Bom dia,
Não custa dar voz ao leitor. Um deles ligou para nosso redator e fez a seguinte narrativa: “Eu li a Folha no dia anterior à visita de Damares Alves a Roraima. Parlamentares ligados ao governo estadual reclamaram da agenda da ministra, que ao ver deles, não havia sido reservado espaço para que o governo estadual pudesse falar dos problemas que vem enfrentando por conta da migração venezuelana. Li depois que eles ficaram muito satisfeitos com as falas da ministra em solo roraimense. Sinceramente, não consigo encontrar os motivos da satisfação deles com o que não foi anunciado na visita ministerial”. Está feito o registro.
COMO ENTENDER?
Menos de 24 horas depois que a ministra dos Direitos Humanos, da Mulher e da Família, Damares Alves, em discurso, ter esquecido as principais áreas de competência de seu ministério para se apresentar como a paladina de combate à corrupção, o líder de seu governo, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), teve sua residência e gabinetes visitados pela Polícia Federal em Brasília e em Pernambuco. Bezerra está sendo acusado, juntamente com seu filho, que é deputado federal, de recebimento de propina na época em que era ministro da Integração no governo de Dilma Rousseff (PT). Dá para entender?
POLÊMICA
Aliás, a entrada do pernambucano Fernando Bezerra no MDB foi bancada pessoalmente pelo pernambucano e notório ex-senador Romero Jucá. Na época, o então deputado federal – hoje senador da República –, Jarbas Vasconcelos, um dos fundadores de partido e homem de confiança de Ulisses Guimarães, reagiu duramente à decisão de Jucá de levar Bezerra para o MDB. Em pronunciamento na Câmara Federal, Vasconcelos só não chamou Jucá de santo. Ainda hoje o MDB pernambucano está à procura de reconciliação. Sobre a posição de Bezerra como líder do governo Bolsonaro no Senado, não é de surpreender, afinal, aquele que ele disse que não teria como chegar próximo a seu gabinete é hoje um lobista com trânsito livre no governo.
EXONERAÇÃO
O Diário Oficial do Estado (DOE), que circulou ontem, quinta-feira (19.09), publicou decreto assinado pelo governador Antonio Denarium (PSL) que exonera do cargo de secretário-adjunto da Casa Civil, João de Carvalho, que é funcionário de carreira da Assembleia Legislativa do Estado (ALE). Não se sabe as razões da exoneração de Carvalho, um conceituado e respeitado servidor concursado da ALE. Fontes da Parabólica aventam a hipótese de seu aproveitamento em alguma função de relevância na Secretaria Estadual de Administração.
REFLEXO
Essa foi mandada por um leitor da Parabólica: “Eu sempre comprei lona para usar no meu sítio. Ontem, quarta-feira (17.09), tive enorme dificuldade de encontrá-la e quando a encontrei, só tinha na cor verde. Perguntei ao vendedor a razão disso e ele me informou que é reflexo da atividade garimpeira no estado. Disse que a falta do produto no mercado é por conta da enorme demanda. Quanto a questão da cor, os garimpeiros não querem a azul – a mais comum de todas – porque ela chama muito a atenção por conta do contraste com o verde da floresta. A cor verde camufla a localização dos garimpeiros”. Haja esperteza!
NAS ALTURAS
Aliás, sobre Roraima, pequenos produtores, especialmente os pequenos avicultores e suinocultores, não conseguem entender certas peculiaridades do mercado local. Veja-se, por exemplo, o preço do cuim, um subproduto do arroz, utilizado como componente na feitura de ração. O preço da saca de 30 kg do produto está custando, no mínimo, R$ 23, o que significa R$ 0,77 por quilo. E quase o mesmo preço que o milho – o principal produto na composição da ração – que custa R$ 45 a saca de 50 kg, ou R$ 0,90/kg. Ainda mais absurdo é o preço da farinha de carne e osso, outro subproduto, que custa R$ 50/por saca de 50 kg. Ou, R$ 1/kg.
MIGRAÇÃO
Ontem, aqui da Parabólica falamos sobre a notada ausência da prefeita Teresa Surita (MDB) nas solenidades com a presença da ministra dos Direitos Humanos, da Mulher e dos índios, Damaris Alves. Fontes da Parabólica conseguiram explicar a ausência da prefeita de Boa Vista no acompanhamento da visita ministerial: Teresa estava em Manaus em visita ao alcaide manauara, Arthur Virgílio (PSDB), conversando sobre o impacto de migração venezuelana nas duas capitais (Boa Vista e Manaus).
MAIS APOIO
Teresa Surita e Arthur Virgílio pediram maior efetividade do governo federal para cuidar da questão migratória. A informação é que durante a reunião os prefeitos destacaram a importância da Operação Acolhida, porém, defenderam que a coordenação do Exército “não é uma ação de controle imediato em relação à realidade vivida no dia a dia com os imigrantes”. É visível a preocupação da maioria dos políticos em não melindrar o comando da Operação Acolhida, pelo menos de público.
DIFRENTE
O diferente fica por conta do senador Telmário Mota (PROS). Ele utilizou suas redes sociais para desancar contra o coordenador da Operação Acolhida. Sem citar o nome do militar, Telmário o responsabilizou diretamente pelo caos instalado em Roraima em consequência da ineficácia frente ao combate das consequências da migração venezuelana para o estado. O senador foi sempre um crítico da forma como o governo federal tem enfrentado o problema, mas agora radicalizou.
VISITA
A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damaris Alves, continuou, ontem, quinta-feira (19.9) sua visita a Roraima, desta vez no município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. Na ocasião, a ministra solicitou atenção e ajuda dos “cidadãos de bem, igrejas e todos que têm fé” para prestar atendimento humanitário aos migrantes venezuelanos, em especial às crianças. E o governo federal, ministra, o que se pode esperar dele?