Bom dia! “Como nenhum político acredita no que diz, fica sempre surpreso ao ver que os outros acreditam nele” – Charles de Gaulle Dois fatos chamaram a atenção na crônica policial de ontem: a ação profissional dos presos que cavaram um túnel na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo e a prisão de um narcotraficante procurado no mundo todo que estava morando em uma mansão no bairro Caçari. Embora sejam fatos distintos, estes episódios demonstram a competência do crime organizado instalado em Roraima. A descoberta do túnel, pelo qual se concretizaria uma fuga em massa espetacular, revela que a Penitenciária se tornou um “escritório do crime”, conforme as investigações já vinham apontando. Essa organização só foi possível por causa de anos de abandono do sistema prisional e a conivência de alguns. Afinal, toda ação criminosa que desafia o poder constituído tem um dedo de vistas grossas, omissão ou até mesmo participação de agentes do Estado que se debandam para o lado do crime. As investigações em curso no sistema prisional e a descoberta do túnel representaram a esperança de que a realidade seja revertida. Porém, só isso não basta. A prisão de um narcotraficante colombiano nas barbas das forças policiais locais é um sinal de que Roraima é uma fronteira livre para grandes criminosos. Por isso, as autoridades locais precisam ir muito mais além do que atacar a instalação do crime organizado nos presídios. Porque, senão, não apenas a Penitenciária será um “escritório do crime”, mas o Estado de Roraima poderá ser transformado em sede do crime organizado brasileiro e, quiçá, da América Latina.    MOTIVO 1 Depois de aliar-se ao grupo da oposição, o deputado Mecias de Jesus (PRB) divulgou um vídeo no qual ele relata o motivo de ter rachado com o grupo governista no segundo turno na disputa pelo Governo do Estado. Ele afirma, no vídeo, que deixou o governo em 2010 por não acreditar no governador Anchieta Júnior (PSDB), o qual se desincompatibilizou para concorrer ao Senado, deixando o governo para o então vice, Chico Rodrigues. MOTIVO 2 Diante da promessa de Chico Rodrigues, já como governador, de que Anchieta não mandaria no governo, Mecias disse que voltou para o grupo, porém ele frisou que a realidade foi bem diferente do que foi prometido. “Anchieta continua mandando no governo e agora voltou mais forte: coordenador financeiro da campanha e com a promessa de ser secretário da fazenda. E onde Anchieta manda, eu não fico”, justificou o deputado, que foi o segundo mais votado para a Assembleia Legislativa. TRANQUILIDADE As autoridades que estarão envolvidas no pleito de domingo esperam que o clima seja de tranquilidade e que não se repitam cenas com as que foram registradas no Município de Mucajaí, Centro-sul do Estado, onde o senador Romero Jucá (PMDB) foi filmado destratando a juíza eleitoral Patrícia Oliveira dos Reis. Clima tranquilo é o que esperam, também, os correligionários e os cabos eleitorais que estarão trabalhando no dia, principalmente aqueles que estão no grupo da oposição. DESACATO Existe uma determinação do presidente em exercício do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Mauro Campello, para que os juízes eleitorais deem voz de prisão contra qualquer coordenador de campanha ou autoridade que os desacatem no exercício de suas funções. Essa atitude encorajadora de Campello foi um reforço para que os magistrados não se intimidem diante de qualquer ação truculenta, independente de qualquer escalão de autoridade, no dia do pleito   REMOÇÃO Policiais militares relatam que estão sendo informados de um grande remanejamento dentro da corporação neste segundo turno da eleição para o Governo do Estado. Eles afirmam que no primeiro turno não houve necessidade disso, permitindo que os policiais votassem. Com esse remanejamento na Capital e no Interior, eles estão dizendo que centenas de PMs poderão ficar impossibilitados de cumprir o exercício do voto, no domingo, sendo obrigados a justificar ausência no local para onde forem removidos. É mole? BLITZ Coincidentemente, a provável tomada de decisão, de remanejar policiais, ocorreu logo após ter vazado, nos grupos de WhatsApp, a informação de que haveria uma “ordem superior” na Corporação para que fossem realizadas blitze a partir de quarta-feira, com determinação expressa para abordar somente os veículos adesivados com o número da candidata de oposição. Será? APAGÃO Moradores do bairro Santa Teresa, onde estava havendo um comício da candidata Suely Campos (PP), na noite de quarta-feira, ficaram revoltados com a falta de energia somente naquela região. Foram quatro desligamentos seguidos, sendo que em um deles a espera pelo restabelecimento da energia durou quase 20 minutos. Mais uma dessas coincidências de período eleitoral. COMITÊ Um observador da cena política enviou correspondência eletrônica para a Parabólica relatando o que presenciou nesta semana. Ele afirmou que foi a uma construtora no bairro Pricumã, zona Oeste, e começou a notar um entra-e-sai no escritório da empresa. O curioso é que entre as pessoas estavam correligionários eleitorais e autoridades do primeiro escalão. “Parecia um comitê eleitoral”, disse. SACOLINHA Na semana passada, o mesmo observador disse que foi a um restaurante, no bairro Paraviana, zona Leste, onde já estava um parlamentar que está no comando da disputa eleitoral para o governo. Alguns minutos depois, ele começou a perceber que pessoas vestidas com roupas de cabo eleitorais chegavam e dirigiam-se ao deputado. De lá, essas pessoas saíam com uma sacolinha contendo sabe-se lá o quê. REFEIÇÃO Como se tratava de um restaurante onde só frequenta gente da alta sociedade, o trânsito de pessoas simples, trajando bermuda, camiseta e boné de candidato chamava a atenção dos presentes. Obviamente que a desconfiança é de que algo de ilícito estaria sendo praticado, pois não é comum cabos eleitorais procurarem um parlamentar na hora da refeição para receber suposto material de campanha em uma sacolinha.