Bom dia,
A decisão da Eletrobras Distribuição Roraima de mandar cortar o fornecimento da alguns prédios e logradouros públicos do governo estadual por faturas não pagas nos exercícios de 2013 e 2014 é mais um ingrediente a agravar ainda mais a crise que se abate sobre a atual administração estadual. Segundo informações chegadas à Parabólica, essas faturas em atraso, que remontam há mais de quatro anos, ainda estão à espera de um encontro de contas entre a estatal federal, e o Tesouro Estadual que tem valores a receber relativos a recolhimentos de Imposto sobre Mercadorias e Serviços (ICMS). Nas contas de luz devidas pelo atual governo, o atraso é de menos de dois meses, o que não justificaria a medida drástica do corte.
É claro, como tantos outros atores da atual cena política de Roraima, os dirigentes da Eletrobras Distribuidora Roraima, que devem sair de cena nos próximos meses, podem estar querendo aproveitar da fragilidade do governo Suely Campos (Progressistas), que no final de mandato enfrenta dificuldade por todos os lados, para tentar forçar o recebimento de valores de que se julga credora. E este tem sido o comportamento de tantos outros protagonistas, e quase sempre estribados em interesses corporativos, alguns justos e outros nem tanto.
OPÇÃO
Embora a governadora Suely Campos não tenha manifestado publicamente sobre sua escolha para o segundo turno (Anchieta Júnior x Antonio Denarium), seus auxiliares e alguns familiares começam a tomar posições. Na terça-feira, 23.10, a secretária estadual de Cultura e irmã da governadora, Selma Mulinari reuniu, as pessoas mais próximas e, na presença do deputado federal Abel Galinha (Democratas), candidato a vice na chapa do ex-governador Anchieta Júnior, para declarar apoio explícito à candidatura tucana.
GUERRA
E nesta reta final de campanha as equipes de marqueteiros dos dois candidatos fazem divulgar boatos sobre pesquisas de intenção de votos, capazes de confundir a cabeça do eleitor. Não é novidade dizer que cada um puxa a brasa para sua sardinha e, de acordo com o lado, a eleição já está ganha. Os mais modestos correligionários, de ambos os lados, admitem que o resultado ainda está em aberto e vai depender da inclinação do eleitorado nestes três últimos dias de campanha. E ainda tem os que confiam que muitos eleitores só irão se posicionar no domingo (28.10), na hora de ir às urnas.
REFLETIR
Estes números podem servir para que os candidatos a comandar o governo estadual a partir de 2019 possam refletir sobre o que andam prometendo. Dados que chegaram à Parabólica mostram que a Folha de Pagamento do Poder Executivo, em setembro deste ano, só com servidores da administração direta, alcançou a bagatela de R$ 124,2 milhões. Projetados por 13 parcelas – doze de salários normais mais o décimo terceiro salário –, o valor anual da folha – voltamos a insistir só da administração direta estadual – alcançará em 2019 algo de R$ 1,69 bilhão (considerando que os candidatos estão prometendo corrigir os salários).
COMISSIONADOS
É claro nem todos conhecem as minúcias da folha de pagamento do governo estadual. Quem as conhece sabe que o total do que se paga para os ocupantes de cargos comissionados – que muitos acreditam haver gordura que pode ser cortada –, mal chega a R$ 7,9 milhões por mês. Em termos relativos, o custo com o pagamento de comissionados representa meros 6,34% da folha dos servidores estaduais. Assim, se o novo governo decidisse demitir, sem colocar qualquer substituto no lugar dos comissionados – e isso é impossível –, a economia anual seria de R$ 102,7 milhões, um montante muito pequeno, incapaz de resultar numa economia razoável.
HERANÇA
Ao longo de seu governo, a governadora Suely Campos aumentou o tamanho da folha de pagamento dos servidores efetivos da administração direta em mais de R$ 200 milhões por ano. Esse aumento é irreversível e tende a aumentar muito mais, pois foi concedido em função dos vários planos de cargos e salários aprovados pela Assembleia Legislativa do Estado (ALE), alguns por iniciativa do próprio governo estadual. Cercada de auxiliares diretos sem qualquer experiência administrativa, a governadora foi “engolindo” todos esses aumentos sem que tivesse o bônus político de tê-los concedidos, muitos sem qualquer cálculo de impacto orçamentário.
PREÇO
É claro, muitos outros fatores contribuíram para a quase falimentar situação financeira do governo estadual, mas seguramente esses aumentos concedidos, de forma irreversível aos servidores públicos estaduais, contribuíram para o atraso no pagamento dos salários dos servidores, que vêm ocorrendo nos últimos dez meses na atual administração estadual. E esse atraso, sem qualquer dúvida, foi o altíssimo preço político pago pela atual governadora, que redundou na minguada votação que recebeu no primeiro turno da eleição para o governo estadual.
DIVIDIDO
Em termos de Brasil, as últimas pesquisas de intenção de votos divulgadas indicam que não haverá, como parecia, um passeio de um candidato sobre o outro. Há um sentimento geral de que Bolsonaro vence a eleição, mas governará um país profundamente dividido. E não será fácil uni-lo.