Bom dia!Michel Temer (PMDB), vice-presidente da República, seria o maior beneficiário de um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Ele faz de conta que não está interessado no afastamento da petista, mas há duas semanas concedeu uma entrevista e disse com todas as letras que o governo e a economia brasileira estavam sem rumo e era preciso aparecer alguém capaz de unir as forças vivas da sociedade tupiniquim para salvar o Brasil. Só faltou dizer que esse nome era ele mesmo, Temer.

Os petistas que ainda cercam Dilma sentiram o golpe sendo armado e reagiram pedindo uma reunião com a presidente e dela cobraram uma reação às palavras do vice-presidente. Foi lá, veio cá, Temer pediu para sair da coordenação política do governo, Dilma pediu para ele continuar e todos resolveram sentar para conversar. Concluíram que estão num mesmo barco, fazendo água por todos os lados, como uma ilha cercada de uma crise econômica gigantesca e de imenso novelo de corrupção, cujo fio principal, o propinoduto da Petrobrás, toda vez que é puxado mostra cada dia mais sujeira.

Dilma percebeu que não pode continuar presidente sem Temer e seu PMDB, e Temer começou a entender que não pode substituí-la quando seu partido está com suas principais lideranças enterradas até o pescoço nas tramoias da Petrobras. Fizeram as contas, analisaram os cenários e revelados os atores partiram para a ação: Dilma conversou em jantares e reuniões com os condestáveis da República dos demais poderes; comandou decisões favoráveis para todos; chamou seus companheiros dos movimentos sociais chapas-brancas para Brasília – que ameaçaram pegar em armas para defendê-la-, enquanto Temer e seus correligionários operavam ações mitigadoras para a crise.

Enfim, um grande acordo parece ter sido costurado para manter tudo como dantes nesse Quartel de Abrantes: Renan Calheiros, isso mesmo, aquele denunciado no “Petrolão”, vira o salvador da pátria ao anunciar 29 medidas capazes de tirar o Brasil da crise; feitos os devidos conchavos ele vai presidir o julgamento das “pedaladas fiscais” de Dilma, e portanto não faz sentido puni-lo.

E a opinião pública, como fica nisso? Calma, o briguento Eduardo Cunha, que é do PMDB, mas não é comensal de Renan Calheiros e o atrapalhado Collor de Mello vão ser denunciados por Rodrigo Janot, ainda esta semana. Ah! Sim. Janot vai ter uma tranquila aprovação no Senado Federal, em sessão presidida pelo salvador da pátria Renan Calheiros. Fica tudo como dantes, neste Quartel de Abrantes.IMPROBIDADE 1No limiar de 2012 para 2013, o então deputado estadual Flamarion Portela denunciou na imprensa, no Tribunal de Contas do Estado, no Tribunal de Justiça do Estado e no Ministério Público Estadual o resultado antecipado de um certame licitatório para asfaltar ruas e avenidas de Boa Vista, que em valores da época passava de R$ 40 milhões. Os dados, ele os havia obtido junto a servidores da própria Secretaria Estadual de Infraestrutura.IMPROBIDADE 2Abertos os envelopes, os resultados mostraram rigorosamente que o processo licitatório estava viciado, em outras palavras, que tudo havia sido combinado previamente. Apesar da comprovação nada foi feito para impedir que aquela maracutaia prosperasse e aquela montanha de grana foi aplicada com vício de origem que pode ter levado a mais uma prática de superfaturamento.IMPROBIDADE 3Agora parece que no Ministério Público Estadual os tempos são outros. Pelo menos é o que se depreende de duas recentes iniciativas daquele órgão, na sua primeira instância. A primeira diz respeito à divulgação, atrasada, dando conta do ingresso de uma Ação de Improbidade contra o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado, Manoel Dantas, e de outros nove servidores daquele órgão. O motivo da Ação, que pede inclusive a perda das atuais funções públicas ocupadas atualmente pelos acusados, é a contratação por R$ 30 mil, de uma empresa para confeccionar uma maquete da futura sede do TCE. A Promotoria alega vício de licitação.IMPROBIDADE 4Durante o governo de Anchieta Júnior (PSDB), era notória a prática de ilícitos no Iteraima. Vendas irregulares de terras públicas eram promovidas aos borbotões, o que levou ao afastamento do ex-deputado federal Márcio Junqueira da presidência daquela autarquia estadual. O imbróglio chegou à Polícia Federal e até buscas e apreensões foram realizadas na sede do Iteraima e depois tudo só silêncio sepulcral. Ninguém foi punido e muito menos alguém sabe quantos milhões de hectares foram surrupiados desavergonhadamente do patrimônio fundiário do estado.IMPROBIDADE 5 Outra demonstração de novos tempos no MPRR é que o órgão ministerial, também em primeira instância, entrou com uma Ação de Improbidade Administrativa contra o ex-presidente do Iteraima Haroldo Eurico Amoras dos Santos. O que motivou a ação foi uma decisão do então presidente do Iteraima, que declarou de utilidade pública para fins de assentamento social uma pequena área particular no bairro Cidade Satélite. O que estranha, no caso, é razão que levou o pretenso proprietário a não ter ele mesmo ingressado na justiça contra o ato do ex-dirigente.ROCK X CORRUPÇÃOMuita gente foi ao Centro Cívico no domingo à tarde prestigiar o Rock contra Corrupção. Faixas, cartazes e muito Rock’n Roll foram as formas dos manifestantes deixarem seu recado. Fica a dica: Unam forças, externem sua indignação entre terça e quinta-feira. A partir da sexta-feira todo mundo debanda, não fica uma viva alma nos gabinetes do Executivo, do Legislativo e nem do Judiciário. Eles vão curtir seus altos salários em seus paraísos particulares.