Bom dia,

Em ritmo quase parando, o Brasil vai empurrando seus problemas para frente. Na falta de vontade política para definir que rumo vai ser tomado para enfrentar a pasmaceira que se abate sobre a economia brasileira – vamos para o quinto ano consecutivo de queda, ou de taxas crescimento ridículo do Produto Interno Bruto (PIB) – vamos seguindo de feriadão em feriadão. Na Câmara dos Deputados, nossos ilustres representantes, ávidos para seguirem aos seus estados para curtir o feriadão com suas famílias, empurraram a discussão da Reforma da Previdência para depois da Páscoa, para o gáudio da oposição, que cantou vitória afirmando que conseguiu vencer a base governista.

Aqui, desde ontem, quarta-feira (17.04) algumas repartições públicas nos três poderes já não trabalharam. Funcionários públicos – será que eles fazem muita falta? – já estão curtindo sítios e balneários – os mais modestos – porque os de maior escalão já pegaram o rumo de outros estados para ali gastaram a grana que falta para movimentar a economia local. Hoje, é ponto facultativo em todas as repartições federais, estaduais e municipais. Enquanto os privilegiados brincam e descansam, os trabalhadores de iniciativa privada continuam suando para pagar impostos e sustentar a paquidérmica máquina burocrática brasileira.

Algum dia, o Brasil e Roraima terão que marcar o encontro com a realidade concreta, que longe de festiva, tem uma montoeira de problemas para ser enfrentados. Quando? Ninguém sabe.

PARTICIPAÇÃO

Pois é, em projeção para a presente safra 2018/2019 – em Roraima o plantio ainda não começou por conta do retardamento da chegada das chuvas – a área plantada no estado representa míseros 2,52% do total cultivado na região Norte que é composta de sete estados (Roraima, Rondônia, Acre, Amazonas, Amapá, Pará e Tocantins). São 76,4 mil hectares contra 3.026,7 mil de toda a região. A menor área plantada é no Amazonas – que em contrapartida recebe anualmente mais de US$ 5 bilhões de subsídios para manter a Zona Franca de Manaus. O Pará é o campeão de área plantada no Norte. Conclusão: somos quase nada, por isso vamos feriar.

NA RABEIRA

Esta é mais uma para reflexão neste feriadão. O Brasil está na rabeira de um ranking de países da América Latina e Caribe. Estamos atrás de 15 países dessas duas regiões, entre os quais Nicarágua, Equador, Cuba, Colômbia e Venezuela – quem diria? – em um ranking sobre bebês que morrem antes do nascimento, logo depois, ou durante o parto. O índice de mortalidade infantil em Boa Vista é superior à média nacional. E ainda pagam mídias e redes sociais propagandeando Boa Vista como a capital da primeira infância.

TRABALHANDO

Embora não deixe transparecer qualquer sintoma de cansaço, a alguns interlocutores o governador Antônio Denárium (PSL) diz que tem trabalhado em media 16 horas por dia, e sem descanso de final de semana. “Quando um governador tem de se desdobrar para fazer o governo funcionar, pode ser sinal de que a equipe precisa ser ajustada. No fundo as tarefas principais de um governador é decidir as questões mais importantes e cobrar dos auxiliares o cumprimento das determinações”, disse a Parabólica um deputado estadual que visitou a redação da Folha.

OUTRA VEZ

De novo, uma operação policial de busca e apreensão foi realizada em Boa Vista, sem que a imprensa pudesse informar os principais detalhes dos eventuais crimes apurados, e que personagens os praticaram. Tudo em nome do tal segredo de justiça, que torna criminosa a divulgação de detalhes. E sem esses detalhes, a população fica refém de versões, muitas delas fantasiosas, o que só contribui para criar a sensação de que tudo termina em pizza. Desta última a única coisa que se sabe é que envolve a eventual concessão de empréstimos rurais pela Caixa Econômica Federal (CEF). Isso é muito ruim para um estado que almeja fortalecer o agronegócio.

FRUSTRADA

Fontes da Parabólica garantem que o governo do estado chegou a imaginar utilizar as instalações do Parque de Exposição para a realização de eventos artísticos com intuito de arrecadar recursos para financiar a Feira Agropecuária, quase sempre realizada no final de cada ano. Algumas reuniões foram feitas com a presença de alguns empresários convidados como eventuais patrocinadores dos eventos artísticos, dada a crise financeira que se abate sobre o Tesouro do estado. O valor desse patrocínio, algo em torno de R$ 500 mil, afugentou quase todo mundo. Ainda não se sabe se a questão voltará a ser discutida. Os tempos são de crise, inclusive, e principalmente na iniciativa privada.

LIBERADA

Como você deve estar lendo na edição de hoje da Folha, o conselheiro Célio Wanderley do Tribunal de Contas do Estado (TCE) deu cartão verde para que a Prefeitura de Boa Vista possa comprar por quase R$ 5 milhões os contêineres de uma desconhecida empresa de Pernambuco, sempre de lá, destinados a servirem de salas de aula para cerca de 1.500 alunos adicionais decorrentes, segundo assessores da prefeita Teresa Surita (MDB), da migração de venezuelanos para Boa Vista. Essa história traz a lembrança aquela lambança dos tais uniformes com chip – que ninguém sabe onde foram parar – que sugou quase R$ 10 milhões de reais dos boa-vistenses.