Bom dia,
Ainda sobre as escaramuças envolvendo o governo de Nicolás Maduro e os países capitaneados pelo Estados Unidos que decidiram mandar ajuda humanitária para o faminto povo da Venezuela, entre os quais o Brasil. Ontem, dissemos, e hoje voltamos a repetir: essa ajuda humanitária é simbólica e representa uma estratégia de tentar isolar ainda mais o regime chavista, e desqualificar Maduro como presidente do país. A participação do Brasil, que coloca Roraima no epicentro da crise, divide o país com os opositores de Jair Bolsonaro aproveitando para criticar o novo governo e acusando o presidente de não passar de um títere do imperialismo estadunidense que quer tomar o petróleo dos venezuelanos.
GUERRA FRIA
Esse discurso do imperialismo norte-americano faz lembrar os velhos tempos da Guerra Fria, no século XX, quando a esquerda latino-americana, sob a influência dos comunistas soviéticos, tentou transformar os Estados Unidos como o principal responsável pelo subdesenvolvimento dos países da América Latina. Bobagem, somos atrasados porque não dominamos tecnologia e tivemos poucas lideranças capazes de conduzir nossos países a aproveitar melhor nossas imensas riquezas naturais. E muito menos tivemos capacidade de transformar nossas universidades em usinas de saber tecnológico, aceitando-as passivamente como centro de difusão ideológica.
IMPERIALISMO
Tanto isso é verdade que, do ponto de vista econômico, o papel de imperialista sobre a América Latina saiu dos Estados Unidos e passou a ser exercido pela China, que em certa medida é muito mais voraz e devastador. É bom lembrar que sob a égide da liderança norte-americana o Brasil industrializou-se chegando a ocupar o 8º lugar dentre os países mais industrializados no mundo, enquanto sob a devastadora influência chinesa o país desindustrializou-se voltando a ter uma economia primário-exportadora. Isso a esquerda não mostra, afinal, para ela a China ainda é um país comunista.
LADOS
A Guerra Fria, sem qualquer trocadilho, esfriou com a falência das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e a consequente queda do muro de Berlim. De qualquer forma, por razões estratégicas e econômicas, Estados Unidos, de um lado; e China e Federação Rússia -o que restou da URSS-, estão quase sempre em lados opostos quando se trata de disputar a influência sobre mercados, controle de rotas comerciais, e da produção e comércio de matérias-primas estratégicas, como o petróleo. Embora essa disputa esteja longe de ser ideológica, afinal, os três países têm sua economia baseada no capital privado, embora no caso da China, sob forte controle estatal.
RESQUÍCIO
É nesse caso que se enquadra o imbróglio político na Venezuela. Ele constitui resquício daquela Guerra Fria do século passado, e só está ocorrendo pela insistência do ditador Nicolás Maduro de se manter como presidente daquele país, mesmo que indesejável pelo povo. Não existem santos entre os protagonistas dessa crise do ponto de vista externo, sendo claro que os Estados Unidos têm realmente interesse em retomar sua velha influência sobre a Venezuela, por isso querem apear Maduro do poder; enquanto Rússia e China querem mantê-lo no Palácio Miraflores por conta de seus interesses.
MEDIAÇÃO
Os que desejam realmente o bem para o povo venezuelano é que sejam encontradas saídas pacíficas para resolver a crise, para evitar que o confronto de interesse que opõe essas três grandes potências transforme a Venezuela na Síria da América Latina. E nesse sentido é preciso que as lideranças militares venezuelanas deixem de tentar manter o desastroso governo de Maduro e passem, sob mediação do Grupo de Lima, a dialogar com o jovem engenheiro Juan Guaidó. As alternativas só trarão a possibilidade de mais sangue correndo, devido a conflitos entre os venezuelanos.
MILITARES
O que anima os que desejam a saída pacífica para a crise na Venezuela é que militares brasileiros continuam tendo muito diálogo com oficiais venezuelanos, e essas conversas estão passando ao largo da virulência dos discursos políticos, conduzidos pelo ministério das Relações Exteriores.
GRANA
Fontes da Parabólica bem situadas no Palácio Senador Hélio Campos garantem que o governo do Estado dispõe de R$ 20 milhões para gastar na compra de medicamentos e insumos para abastecer a rede pública estadual de saúde. “É grana pra dedéu”, diria nosso colunista diário, mestre Afonso Rodrigues. Se a informação estivar correta, fica difícil entender por que só agora, depois de mais de 70 dias de governo, foi preciso declarar “Calamidade Pública” para que os hospitais estaduais começassem a ser supridos. Tomara que essas compras improvisadas não venham a onerar ainda mais o Erário, já dito em prosa e verso como falido.
BOICOTE
Aliás, entre as justificativas para a decretação do “Estado de Calamidade” na saúde pública estadual está a de que os fornecedores locais da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) não aceitam mais participar de licitação e de entregar medicamento e insumos à rede hospitalar estadual porque têm faturas a receber. Seguindo ainda na versão oficial, o governo do Estado não dispõe de recursos para pagar as faturas atrasadas. E dessa forma, as compras a serem realizadas sob a égide do decreto de calamidade deverão priorizar fornecedores de outros Estados.
VANTAGEM
A crise política entre o governo brasileiro e a ditadura de Nicolás Maduro trouxe pelo menos uma vantagem para Roraima: a questão do abastecimento de energia elétrica no Estado, especialmente a construção do Linhão de Tucuruí, virou tema na agenda do Palácio do Planalto.