Bom dia,

Este mês de julho vai ser intenso em articulação nos bastidores da política local. Vários partidos já marcaram suas convenções para a escolha dos candidatos para as eleições de outubro, tanto a majoritária – para presidente, senadores e governadores –, bem como para a proporcional – deputados estaduais e deputados federais –, sendo que para presidente Roraima tem muito pouca, ou nenhuma influência. Se fosse possível colocar em bom volume de som, essas conversas e conchavos entre presidentes de partidos, candidatos e mesmo correligionários o barulho seria, com certeza ensurdecedor.

Do que se percebe até agora fica muito nítido que o ajuntamento dos partidos, nas chamadas coligações, não guarda nenhuma relação com o programa, a doutrina e a ideologia das respectivas siglas partidárias. Partidos que se dizem de esquerda e de centro-esquerda, juntam-se a partidos de direita e de centro-direita, sob o argumento de que nesses ajuntamentos deve prevalecer o pragmatismo, isso é, o resultado eleitoral. É bom que se diga que tal comportamento, se tem algo de estranho, não deve ser debitado aos políticos, afinal, quem desvaloriza a natureza do partido são os próprios eleitores, que não escolhem seus candidatos pela agremiação partidária a que pertencem.

O problema é que constitucionalmente quem for escolhido governador, ou governadora, terá que administrar em total sintonia com a Assembleia Legislativa do Estado (ALE), isto é, depois de eleito será compelido a formar uma maioria dentre os parlamentares estaduais eleitos. E como os escolhidos tendem a formar um conjunto heterogêneo, do ponto de vista doutrinário e ideológico, a tendência é que a chamada governabilidade seja construída a partir de uma coalizão fundada na troca de favores nada republicanos, o que tem sido a marca dos últimos governos, Brasil afora. De qualquer forma, faltam poucos dias para que seja revelado aos eleitores o mosaico das coligações. Com certeza, haverá ajuntamento para todos os gostos.

EQUIPE Fontes da Parabólica, bem situadas nas hostes governistas, anteciparam para nossos leitores e nossas leitoras a formação da equipe de coordenação da campanha de reeleição da governadora Suely Campos (Progressistas). É esta a escalação: coordenador-Geral (Marcelo Lopes); coordenador financeiro (Guilherme Campos); coordenadora de Boa Vista (Emília Campos Santos); Coordenador de Mucajaí, Iracema e Caracaraí (Gil); coordenadora de Rorainópolis (Daniele Campos Araújo); coordenador de São Luiz, Baliza e Caroebe (Eduardo Campos); coordenador do Cantá e Bonfim (Adolfo Brasil); coordenador de Normandia (Danque Esbell); coordenador do Amajari e Pacaraima (Alberto Santiago); coordenador do Uiramutã (Babazinho).

RIO BRANCO Confirmando uma velha tese, defendida nos anos 80 pelo ex-governador Getúlio Cruz, alguns empresários que pensam em investir no agronegócio em Roraima dizem que a viabilidade do cultivo de grãos no estado depende do aproveitamento do Rio Branco, tanto para a entrada de insumos e matérias-primas, quanto para o escoamento da produção. Esses empresários dizem que é preciso urgentemente estudar o ciclo das águas do nosso mais importante rio, para ver a viabilidade de ele ser navegável, com balsas especiais de pequeno calado, o que pode torná-lo estratégico enquanto modal de transporte, desde Caracaraí até Itacoatiara, no Amazonas. A ideia não é de todo descartável, afinal, a colheita de pelo menos um grão, a soja, ocorre por volta do final de outubro em Roraima, época em que o Rio Branco ainda acumula parte das águas da estação chuvosa.

COMO SEMPRE Os políticos apostam na desinformação da população local. Ontem, por exemplo, circulou pelas redes sociais uma notícia (flagrantemente uma Fake News) dando conta de que os advogados do ex-governador Neudo Campos teriam recorrido ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a prisão dele. A mesma “notícia” informava que a Suprema Corte decidiria o pedido até o dia 5 de agosto, o que permitiria que Neudo fosse indicado na convenção do Progressistas e ainda ter sua candidatura ao governo registrada a tempo, no Tribunal Regional Eleitoral de Roraima. Tudo conversa fiada, sem qualquer possibilidade fática. Algum político espalhou isso para confundir o eleitor e a eleitora desinformados.

BENEFICIADO 1 O ex-governador Neudo Campos pode, de fato, ser solto no começo de agosto, caso o Supremo Tribunal Federal decida rever o entendimento do cumprimento provisório de prisão para condenados em segunda instância. Isso é bem possível de acontecer, logo que o ministro Dias Toffoli assuma a presidência da Suprema Corte em substituição a atual presidente, ministra Cármen Lúcia, prevista para ocorrer no próximo mês. Todos apostam que Toffoli colocará em votação os recursos pendentes, que questionam a constitucionalidade dessa prisão após condenação em segunda instância. E se o fizer, é quase certo que haverá mudança na jurisprudência até agora vigente.

BENEFICIADO 2 A mudança no entendimento da Suprema Corte quanto à prisão de condenados em segunda instância, por certo libertará o ex-presidente Lula da Silva (PT) da prisão na Polícia Federal em Curitiba. E não só ele, mas todos os que, ainda com possibilidade de recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ), e no próprio Supremo Tribunal Federal, para que respondam em liberdade, enquanto esgotem todas as instâncias da Justiça. Nesse caso, também se inclui o ex-governador Neudo Campos, que não poderá ser candidato em virtude de ser casado com a governadora Suely Campos (Progressistas). Para que isso fosse possível, Suely deveria ter deixado o governo em abril passado.