Bom dia! “Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo” – Michel Foucault Quando o brasileiro pensa que já viu de tudo na política, eis que surge um “jabuti” pendurado no Congresso! Na votação da Medida Provisória 668, que trata de alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), conseguiu incluir a construção de um shopping anexo à Câmara dos Deputados. Isto mesmo: um shopping incluído na mesma MP que foi aprovada e que prevê mais aperto nos gastos públicos. O que parece a piada do ano, depois que as mulheres de deputados queriam ter direito à passagem aérea de graça para visitar seus maridos em Brasília, tornou-se um deboche com a cara do povo, que acompanha os grandes escândalos, encabeçada pelo Petrolão, e sofre as duras consequências da crise econômica e do ajuste fiscal do governo. Isto comprova o que todos já sabem, mas que ninguém quer admitir: muitos políticos estão em Brasília a passeio ou para negócios e negociatas. Então, neste sentido, nada mais “justo” do que construir, como anexo do Congresso, um shopping, que irá custar R$ 1 bilhão, para que os nobres parlamentares se desestressem, passeiem e façam compras sem sair do ar-condicionado. A propósito! Passagens áreas para suas esposas e a construção do shopping faziam parte da lista de promessas de campanha de Cunha quando disputava votos para a presidência da Casa. Trata-se de uma prova cabal de que os políticos não estão nem aí para o sofrimento do povo e para as grandes demandas da sociedade. Não é à toa que, nas redes sociais, pipocam cada vez mais campanhas para a dissolução do Congresso, inclusive pelas mãos dos militares. Embora seja um posicionamento inconcebível, depois de tanta luta e sofrimento para a sociedade brasileira alcançar a democracia, fica difícil combater com argumentos que mais pessoas comecem a pensar desta forma. É necessário que as instituições sérias deste país reajam dentro da lei e do que a democracia permite, pois parece que os barulhos das mobilizações populares não estão sendo ouvidos na “caixinha de ressonância”. O momento exige mais pressão, mais arrocho popular, mais mobilização, senão, eles vão fingir que nada disso é com eles. BRIGA Parece que estamos nos últimos dias de Pompeia. Há um imbróglio envolvendo o mandado do deputado Jalser Renier (PSDC), presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Roraima. Os deputados estaduais reprovaram nomes indicados pela governadora Suely Campos (PP) para a direção de autarquias e agora o ex-governador Neudo Campos, coordenador político do governo, chamou definitivamente para briga o procurador-geral de Contas, Paulo Sérgio Oliveira de Sousa.   PASSEIOS Neudo Campos disse que o procurador Paulo Sérgio vive viajando para o exterior com verbas do erário. Ele se referiu possivelmente às duas viagens internacionais para os Estados Unidos, nos últimos seis meses, isso sem contar com as viagens para as dez capitais dos estados brasileiros, conforme já divulgou a Parabólica, no início do mês. CHANTAGEM O coordenador político do Governo do Estado foi mais longe. Disse que Paulo Sérgio mandou vários recados dizendo que queria se aproximar do governo, o que não aconteceu porque, segundo Neudo Campos, o procurador-geral de Contas desejava vender carne para a merenda escolar. O ex-governador finalizou dizendo que o pedido de afastamento da secretária estadual de Educação, Selma Mulinari, e do Diretor do Departamento de Convênios daquela pasta, Carlos Alberto Araújo, era ridícula e que não tinha fundamento. POMPEIA As acusações feitas publicamente por Neudo Campos contra Paulo Sério são denúncias que adquirem o status de interesse público. Ora, se o ex-governador tem provas do que diz, os órgãos de fiscalização, entre os quais o Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), têm o dever de apurar essas denúncias. Ou será que realmente estamos nos últimos dias de Pompeia. GARIMPO 1 O ouro que era extraído de Roraima ilegalmente, mais precisamente da Terra Indígena Yanomami, ia parar no centro financeiro do país, em São Paulo: DTVM (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários), uma das sete instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central para operar no mercado da venda do ouro em barras. Localizada na Avenida Paulista, a empresa tinha clientes inclusive no exterior. Esta empresa é acusada pela Polícia Federal de montar um esquema de extração e contrabando. GARIMPO 2 Conforme a PF, a organização criminosa levou a riqueza para São Paulo, restando a Roraima a devastação de rios e florestas, provocando doenças e mortes de índios Yanomami. Pelo menos é o que dizem os autos da Operação Warari Koxi, que desarticulou o esquema no dia 8 de maio, o qual arrebanhava 600 garimpeiros, 30 empresas que tinham permissão de lavra de garimpo em outros estados, 26 vendedores de ouro em Boa Vista e cinco servidores públicos, entre eles, pessoas que trabalhavam na Fundação Nacional do Índio (Funai). POLÍTICOS O que chama a atenção neste episódio é que o servidor da Funai, que chegou a ser preso pela PF e foi solto por meio de fiança, afirmou que estaria sendo vítima de um complô formado por uma grande mineradora e por políticos de Roraima. Segundo ele, em 2014 ele realizou uma operação de combate ao garimpo ilegal, na terra Yanomami, quando provocou um prejuízo de R$ 10 milhões à mineradora ao destruir uma draga que custava R$ 1 milhão. Essa declaração foi dada ao Amazônia Real e pode abrir uma nova linha de investigação neste rumoroso caso.