e recebimento de propina. Diz o presidente da República, Michel Temer (PMDB), que ele não pode afastar oito de seus ministros e seu líder no Senado Federal, para não perder a governabilidade, também a articulação para fazer aprovar no Congresso Nacional as reformas, trabalhista e da previdência social. O que isto quer dizer: na verdade, Temer quer fazer o Brasil acreditar que essa gente investigada por malfeitos, pode não prestar, mas é fundamental para ajudar o Brasil sair do atoleiro a que foi metido. É mole?METERDiz o senador Romero Jucá – agora veio a se descobrir também que tem o apelido de “Aracati” no mundo da propina-, que está indignado porque estão metendo seu filho, Rodrigo Jucá, na sujeira revelada pela Lava Jato. Jucá não diz quem está fazendo isso com seu herdeiro. Será que não foi o próprio senador que chamou a atenção sobre o filho, quando afirmou que só podia tem um padrão elevado de vida porque recebia ajuda financeira dos filhos que eram empresários muito bem sucedidos em Roraima?ARQUIVAMENTOE o Vice-governador Paulo César Quartieiro tem menos um problema para enfrentar na Justiça Federal. Ele, líder da resistência contra a expulsão dos criadores e rizicultores quando da demarcação de Terra Indígena Raposa Serra do Sol, havia sido acusado de importar material inflamável (gasolina) para fabricar material explosivo contra a Polícia Federal. Pois bem, apesar da denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o Supremo Tribunal Federal acaba de mandar arquivar, por falta de consistência, a denúncia contra Quartieiro.