Parabólica

Parabolica 20 11 2014 301

Bom dia, “A corrupção não é uma invenção brasileira, mas a impunidade é uma coisa muito nossa” – Jô Soares IN MEMORIAM 1 No pronunciamento que fez no Senado Federal na terça-feira, o senador Romero Jucá (PMDB) disse que Mozart Cavalcanti havia saído preso de Roraima acusado de corrupção. Jucá teve a intenção de ofender o também senador Mozarildo Cavalcanti, filho de Mozart, que faleceu há mais de 30 anos. IN MEMORIAM 2 Na verdade, Mozart Cavalcanti, ex-prefeito de Boa Vista, foi uma das milhares de vítimas do regime militar que se instalou no Brasil no dia 1º de abril de 1964. Tanto que, poucos anos depois, teve sua inocência reconhecida pela Justiça. HUMILDADE 1 Mozart, como dissemos acima, ex-prefeito da Capital, saiu de Roraima magoado e humilhado, por isso nunca mais retornou ao Estado até a morte. Viveu até o fim da vida humildemente em um apartamento térreo de um edifício de classe média média, quase na periferia de Belém. HUMILDADE 2 Para sustentar a família, Mozart trabalhou por muitos anos como gerente de uma pedreira que ficava na Capital paraense. E assim criou e formou seus quatro filhos. Em tempo: o apartamento em que o ex-prefeito morou por mais de duas décadas foi adquirido junto ao antigo BNH, com prestações pagas por seu filho mais velho, Mozarildo Cavalcanti. INFERNO O destempero do senador Romero Jucá (PMDB) no plenário do Senado é consequência do “inferno astral” que ele vem vivendo desde quando começou a ser derrotado na campanha eleitoral no Estado e terminou naufragando quando pulou do barco governista e apoiou Aécio Neves (PSDB-MG) para presidente. Nesse meio tempo, ainda foi citado em depoimento à Polícia Federal como um dos beneficiados pelo escabroso caso do propinoduto da Petrobras, que tem levado altos figurões para trás do xilindró. METAMORFOSE Em Brasília, Jucá foi assunto na coluna Painel, da Folha de São Paulo, na nota “Metamorfose ambulante”. A coluna lembrou que o senador foi líder dos governos FHC, Lula e Dilma, mas declarou voto a Aécio. “Passadas as eleições, o peemedebista se empenhou em ajudar o Planalto a tentar aprovar o projeto de lei que permite o descumprimento da meta de superavit fiscal. Pela mudança repentina, virou alvo de piadas de colegas da bancada. Em jantar durante a semana na casa de Henrique Eduardo Alves, foi recebido com uma gozação: ‘Voltou a vestir as roupas de líder do governo?’, brincou um peemedebista’”, comentou a nota. LUDIBRIADOS Desde 2008 os servidores do ex-Território Federal de Roraima vêm sendo ludibriados com a promessa de que irão ser enquadrados na União e que iriam conseguir seus empregos de volta sem concurso público. Desde lá, muita gente foi orientada a entregar documentos que comprovariam que trabalharam na época em que Roraima saiu da condição de Território e foi transformado em Estado, no ano de 1998. LADAÍNHA A cada pleito eleitoral, um grupo de político renova a mesma promessa e divulga a ladainha de que é preciso entregar cópias dos documentos. Até mesmo uma das salas da Secretaria Estadual de Administração foi reservada para receber tais documentos. O local chegou a ficar abarrotado de cópias referentes aos anos 2008, 2009 e 2010. E mais gente continua entregando os documentos sem saber que estão apenas se iludindo, pois muitos sequer terão este direito garantido. ARQUIVOS E surgiu novo alarde falso de que uma comissão de Brasília chegaria a Roraima para recolher os documentos a fim de analisá-los. O atual governo está findando e resta saber para onde vai o imenso arquivo de cópias de documentos destas pessoas – se é que esses arquivos ainda existem. Quem acha que tem direito ao reenquadramento e entregou tudo, sem ao menos guarda cópias, poderá não ter mais sequer como pleitear o retorno para a União, como vêm prometendo os políticos. MANSÃO Depois de colocar à venda uma pequena mansão no bairro Caçari, zona Leste, para pagar contas da campanha eleitoral da qual ele saiu derrotado, um político também está tentando vender sua suntuosa mansão na zona rural de Boa Vista, porém não está conseguindo encontrar interessados porque o imóvel está hipotecado pelo valor de R$2 milhões, resultado de empréstimo feito com um agiota destinado a bancar a campanha eleitoral.   PIRÂMIDE Enquanto surgem polêmicas e denúncias na Prefeitura de Boa Vista, uma autoridade da alta cúpula não está nem aí se os servidores estão revoltados com o Plano de Cargo Carreira e Remuneração, se o fardamento escolar e material didático da rede municipal deram problema. O negócio dele é vender energético e barra de cereal pregando que as pessoas que fizerem parte da pirâmide de venda irão ficar ricas do dia para a noite e que vão ter dinheiro para tirar férias no Havaí. É mole? CENA 1 No horário de meio-dia de segunda-feira, uma caminhonete do Grupo Acta (NAL-2786), do qual faz parte a empresa citada nas irregularidades na saúde estadual, ficou estacionado em fila dupla na movimentada avenida Dom Aparecido, a principal do bairro Cidade Satélite, atrapalhando o trânsito e bloqueando a passagem de carros maiores. Ainda que estivesse dado pane, os três homens que estavam dentro não fizeram nenhuma questão de remover o veículo para desbloquear a pista. CENA 2 O carro estava exatamente em frente a uma lotérica e um restaurante, onde há um tráfego intenso no horário de meio-dia. Um caminhão que transportava cargas de refrigerante teve que retornar porque não conseguiu passar. Flagrado por um dos redatores da Coluna, um dos ocupantes desceu do carro para questionar porque estava sendo fotografado. E disse que o registro da imagem seria “uma besteira”. CENA 3 Esse é só um pequeno exemplo do poder que certos indivíduos acham que têm por estarem com um veículo com a identificação de uma empresa que mostrou ter poder até para eleger um de seus sócios como deputado. O trânsito boa-vistense é cheio de cenas desse abuso que acaba complicando ainda mais o conturbado tráfego em vias movimentadas.