Bom dia,
A segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ainda sem a presença da ministra Carmen Lúcia, absolveu por unanimidade, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) da acusação de ter recebido dinheiro de uma empreiteira para dar pensão alimentícia a uma filha tida fora do casamento. Isso faz muito tempo, parte dos crimes a ele atribuídos foram prescritos – uma prática recorrente, que beneficia gente poderosa com foro privilegiado que responde a processo no STF –, e outra parte, segundo os ministros, não conseguiu ser provada pela Polícia Federal apesar da longa investigação. Tudo isso está virando rotina quando se trata de processos envolvendo essa gente poderosa.
Até agora, essa segunda turma do STF livrou da cadeia todos, rigorosamente todos, os políticos com mandato que respondiam a acusação de terem roubado dinheiro público. Não é de estranhar que isso venha acontecendo, afinal, pelo perfil dos ministros que integram essa turma é visível que eles têm raízes profundas que os ligam aos tipos de políticos que vêm roubando sistematicamente dinheiro público. Ainda ecoam as promessas desses políticos de “estancar sangria” provocada pela Operação Lava Jato.
De qualquer forma, esses ministros parecem ouvir as vozes que estão vindo das ruas. Os últimos dados divulgados pelas pesquisas de intenção de votos para a eleição presidencial demonstram que o mais ilustre dos presos por corrupção em decorrência de corrupção denunciada pela Lava Jato, o ex-presidente Lula da Silva (PT), depois de impedido de ser candidato, escolheu um poste (Fernando Haddad) para lhe representar nas eleições, que já desponta como eventual adversário de Jair Bolsonaro (PSL) num segundo turno.
Ora, se Fernando Haddad vencer Bolsonaro, no segundo turno da eleição presidencial, estará claro que a população brasileira não está, por sua maioria, preocupada com essa história da roubalheira escandalosa revelada nos últimos anos. No caso de Lula, parece prevalecer a história de que ele rouba, mas tem amor aos pobres. Isso também remete à ética praticada pela esquerda mundo afora, pode roubar desde que pratique políticas contra o perverso sistema capitalista.
E o exemplo de que o eleitor brasileiro não está minimamente preocupado em eleger gente envolvida com malfeitos na utilização de dinheiro público são as tendências demonstradas até aqui para a eleição de candidatos ao governo e ao Senado Federal, na Região Norte. Todos os cenários nesses estados mostram números que indicam essa tendência de pouca preocupação da população nortista com a questão ética e moral.
COMPLÔ Só faltava essa. Diante de dois constrangidos diretores da Eletrobras-Roraima, o notório senador Romero Jucá (MDB) acusou o governo venezuelano de Nicolás Maduro, de praticar um complô internacional, em conluio com seus adversários, para aumentar os cortes da energia fornecida a Roraima, desde o começo do período eleitoral com o único intuito de prejudicá-lo. Jucá fez essa presepada, depois que na madrugada de ontem, os voos que chegam a Boa Vista terem sido suspensos por falta de energia no Aeroporto Internacional Atlas Brasil Cantanhede.
ÓBVIO No meio da presepada, o notório Romero Jucá afirmou que estava ali para pedir a abertura de rigoroso processo investigatório para apurar porque a frequência de corte da energia aos roraimenses aumentou depois do início do processo eleitoral. Ele disse que pediria que tal processo de investigação fosse feito pela Eletrobras, Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e Ministério das Minas e Energia. E foi mais longe ao sugerir que a Eletrobras deixasse de receber totalmente a energia vinda da Venezuela, e passasse a utilizar a energia produzida pelas termoelétricas já instaladas no estado, entre as quais, a das usinas de propriedade da Oliveira. Se Sherlock Holmes ouvisse uma proposta dessas, com certeza diria: “Elementar, meu caro Watson”.
ABUSO? A presepada protagonizada pelo notório senador Romero Jucá de acusar o governo de Nicolás Maduro de complô internacional para lhe prejudicar foi um ato eleitoral. Não adianta qualquer dissimulação. O uso de instalações públicas para fazer ato eleitoral, com a presença de servidores públicos a lhe dar sustentação é, na opinião de advogados consultados pela Parabólica, típico abuso de poder político no processo eleitoral, capaz de influenciar determinantemente o resultado final do pleito. Isso é de fácil constatação, quando se sabe que a mais recente pesquisa de intenção de votos, no atual processo eleitoral de Roraima, dá empate técnico entre os principais candidatos ao Senado Federal.
IRREGULAR Depois da presepada eleitoral protagonizada na sede da Eletrobras em Roraima, a abordagem do notório Romero Jucá sobre os constantes cortes de energia elétrica que têm infernizado a vida dos roraimenses foi exaustivamente coberta por uma rádio local, dominada por parentes do político. Com direito a áudio e tudo, e locutores ancorando a presepada, os eleitores foram informados que Jucá está profundamente preocupado com o fornecimento do precioso insumo, e com seu poder vai tomar as providências cabíveis para que isso seja normalizado doravante. Isso não é propaganda eleitoral irregular? Em terra de gente minimamente séria a resposta seria positiva.
LIVRE Condenado a mais de 12 anos de prisão por corrupção, o ex-presidente Lula da Silva não ficará dois anos na cadeia. Se não for liberado no começo de 2019, quando o presidente do STF, Dias Toffoli, colocar em votação o questionamento sobre a prisão de condenados em segunda instância; Lula deverá ser indultado por um eventual presidente Fernando Haddad. Quem viver, verá!