Parabolica 19 02 2015 637

Bom dia! “O problema dos partidos (políticos) é que se tornam reaccionários porque têm de funcionar com o aparelho, como qualquer igreja” – António Lobo Antunes A Diocese de Roraima mandou demolir o Hospital Nossa Senhora de Fátima, no Centro Histórico de Boa Vista. Aproveitando o barulho do Carnaval que abafou o ruído das máquinas, fizeram de picadinho uma boa porção da nossa história que, neste caso, está umbilicalmente ligada à trajetória da Igreja Católica Apostólica Romana entre nós. Sim, o Hospital Nossa Senhora de Fátima era um dos poucos símbolos que ainda restavam da época em que a Igreja cuidava do espírito, mas não fechava os olhos para as dores terrenas de seus discípulos. Aquele prédio de bela arquitetura onde nasceram milhares de homens e mulheres rio-branquenses e roraimenses, onde outros milhares o tiverem como abrigo para curar suas doenças e, ainda, milhares perderam a vida quando a medicina ainda incipiente não foi capaz de salvá-los foi impiedosamente colocado ao chão, sem qualquer respeito ao seu valor simbólico. Falar do Hospital Nossa Senhora de Fátima é lembrar da jornada humana dos doutores Silvio Botelho, Francisco Elesbão, Reinaldo Silva, Reinaldo Neves, Mozarildo Cavalcanti, Augusto Botelho (estes dois ainda vivos e que lá iniciaram suas carreiras médicas) e tantas outras figuras que moram na lembrança e nos corações de muitos dos habitantes desta terra tão vilipendiada. E como esquecer que, naquele bonito prédio de outrora, figuras humanas da maior grandeza, como Cosmo Silva e madre Aquilina, dedicaram suas vidas a cuidar de doentes, quase todos muito pobres. Agora, o Hospital Nossa Senhora de Fátima está transformado numa montanha de entulhos. Mas esta atitude da Diocese de Roraima fortalece a convicção de muitos quanto a duas coisas hoje especialmente claras: muita gente vem para Roraima com poder de decisão sobre nosso passado e nosso futuro sem sequer procurar conhecê-lo. De outro lado, somos incompetentes para reagir, no plano pessoal e institucional, para enfrentá-los. Falta-nos coragem cívica para exigir respeito. NEPOTISMO 1 As poderosas antenas da Parabólica captaram sinais sobre o relatório elaborado pelo conselheiro Marcus Holanda, do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sobre a questão do nepotismo no governo estadual, denunciado pelo Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR). Segundo esses sinais indicam, o conselheiro conclui sua avaliação no sentido de considerar aquela prática muito mais uma questão de ordem moral que ilegal. O relatório ainda vai ser submetido ao Pleno do TCE. NEPOTISMO 2 Ainda que considere a questão da nomeação de parentes no primeiro escalão do governo como um problema mais moral que ilegal, o conselheiro Marcus Holanda não tem a mesma avaliação para ocupantes de cargos nos escalões mais baixos. Neste caso, segundo o relatório, a governadora Suely Campos (PP) deverá obedecer rigorosamente a Súmula 13 do Supremo Tribunal Federal (STF). EXPECTATIVA O deputado estadual Jalser Renier (PSDC) retornou ontem a Boa Vista, depois de uma breve viagem de férias. Ele preside logo mais, na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), o início do ano legislativo de 2015. O estilo do presidente da ALE deve influenciar a relação entre Legislativo e Executivo daqui para frente. A primeira expectativa gira em torno das sabatinas e votações dos nomeados para a administração indireta e empresas estatais. O simples encaminhamento da relação com os nomes desses nomeados já produziu um pouco de barulho. ENTREGA O imbróglio criado quando o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) deixou de fazer a entrega, no domicílio do proprietário, dos documentos dos veículos continua infernizando a vida dos usuários. Se não quiser enfrentar uma fila imensa naquela autarquia de trânsito, o usuário tem duas alternativas: ou paga R$ 60,00 para um despachante, que pega os documentos sem qualquer autorização do proprietário, ou vai ter que enfrentar também uma longa fila nos cartórios para fazer o reconhecimento da assinatura. ACONTECEU O que a coluna previu no ano passado, quando iniciaram as obras de revitalização das principais praças públicas de Boa Vista, acabou ocorrendo: a Prefeitura anunciou a prorrogação de prazo para conclusão dos trabalhos, que se arrastam a passos de cágados. Só falta a segunda parte para se completar a adivinhação: as empresas pedirem aditivo dos valores dos contratos. COOPERAÇÃO Apesar da recente troca de farpas entre suas titulares, parece que não há grandes divergências entre as administrações estadual e municipal. Os órgãos de segurança e de trânsito do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal de Boa Vista funcionam em total regime de colaboração durante o Carnaval deste ano, na Avenida Ene Garcez. CONVITE Ainda sobre o mesmo assunto, a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (PMDB), convidou a governadora de Roraima, Suely Campos (PP), para participar do Carnaval promovido pela Prefeitura no complexo Ayrton Senna, que este ano ocupou o espaço da Praça Velia Coutinho até o estacionamento da praça de alimentação do Portal do Milênio. JORNADA Depois da “visita” de ladrões durante a madrugada, a atual direção do Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima) ainda tenta pôr ordem na casa.  Foi preciso publicar uma portaria para disciplinar a jornada de trabalho e controle de frequência dos servidores. Quem sabe o órgão agora retome suas atividades para concluir a documentação pendente de áreas urbanas cujos processos estão paralisados desde a campanha eleitoral passada.