Bom dia! “Encontrou-se, em boa política, o segredo de fazer morrer de fome aqueles que, cultivando a terra, fazem viver os outros” – Voltaire Ontem foi 22 de abril. No tempo em que os redatores da Parabólica faziam o ensino primário e secundário, a data era comemorada com a mesma importância do 7 de Setembro. Só não havia desfile cívico, mas nas escolas as crianças eram ensinadas que, nesta data, no ano de 1500, as esquadras portuguesas comandadas por Pedro Álvares Cabral teriam avistado o monte que mais tarde seria chamado de Pascoal. Embora haja controvérsia do ponto de vista da historiografia oficial, aquele monte – que aqui chamamos de serra – teria sido a primeira porção de território brasileiro vista por um conquistador europeu. A chegada dos portugueses em terras tupiniquins foi o início da construção deste enorme país cuja população já superou a barreira de 200 milhões. Especialmente durante e após a ditadura, a esquerda brasileira, que se encastelou no sistema de ensino público e que já alcança muitas das instituições privadas, começou um processo de desconstrução da Pátria brasileira. Nossos desbravadores passaram a ser chamados de invasores e os construtores da nacionalidade brasileira são retratados por essa nova historiografia, que inclusive virou oficial, pelo lado mais perverso, ou seja, são retratados por seus defeitos. Assim, Dom João VI, a quem o Brasil deve a elevação de Colônia a Vice-Reino, vem sendo mostrado às novas gerações como um mero glutão que escondia coxas de galinhas no blusão e que vivia com uma mulher, dona Carlota Joaquina, que tinha por diversão traí-lo e que conspirava contra o próprio marido. Dom Pedro I, morto aos 36 anos, um extraordinário estrategista militar, que foi imperador aqui e rei na Europa, nesta nova visão, não passa hoje de um mero levador de mulheres do Império para a cama dos palácios imperiais. De tudo isso que foi relatado, poucos se lembram que ontem deveria ser celebrado o Dia do Descobrimento do Brasil. Esse processo da desconstrução de identidade nacional é o verdadeiro motivo dessa amnésia coletiva. O desmantelamento das figuras que construíram nossa nacionalidade é tamanha, que somos dos únicos países do mundo onde as cédulas não contêm figuras humanas, só de animais e da natureza. E assim segue o Brasil, sem memória e sem orgulho de sua história. FERIADÃO Os deputados voltaram do feriadão prolongado com vontade de bater o ponto e sair correndo da Assembleia Legislativa.  A sessão de ontem só não foi do tipo relâmpago porque ainda houve um pedido de vistas a um projeto. Nem discurso muito menos explicações pessoais. Pelo jeito, será uma semana perdida por aqueles lados. EXPLICAÇÃO O ex-presidente do Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima), Leocádio Vasconcelos, ligou para um dos redatores da coluna para comentar a respeito da nota de ontem que fala sobre a morte do comerciante conhecido como Nino Rosa. Vasconcelos afirmou que queria deixar bem claro que não tinha nenhuma ligação ou proximidade com o comerciante, que foi assassinado em 2013. GASOLINA A Casa Militar do Governo do Estado decidiu firmar contrato com a Empresa Brasileira de Tecnologia e Administração de Convênios Haag S.A., no valor R$797.500,00, com a finalidade de prestar serviços de gerenciamento para fornecimento de combustíveis, em uma rede de postos credenciada, na Capital e no interior, por 24 horas, por meio de cartão magnético. O prazo de vigência do contrato é 25 de março a 31 de dezembro deste ano. Essa empresa mantém contrato semelhante com o Governo de Rondônia. COMPUTADORES Na Secretaria Estadual da Saúde (Sesau), os equipamentos de informática passaram a ser prioridade. Aquela pasta contratou a empresa Rizomar A. de Oliveira – EPP para que forneça computadores destinados a atender todos os setores. Por um ano, esta firma irá receber R$1,1 milhão pelos serviços contratados. JULGAMENTO Os olhares do mundo jurídico estarão voltados, hoje, para a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, no Município de Uiramutã, a Nordeste do Estado, onde o Judiciário roraimense irá realizar o primeiro júri popular composto apenas por indígenas para julgar um caso de uma tentativa de homicídio envolvendo três índios. A sessão será realizada em Maturuca, a mais importante e influente comunidade naquela terra indígena que foi alvo do maior embate jurídico pela demarcação, o qual foi parar na mais alta Corte brasileira. VONTADE Levar todo o aparelho do Judiciário estadual para uma terra indígena com a finalidade de julgar os índios respeitando suas tradições, crenças e costumes indígenas, é algo inédito no Brasil. Apesar de se saber que dali não sairá uma decisão 100% indígena, isso mostra a vontade da Justiça em se aproximar da realidade indígena. Esse fato poderá representar mais um passo do Poder Judiciário estadual em se aproximar das várias realidades que compõem um Estado como o nosso, onde a cultura indígena é muito forte. PIONEIRA Vale ressaltar que a Justiça Federal em Roraima é pioneira em reconhecer a realidade indígena. Já houve julgamento, em Boa Vista, em que o juiz federal solicitou um laudo antropológico a fim de que todos entendessem não só o cometimento do crime, mas também o pensamento das comunidades indígenas. Neste caso, o magistrado deixou de aplicar a pena prevista no Código Penal por entender que o réu já havia sido punido pela sua comunidade. Então, hoje, mais um capítulo será escrito no Judiciário roraimense.