Bom dia,

O jornal Folha de Boa Vista completou, ontem, segunda-feira (21.10), 36 anos de existência. É uma longa história de resistência e de uma luta incessante para fazer o melhor jornalismo possível. O que mais temos a comemorar diz respeito ao que a Folha, que faz mais de 15 anos tem a companhia da FOLHAWEB e da Rádio Folha FM 100,3 – desde os tempos da AM 1020 – representa como instrumento fomentador da cidadania e do desenvolvimento de Roraima. Por mais incrível que possa parecer, neste mundo de mudanças velozes na vida humana e na maneira de fazer e distribuir notícias, o alcance do Grupo Folha de Comunicação só fez aumentar. 

Nos áureos tempos da imprensa impressa, chegamos a alcançar diariamente 30 mil leitores, o que de fato representava mais de 95% das pessoas que liam jornal em Roraima. Hoje, sem contar a audiência da Rádio Folha FM 100.3, que até agora não foi possível medir, chegamos a mais 70.000 leitores diários, na edição impressa e na edição eletrônica da Folha. É um número que dá orgulho aos dirigentes e aos profissionais que fazem o jornal. Temos a convicção de que esta marca só é possível pela credibilidade conquistada junto aos leitores e anunciantes.

Por isso, ao agradecermos do fundo do coração às centenas de felicitações e elogios que recebemos durante todo o dia de ontem, queremos apenas reforçar a nossa firme disposição de continuar nos fazendo merecedores da confiança do público no Grupo Folha de Comunicação. Muito obrigado.

NAQUELE TEMPO

Pobre Roraima. No final dos anos 80 e início dos anos 90 do século passado, a Praça do Centro Cívico, no Centro de Boa Vista, então capital do ainda Território Federal de Roraima, já na transição para estado, transformado que foi pela Constituição de 1988, atraía alguns poucos milhares de garimpeiros que pediam autorização para explorar ouro e cassiterita na ainda não criada Terra Yanomami. O discurso era de que aqueles milhares de pais e mães de família precisavam sustentar seus filhos e mulheres e o fechamento do garimpo traria fome, miséria e violência para a economia roraimense, fortemente dependente da economia do contracheque chapa branca. Foram dias agitados na economia e na sociedade roraimenses.

PROMESSAS MENTIROSAS

Um governador – nomeado para fazer a transição, mas que chegou com a intenção de fazer politicagem eleitoreira – chegou a fazer comícios para aquela gente toda que se aglomerava em frente ao Palácio 31 de Março – esse era o nome do atual Palácio Senador Hélio Campos – prometendo abrir aquela região para a garimpagem. Muita daquela gente, que reunia trabalhadores, donos de máquinas e financiadores da atividade, acreditou naquela promessa, mal sabendo que nos bastidores já se urdia operação militar para prender garimpeiros, destruir máquinas e implodir pistas de pouso.

JÁ PASSARAM

Daquele tempo para cá já se passaram mais de 30 anos. Pela presidência da República passaram José Sarney, Collor de Mello – que assinou o decreto de homologação da Terra Yanomami com mais de 9 milhões de hectares e mandou implodir pistas de pouso e maquinários – Itamar  Franco, Fernando Henrique Cardoso (8 anos), Lula da Silva (8 anos), Dilma Rousseff (quase seis nos) e Michel Temer (mais de 2 anos). No governo estadual estiveram Romero Jucá, Ottomar Pinto (duas vezes), Neudo Campos, Flamarion Portela, Anchieta Júnior e Suely Campos. Muita água rolou sob essa ponte. Lamentavelmente tem sido assim em Roraima.

DE NOVO 

Hoje, terça-feira (22.10.19), a Praça do Centro Cívico está novamente ocupada por alguns milhares de trabalhadores, donos de máquinas e financiadores da atividade garimpeira em Terras Indígenas. Eles querem a mesma coisa – autorização para garimpar naquelas áreas, o que é proibido por dispositivos constitucionais –, e sob o mesmo discurso de que são pais e mães de família, que se proibidos de trabalhar Roraima vai sofrer com mais desemprego e violência. Eles participarão de audiência pública promovida pela Assembleia Legislativa do Estado (ALE) numa clara demonstração de que boa parte dos políticos locais apoia a garimpagem em áreas indígenas.

VENDENDO ILUSÕES 

São mais de 30 anos de venda de ilusões; período em que muitos espertalhões ganharam votos e até mandatos eletivos – quem não se lembra de João Fagundes, aquele coronel trazido por Ottomar Pinto? – prometendo o improvável. Quantos tiveram poder e influência para resolver esta questão e outras, fundamentais para o futuro de Roraima. E o que fizeram? Neste sentido, rigorosamente nada. Fizeram fortunas com a indústria de emendas parlamentares ao orçamento da União, muitas delas lavanderias para roubar o dinheiro público. Negociaram rasamente, não foram capazes, por inapetência ou mesmo por conveniência, de fazerem valer o mandato popular, que muitos desses exerceram por décadas.

NÃO RESOLVIDOS

Pobre Roraima que não consegue ver resolvidos seus mais candentes problemas, seja por falta de decisão do governo federal, seja por inapetência e falta de compromisso da maioria dos políticos que a população elege. A garimpagem em terras indígenas é o mais impactante politicamente desses problemas, mas outros também estão aguardando de fato, que tenhamos, nalgum dia, um líder regional capaz de fazer valer os interesses dos mais de meio milhão de pessoas que vivem por aqui.

CANA

Embora o bioma lavrado seja bastante diferente de outros localizados na Amazônia, o governo Lula da Silva decidiu estender para Roraima a proibição do plantio de cana. Um absurdo, dos muitos que o aparato ambientalista internacional impôs ao governo esquerdista do PT. Pois bem, segundo informação do secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Emerson Baú, a portaria interministerial que fez esta presepada está prestes a ser revogada. Uma nova portaria, que já foi assinada pela ministra da agricultura Tereza Cristina e aguarda a assinatura do ministro da Economia, Paulo Guedes, vai liberar o plantio de cana em Roraima.