Bom dia,

Essa história do Instituto de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) emitir o Licenciamento Ambiental para a construção do Linhão de Tucuruí cheira a mais um golpe eleitoreiro de última hora. Na versão oficial, esse licenciamento fatiado permitiria o início imediato das obras que permitiriam acabar com o isolamento de Roraima dos demais estados brasileiros em matéria de energia elétrica, trazendo-a de Manaus até Boa Vista. É inacreditável que o Governo Federal saia com essa fórmula de apressadinho, quando está a pouco mais de quatro meses de entregar a chave do Palácio do Planalto.

Como se sabe, a concessão para a construção do Linhão de Tucuruí, bem como de sua exploração econômica ocorreu, através de leilão público, no longínquo ano de 2011 –quase oito anos atrás – e sua conclusão estava prevista para 2013. O consórcio vencedor, formado por uma empresa privada (Alupar) e a Eletronorte, chegou a ser desfeito faz mais de dois anos, em razão do grupo privado ter desistido da empreitada. Na ocasião, foi exigida uma indenização superior a um bilhão de reais a título de ressarcimento pelas despesas já efetuadas no âmbito do consórcio, especialmente pela compra de materiais, cabos e torres.

Como o Governo Federal nunca respondeu à proposta de desfazimento do consórcio e muito menos sobre a indenização o consórcio continuou juridicamente existindo, e na perspectiva do início das obras as duas empresas já sonham com um reajuste de preços que vai elevar o custo da obra para mais de dois bilhões de reais. Isso, evidentemente, não exime de mais tarde a empresa privada acionar a União Federal com pedido de indenização bilionária por lucros cessantes. Essa, seguramente, é uma das razões que leva a manutenção do referido consórcio, após tantas idas e vindas.

De qualquer forma, o que torna pouco acreditável essa proposta – como dissemos acima, com todos os contornos de eleitoreira-, é o fato de que admitindo sua concretização-, de que adiantará construir o linhão até a entrada da Terra Indígena Wamiri-Atroari, e depois reiniciá-la depois daquela terra indígena? Em síntese, será mais um investimento que ficará sem qualquer utilidade enquanto o pedaço do Linhão de Tucuruí que atravessa a reserva não for concluído. Parece coisa para enganar o besta do eleitor, um verdadeiro estelionato eleitoral às portas das eleições de 7 de outubro próximo.

E a quem o Governo Federal pretende beneficiar com esse anúncio de atropelo, na construção de uma obra que representa o sonho de boa parte da população roraimense? Basta que, o leitor e a leitora da Parabólica, preste atenção no roteiro desse anúncio: Na segunda-feira (20.08), após as escaramuças acontecidas em Pacaraima, o presidente da República, Michel Temer (MDB) reuniu ministros no Palácio do Planalto para tratar da questão migratória de venezuelanos para Roraima. A questão do início imediato das obras do Linhão de Tucuruí foi tratada naquele encontro, que teve inclusive a presença do ministro das Minas e Energia, Moreira Franco.

Anunciadas algumas medidas, o notório senador Romero Jucá (MDB) utilizou-se da imprensa a ele ligada, e das redes sociais para falar grosso contra elas, consideradas por ele, como insuficientes para enfrentar a questão gravíssima de Roraima, cujo povo foi acusado em nota distribuída pelo Palácio do Planalto de praticar xenofobia contra os migrantes venezuelanos. Pois bem, na tarde do mesmo dia, Jucá fez-se aparecer ao lado de Temer e de alguns ministros, e depois anunciou ser dele a sugestão da emissão parcelada do Licenciamento Ambiental do IBAMA para que a obra de construção do Linhão de Tucuruí fosse imediatamente começada.

“Elementar, meu caro Watson”, diria Sherlock Holmes, a imortal criatura de Connan Doyle. Pena que os políticos do estado não tenham coragem de denunciar mais essa manobra eleitoreira, exceto, por dever de justiça, do senador Telmário Mota (PTB).

NÃO RECORRERÁ Fontes da Parabólica, bem situadas junto ao deputado estadual Soldado Sampaio (PC do B),dão conta de que ele não recorrerá contra o pedido de registro da candidatura feito diretamente pelo deputado estadual Joaquim Ruiz (PDT) junto ao Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR). As mesmas fontes dizem que a resistência ao nome de Ruiz na coligação Progressistas/PC do B/PDT partia de militantes dos comunistas sem mandato. Tudo indica que a paz voltou a reinar naquela coligação da base de apoio da governadora Suely Campos (Progressistas).

MUDANÇAS Faltando pouco mais de 40 dias para as eleições, a governadora Suely Campos continua sendo obrigada a fazer mudanças no primeiro escalão de seu governo. A próxima dessas mudanças vai ocorrer no próximo dia 27 deste mês e ocorrerá na presidência da Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima). A atual presidente Jucilene Araújo Vieira, que está no cargo há menos de dois meses, vai ser substituída por Adele Cristina do Vale Marcolino. Ambas, a que sai, e a que entra, são indicações do deputado estadual Jânio Xingu (PSB), cujo partido não apoia a reeleição da governadora. Xingu, à revelia da decisão do partido, que apoia Antônio Denárium (PSL), continua na base política da governadora.

TREMOR Ontem, por volta das 17h30, um tremor da terra foi sentido em vários prédios de Boa Vista, até mesmo aqui no edifício-sede do Grupo Folha de Comunicação. O abalo durou alguns segundos, o suficiente para assustar muita gente que correu para fora. Até o fechamento da Parabólica ainda não se sabia a origem daquele abalo.