Bom dia, “Todos os Estados bem governados e todos os príncipes inteligentes tiveram cuidado de não reduzir a nobreza ao desespero, nem o povo ao descontentamento” – Nicolau Maquiavel PREOCUPAÇÃO O fim de ano será de muita preocupação para os policiais civis e militares diante das ameaças que vêm sendo feitas por membros de facções criminosas. Embora as autoridades venham tentando negar fatos, ocultando ocorrências policiais e desmentindo informações, a ameaça a policiais é real e nenhuma ação organizada e enérgica foi tomada pela cúpula da Segurança Pública a fim de garantir a integridade de quem tira plantão. RISCOS Desde o ataque à garagem da Polícia Civil, no sábado à noite, os policiais ficaram a mercê da própria sorte nos plantões naquele dia e nos plantões seguintes. Até ontem o cenário era o mesmo em relação à segurança dos policiais, como se nada estivesse ocorrendo, apesar de as investigações apontarem a ação do crime organizado, fato este comprovado com as operações policiais de ontem, com cumprimento de cinco mandados de prisão. VÍDEO A situação é de muita apreensão desde que começou a circular um vídeo gravado supostamente por um criminoso que se diz do “conselho do Comando Vermelho”, o CV. Ele aparece com a cabeça coberta por uma camisa como se fosse um capuz e atrás de um pano onde estava escrita a sigla da facção criminosa. O bandido afirma que a briga não seria “contra a sociedade” e diz que há uma guerra contra o governo que estaria “oprimindo” seus comparsas no sistema prisional. RESPOSTA O criminoso afirma ainda, no vídeo, que se algum membro da facção for morto pela polícia, a “resposta seria a altura”. Conforme ele, são quase 200 membros que compõem o grupo criminoso e que a facção teria catalogado endereço de 26 agentes penitenciários, deixando uma mensagem clara de que poderá haver retaliações a estes servidores. A gravação encerra com uma conclamação aos criminosos para que se juntem ao bando. OCORRÊNCIA No dia 19, um morador do bairro Cinturão Verde, zona Oeste, que estava na frente da casa dele, foi surpreendido por três elementos armados, que diziam que iriam matá-lo porque seria policial. Os bandidos só não executaram o homem porque tiveram a certeza de que ele não se tratava de policial. Esta ocorrência policial estava sendo mantida sob sigilo. INSEGURANÇA Apesar de todas estas provas, nem a cúpula da Polícia Civil nem da Secretaria de Segurança Pública disponibilizaram segurança complementar aos únicos dois plantões que funcionam à noite e madrugada. Inclusive, um deles ficou até mesmo sem viatura e sem efetivo suficiente no sábado do ataque. Para piorar o quadro, as autoridades procuraram minimizar os fatos e evitar que a opinião pública, por meio da imprensa, soubesse das informações. CARGOS Na verdade, os altos dirigentes da Segurança Pública estão perdidos, sem um plano de ação, por isso tentam abafar os fatos em vez de organizarem um trabalho integrado com todos os órgãos. Na Polícia Civil, por exemplo, a preocupação no momento é discutir quem ficam ou não nos cargos de direção no próximo governo. DIVISÃO Por causa dessa imobilidade, até mesmo as investigações que levaram à prisão de cinco integrantes da facção criminosa CV foram conduzidas de forma separada, pois a Polícia Civil preferiu agir isoladamente, enquanto a Divisão Inteligência e Capturas (Dicap) da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), a Polícia Militar e a Polícia Federal tinham um trabalho conjunto mais amplo e adiantado. MILÍCIA Como as autoridades da Segurança Pública não mostraram organização, surgiram pichações em prédios públicos insinuando o surgimento de um grupo que se autointitula “Milícia dos Justiceiros”, deixando recado que haverá uma reação contra as facções criminosas CV e PCC (Primeiro Comando da Capital). Se existe ou não uma milícia disposta a enfrentar bandidos, o fato é que isso mostra que o Estado não tem a situação sob controle. AUSÊNCIA Enquanto tudo isso está acontecendo, a Secretaria de Segurança Pública está sem liderança. O adjunto, delegado Eduardo Wayner, que assumiu interinamente o cargo com a saída do titular, foi autorizado a viajar para “tratar de assuntos particulares” no período de 22 a 28, conforme publicação no Diário Oficial do Estado dia 18. Depois dessa licença, ele entrará de férias, de 29 de dezembro a 07 de janeiro. É mole? COMANDO Na Polícia Militar, também são visíveis os descontentamentos com a atual situação da Corporação. Mediante a troca de governo, a tropa quer a nomeação de um comandante “operacional”, que possa enfrentar a criminalidade. Os militares dizem que querem ser ouvidos de alguma forma na hora da indicação do novo comandante. AGÊNCIA O ex-governador Neudo Campos (PP) ligou para um dos redatores da coluna para dizer que não autorizou a inclusão de nenhum nome para compor a direção da Agência Reguladora de Serviços Delegados do Estado. Conforme frisou, ele é contra o funcionamento da Agência por representar um desperdício de recursos públicos e que, se depender da nova administração, ela será extinta. BACHAREL A respeito das notas sobre a indicação de Danielle Campos para a Casa Civil, a coluna informa que ela é bacharel em Direito, e não advogada como foi dito de forma equivocada anteriormente.