Bom dia!“Política é como nuvem. Você olha e ela esta de um jeito. Olha de novo e ela já mudou” – Magalhães PintoSAÚDE 1Se a saúde pública não anda bem, as notícias não são nada animadoras. Deputados da Frente Parlamentar da Saúde e secretários estaduais de Saúde, ao criticarem os cortes de recursos federais no setor, divulgaram uma “Carta à Nação”, na qual afirmam que a situação vai piorar além do que já está: falta de leitos nos hospitais e nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), desabastecimento de remédios, filas de consultas, de exames e de cirurgias especializadas.SAÚDE 2O corte de quase R$ 12 bilhões no orçamento do Ministério da Saúde foi anunciado pelo governo no fim de maio, por meio do Decreto 8.456/15, afetando investimentos para a ampliação dos serviços ambulatoriais e hospitalares, bem como a implantação das redes de atenção à saúde. Em outras palavras, o corte agrava a situação de quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS), que já sofre com falta de recursos. Quem pena no atendimento público roraimense conhece muito bem esta realidade.SAÚDE 3O fato é que não se vê uma luz no fim do túnel. Na Câmara dos Deputados, a Frente Parlamentar da Saúde se mobiliza para apresentar uma proposta concreta para retomar os 10% da receita bruta do Governo Federal para Saúde, coisa que o governo não quer nem ouvir falar por causa da crise. Os governistas dizem que já houve aumento de todos os impostos possíveis, por isso estaria descartada a reedição da antiga CPMF para financiar a Saúde. A sugestão seria tributar em cima das grandes movimentações financeiras, tirando um percentual mínimo para garantir o financiamento do SUS.NOME AOS BOIS 1O ex-presidente do Instituto de Previdência do Estado de Roraima (Iper), Gilberto Maciel, que ficou no cargo de abril de 2010 a maio de 2012, veio ontem à Redação da Folha. Ele reclamou da matéria sobre o rombo naquela instituição, decorrente da aplicação fraudulenta de recursos. “Dizer que foram as administrações anteriores atinge dirigentes que agiram com probidade. É preciso dar nome aos bois”, contestou.NOME AOS BOIS 2Tem razão o ex-presidente do Iper. Na verdade, a retirada de R$ 184 milhões de aplicações na Caixa Econômica Federal (CEF), para aplicá-los em um banco já em franca caminhada para a falência, ocorreu em dezembro de 2012. Na época, o Iper era presidido pelo ex-deputado estadual Rodolfo Braga. O governador era José de Anchieta Júnior (PSDB).TRATAMENTO 1Mais uma vez, uma grande emissora de TV veio a Roraima e recebeu passe livre no sistema prisional. A repórter do programa Repórter Record Investigação passeou pela área externa da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), sem qualquer proteção ou acompanhamento, e ainda recebeu as boas-vindas de um preso (“Você está em casa”), conforme matéria publicada na noite de segunda-feira. No mês de março, o mesmo ocorreu com o SBT Brasil, que teve o tratamento que a imprensa roraimense nunca teve.TRATAMENTO 2À época, a Folha reclamou do tratamento diferenciado dado à imprensa local e recebeu como resposta que não havia privilégios com a grande imprensa. Ao responder o pedido para que nossa equipe também pudesse entrar na Pamc, com a finalidade de ver a realidade in loco, o governo convocou uma entrevista coletiva, chamando toda a imprensa local para visitar o presídio.REALIDADE 1Na verdade, a Record mostrou um fato que é de conhecimento de todos e que nem surpreende mais. Do portão principal para trás, os presos ficam livres na chamada “ala das favelas”, onde os casebres de madeira, muitos deles cobertos com lona azul, abrigam os presos que correm riscos, como os estupradores. Esse cenário só vem aumentando a cada ano por causa da superlotação e do não investimento na reforma e ampliação do presídio em administrações anteriores. O pior é que a reportagem da emissora de TV fez parecer que não havia ninguém no comando, nem mesmo para acompanhar a equipe de jornalistas. REALIDADE 2Na verdade, existem duas realidades na Pamc. Uma é a da “ala da favela”, onde estão os presos que sofrem ameaças e que transitam livremente na área externa. A outra, é a dos que vivem nas alas na área interna do presídio, onde ficam os mais perigosos e não se pode entrar sem que haja garantia das forças policiais, uma vez que nem mesmo os agentes penitenciários se arriscam, pois ali dentro o poder é dos chefes de ala. PETROLÃO 1Não houve escapatória. O senador Romero Jucá (PMDB) foi intimado a depor na Polícia Federal e teve que ir. Em seu depoimento, confirmou que o então diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa pediu apoio do PMDB para obter um cargo na estatal durante um encontro na casa do atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Essa reunião havia sido relatada por Costa em sua delação na Operação Lava Jato como um dos indícios do envolvimento do PMDB no esquema de desvios da Petrobras.PETROLÃO 2Mas Jucá negou que o objetivo fosse discutir a partilha de recursos da estatal. O depoimento do senador foi prestado à PF em 20 de maio, em inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a relatoria do ministro Teori Zavascki. Além do senador roraimense, a PF ouviu mais 15 parlamentares e ex-parlamentares do PP e do PMDB no mesmo inquérito. A Federal pediu ao Supremo mais 60 dias para investigar o envolvimento de políticos no escândalo. O pedido ainda será avaliado.