Bom dia,
Sob os auspícios do Instituto Sócio Ambiental (ISA) – uma organização não governamental de forte atuação na Amazônia, e também em Roraima –, está sendo realizado em Boa Vista um seminário para discutir as chamadas energias alternativas, especialmente a eólica (ventos) e a fotovoltaica (solar). A ideia central é a utilização dessas fontes renováveis de energia para resolver a grave crise no fornecimento de energia elétrica para Roraima. E já muito tempo que essas organizações não governamentais falam em energias alternativas como caminho para resolver a falta de segurança no fornecimento desse insumo, sem o qual impossível falar em vida moderna.
De pronto, é importante que se diga que mesmo que essas fontes sejam viáveis do ponto de vista técnico e econômico, elas não resolverão a questão do isolamento do estado, que continuará sendo o único da federação brasileira a estar desconectado do sistema energético nacional. E, como se sabe, não é seguro para qualquer sistema de energia elétrica ficar dependendo de uma única fonte. Na falta ou na ocorrência de qualquer problema com ela vem o inevitável blecaute. Assim, quem substituirá a falta de luminosidade nos dias nublados ou diante da calmaria dos ventos. As termoelétricas, caras e poluidoras?
Embora, a princípio toda discussão seja válida, é importante que não percamos de vista que essas propostas de energias alternativas possam estar sendo usadas como argumento para empurrar para frente a retomada das discussões sobre a construção do Linhão de Tucuruí, a opção mais viável, barata e rápida para resolver o problema energético de Roraima. Com o novo presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL) a esperança de que a obra seja reiniciada está na ordem do dia nas conversas entre ele e as lideranças políticas do estado.
IMPROVÁVEL
Um estudioso do assunto ouvido pela Parabólica diz que não é provável a viabilidade de implantação de uma grande usina de energia eólica para abastecer Roraima por causa da inconstância dos ventos que são muito comuns por aqui. “No litoral trazido pelo movimento do mar o vento é constante, sendo raras as ocasiões de calmaria, daí que as usinas eólicas brasileiras estarem quase todas localizadas no litoral. Aqui, durante o dia, especialmente por volta do meio-dia, o vento para por algumas horas, sobretudo durante a estação chuvosa e o período de transição entre esta e o período de seca”, diz o estudioso.
VIÁVEL
O mesmo especialista diz acreditar muito mais numa solução a partir da energia solar (fotovoltaica). “Temos, quase sempre 12 horas de boa luminosidade em Roraima em função de estarmos situados na Linha do Equador. Mesmo os períodos nublados o calor solar é razoável e dá para gerar energia. De qualquer forma, mesmo que possamos ter usinas solares com capacidade para abastecer toda a demanda estadual, que sejam economicamente viáveis, é preciso ter abastecimento à noite – a solução de acumuladores ainda é muito cara –, quando não houver a energia do sol. Assim, a construção de usinas de energia solar não prescindiria da energia trazida desde Tucuruí, no Pará, através da construção do Linhão de Manas até Boa vista. É preciso ficar atento para evitar que sejamos engabelados”, diz.
JÁ?
Não é fácil enfrentar os velhos figurões da política nacional. Bolsonaro se elegeu prometendo não negociar cargos em troca de apoio. Pois bem, deu na coluna Esplanada, publicada diariamente aqui na Folha, que emissários do MDB estão tentando se aproximar do novo presidente prometendo apoio no Congresso Nacional em troca do partido continuar a mandar no setor elétrico federal. Essa história de domínio emedebista no setor já faz mais de duas décadas, e renderem nesse tempo uma coleção de escândalos escabrosos de corrupção. Se isso for concretizado, definitivamente o desencanto com o novo governo virá a galope.
TITÃS
Na aparência tudo parece estar em muita calmaria na política roraimense. Só na superfície. A Parabólica tem informações seguras de que está havendo um duelo de titãs envolvendo a disputa pela presidência da Assembleia Legislativa do Estado (ALE). A eleição para a Mesa-Diretora da ALE deve ocorrer no dia 1º de janeiro de 2019, pela manhã. Nas próximas semanas começarão a surgir pedras se movendo para evitar a reeleição do atual presidente, o deputado estadual Jalser Renier (SD). As fontes da Parabólica dizem que até o Poder Judiciário está sendo utilizado para influenciar na decisão dos deputados estaduais. Depois vamos contar mais detalhes.
POLÊMICA
E quando todos já davam como certa a venda da Boa Vista Energia, através de um leilão realizado há pouco mais de três meses, para o consórcio Oliveira Energia/Grupo Atem, uma decisão da 4ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro pode complicar a efetivação da transação. A decisão da justiça trabalhista carioca anulou a assembleia geral da Eletrobras que havia autorizado a venda de suas distribuidoras no Norte e Nordeste, inclusive da Boa Vista Energia. O caso ainda vai render muita confusão jurídica, e pode piorar ainda mais o precário fornecimento de energia para o estado. Até quando?
ADIADO
E foi mais uma vez adiada a votação da lei que vai disciplinar a emissão de Certificados de reposição Florestal em Roraima. Quando os deputados estaduais se preparavam para votar, ontem, a matéria, um pedido de vista do deputado Jorge Everton (MDB) adiou para hoje a decisão. Forças estranhas.