Bom dia,
Nas últimas três edições da Folha, escrevemos daqui deste espaço sobre gargalos que precisam ser enfrentados para destravar o desenvolvimento de Roraima. Nossa intenção passou ao largo da fulanização do debate para não desviar da importância dessas questões, que não podem ser tratadas como coisa de governos, mas devem ser enfrentadas como questão de Estado. Em outras palavras, o enfrentamento a elas não são apenas obrigações de governantes e políticos, e sim um objetivo a ser perseguido pelo conjunto da sociedade, e de todos quantos planejam viver, trabalhar e morar em Roraima.
O primeiro passo para esse enfretamento é ter consciência de que existe um claro conflito entre os sonhos e os desejos da população roraimense, e o destino que foi traçado para Roraima pelo Estado Federal (União). Os roraimenses querem emprego e produção, condições indispensáveis para ter uma vida minimamente confortável. Todos nós queremos que nossos filhos consigam empregos dignos após o diploma universitário ou mesmo depois de alguma especialização técnica; e todos sabem que a capacidade do setor público de oferecer essas oportunidades está esgotada. E estamos falando tanto do governo federal, quanto do governo estadual e das administrações municipais.
Ora, se o setor público não tem mais dinamismo para gerar os empregos, que a atual, e as futuras gerações necessitam, esses empregos só poderão vir da iniciativa privada, através do florescimento de empresas em todos os setores da economia. Empresário e empreendedores não são mágicos, só têm possibilidade de êxito quando dispõem de condições mínimas de segurança e bom ambiente para os negócios. Não teremos futuro de progresso enquanto vivermos apenas das expectativas de receber transferência de recursos por parte do governo federal seja ela obrigatória, ou fruto de emendas de parlamentares federais ao Orçamento da União.
MISSÕESEm visita a um veículo de circulação nacional, a prefeita Teresa Surita (PMDB) disse que segundo informações que lhes foram repassadas, nada menos de 14 missões do governo federal já foram mandadas a Roraima para fazer observações sobre a migração de venezuelanos para o estado. Cada grupo que chega, os integrantes são novas pessoas, que pedem as mesmas informações, sem que isso resulte no estabelecimento concreto de um programa de acolhimento para esses migrantes. Será que somados os recursos com passagens e diárias para toda essa gente, já não daria para repassar uma boa grana para que o governo estadual, e as prefeituras de Boa Vista e Pacaraima, pudessem trabalhar?
CANDIDATURAEmbora a própria prefeita Teresa Surita diga que só discutirá o assunto no próximo ano, seus correligionários continuam falando abertamente que ela é candidatíssima ao governo estadual nas próximas eleições. Alegam que os números que saem de pesquisas de intenção de voto lhes são muito favoráveis. “Eu tenho certeza que ela não deixará passar o cavalo da história que está bem à sua frente, com sela e tudo”, diz uma fonte bem situada no Palácio 9 de Julho.
GRANA PÚBLICADesde que alguns parlamentares inventaram a tal história de ser criado o “Fundo da Democracia” no valor de R$ 3,6 bilhões, houve uma grande reação da opinião pública, que não aceitou a ideia de financiar a campanha dos políticos com dinheiro do contribuinte. Na Câmara dos Deputados, a tentativa foi sepultada, mas no Senado Federal, ela foi resgatada pelo notório senador Romero Jucá (PMDB). Ele quer que metade do valor das emendas individuais dos parlamentares ao orçamento da União seja direcionada para o fundão. Isso seria também complementado com mais grana que sairia da verba indenizatória às emissoras de rádio e televisão, que deixaria de ser paga pela suspensão do programa gratuito. Tudo somado daria o mesmo valor proposto originalmente. Eles não têm jeito, querem continuar se reelegendo à custa do contribuinte.
PERIGOQue o Brasil está atolado numa crise moral e ética, ninguém minimamente informado tem dúvida. Já tem general de quatro estrelas dizendo que se não houver uma saída institucional, especialmente vinda do Poder Judiciário – se este não for capaz de colocar na cadeia todos os canalhas que se apropriaram do dinheiro público –, os militares podem intervir. É claro, poucos desejam esse tipo de saída, mas ela será inevitável se as corporações partirem para a retaliação quando flagradas em mazelas inaceitáveis. Não se pode viver num país onde agentes públicos agem como mafiosos ameaçando quem lhes contraria.
DISCUSSÕESO governo estadual e a oposição na Assembleia Legislativa do Estado anteciparam para esta semana, com as críticas contundentes do deputado estadual Jalser Renier (SD) ao atual governo, feitas do plenário. Na verdade, isso tende a ficar mais acirrado quando a governadora Suely Campos (PP) mandar a proposta da LOA (Lei Orçamentária Anual) para 2018, para discussão e aprovação pelos deputados estaduais. Fontes ouvidas pela Parabólica falam que o lençol (receita a ser distribuída) está muito curto para tanto corpo a ser coberto. Vai ser na base da “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Quem viver verá.