Bom dia! A crise que se abate sobre o Brasil, todos sabemos, não é só de natureza econômica ou fiscal, mas alcança algo muito mais profundo da nossa identidade enquanto nação. As raízes mais profundas dessa crise dizem respeito à falta de moralidade e de conduta ética dos dirigentes públicos brasileiros situados nos três poderes da República. E, para não correr qualquer risco de errar, não é possível dizer com segurança quais poderes estão mais contaminados com esta falta de moralidade e de ética na condução da coisa pública.

Vivemos época de insegurança e de desânimo que só fazem aprofundar mais a crise tupiniquim. De qualquer forma, também vivemos um período relativamente fértil de nossa vida republicana. Quem olha para o que está acontecendo em Brasília não deixará de sentir uma réstia de esperança, uma vez que ali se trava um embate que opõe o corporativismo do Legislativo com o do Judiciário, que envolve igualmente interesses do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal.

Os políticos querem a todo custo conseguir anistia dos crimes praticados e, de lambuja, “estancar a sangria” da Lava Jato e de outras operações que têm colocado à mostra para que a população saiba das vísceras da administração pública, apodrecidas pela corrupção. De outro lado, aproveitando o bom momento que atravessam aos olhos da opinião pública, os membros do Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal evitam discutir que também podem errar e, como todos, pagarem por seus erros e abuso.REFORMANo final de 2015, a governadora Suely Campos (PP) disse estar consciente da necessidade do enxugamento da máquina burocrática do governo estadual, tendo prometido para o início de 2016 uma série de medidas para contenção dos gastos. O ano de 2016 está acabando sem que esse programa de contenção tenha sido feito. Esta semana, mais uma vez, a governadora reconheceu que é preciso cortar gordura e anunciou para o começo de 2017 um vigoroso plano de reforma administrativa com a redução, inclusive do número de órgãos e secretarias do governo.ORÇAMENTOAcontece que, embora a governadora possa esperar a conclusão de estudos que estão sendo feitos para anunciar as medidas de contenção, essas medidas e seus impactos devem estar refletidos na Lei Orçamentária Anual (LOA), conhecida como Orçamento, para 2017. E ao que se sabe, o que se está discutindo na Assembleia Legislativa do Estado, sobre a proposta enviada pelo Executivo para o Orçamento de 2017, está, até agora, centrada na participação dos poderes e órgãos na divisão das receitas. E falta pouco tempo para terminar o ano.PARENTESE não é que o notório senador Romero Jucá (PMDB) fez mais uma ontem. Como relator da proposta para reabrir o prazo para o Programa de Repatriação, Jucá apresentou uma emenda ao texto original para incluir os políticos e seus parentes entre os beneficiários. Teve forte resistência partida de senadores da oposição e mesmo da base governista que ele lidera. Depois de muito bate-boca e de gritos, ao perceber que perderia na votação, ele retirou a proposta, que ficou conhecida como Emenda Cláudia Cruz, numa referência à mulher do ex-deputado federal Eduardo Cunha.ATÉ ELEA proposta de Jucá para beneficiar os políticos e seus parentes no Programa de Repatriação causou tanto mal-estar na Comissão de Justiça do Senado Federal, que até o senador Jader Barbalho, também do PMDB, disse que aquela proposta era um acinte ao povo brasileiro neste momento tão difícil vivido pelo país. Magno Malta (PSC-ES), também da base governista, disse que Jucá era sabido, mas que no Senado tinha gente, além dele, igualmente sabida, e pediu para ele retirar a proposta.MANOBRAQuando estávamos para fechar a Parabólica, eis que vem de Brasília a notícia de que os senadores não prestaram a atenção devida na votação da proposta de reabertura de novo para o Programa de Repatriação, preparada pelo senador Romero Jucá, e deixaram que fosse aprovada uma abertura para que os parentes de políticos possam se beneficiar da medida. A oposição que foi pega no contrapé ameaça recorrer na Comissão de Constituição e Justiça, antes de a matéria ser enviada à Câmara dos Deputados.NÃO ADMITIUUma empresa havia protocolado uma denúncia junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) referente ao processo licitatório utilizado pela Comissão Permanente de Licitação do governo estadual, cujo objetivo foi a contratação de veículos (viaturas) para serem utilizadas pelo Polícia Militar de Roraima (PMRR). Designado relator, o conselheiro Marcus Hollanda analisou as provas acostadas à denúncia, mas mandou arquivá-la por entender não terem restado indícios de irregularidades que justificasse a abertura de procedimento apuratório.QUASE 1Na quarta-feira, 23, quase que outro imbróglio com relação à comida fornecida para o sistema penitenciário do Estado seria estabelecido. O governo enviou dois pedidos de crédito suplementar para a apreciação dos deputados estaduais, um para a Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) e outro para a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), exatamente para pagar a empresa que fornece alimentação para a população carcerária. QUASE 2Acontece que no saldo orçamentário só cabia um dos pedidos, e quando tudo caminhava para a aprovação do crédito da Sefaz, alertado pela Superintendência de Orçamento da ALE, o líder do governo, Brito Bezerra (PP), solicitou a retirada daquele pedido, abrindo possibilidade para a aprovação do pedido da Sejuc.