Bom dia,
O Brasil e seus políticos são surrealistas, para dizer o mínimo dessa barafunda em que se transformou a política tupiniquim. Veja bem, caro leitor, Josué Gomes que é o dono do maior grupo empresarial do ramo têxtil brasileiro, que depende do agronegócio para produzir a matéria-prima que beneficia, o algodão, foi convidado para ser vice na chapa de Geraldo Alckmin, do PSDB, um partido que tem migrado, ideologicamente, da centro-esquerda para a centro-direita. Até aí tudo bem, afinal, Gomes é filiado ao PR, um partido da direita fisiológica.
Indicado pelo presidente de seu partido, Waldemar da Costa Neto, o empresário Josué Gomes já declarou que não aceita a indicação para compor a chapa com Alckmin, dizem os analistas políticos, por estar recebendo pressão do Partido dos Trabalhadores (PT), que deseja vê-lo como companheiro de chapa do atual governador mineiro, e candidato à reeleição, Fernando Pimentel. O atual governador de Minas Gerais, acusado de inúmeros casos de corrupção, condecorou em 2015, com a Ordem da Independência, a maior daquele estado, o coordenador-geral do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST), João Pedro Stedeli, que é o maior inimigo do agronegócio brasileiro, do qual dependem diretamente os negócios do Josué Gomes.
É claro, essa não é a única incongruência da política partidária tupiniquim, mas é mais recente e mostra como o Brasil é um grande navio que caminha sem um rumo definido, num salve-se quem puder, sem qualquer lógica. Essa mesma salada partidária e ideológica se estende aos estados brasileiros nestas eleições que se aproximam, e o que prevalece é a velha máxima do, “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Como programas partidários dependem da doutrina e da ideologia que os inspiram fica difícil vislumbrar uma luz no final desse túnel escuro, que caracteriza a atual crise política, moral, ética e econômica do Brasil.
Não é sem razão que todas as previsões de desempenho da economia brasileira para este, e para o próximo ano, estão sendo revisadas para baixo. Em direção oposta seguem as expectativas sobre a inflação ainda para este ano, que já estão muito próximas do centro da meta prevista pelo Banco Central em 4,5%. É também reflexo desse quadro indefinido o baixo investimento das empresas, o que segura a recuperação do emprego para os mais de 13 milhões de patrícios desempregados, e fornece combustível para o aumento do dólar. E tudo vai ficar assim enquanto os políticos brasileiros pensarem apenas na própria sobrevivência.
COMO ENTENDER? Sem dúvida, já faz algum tempo que a operação Lava Jato entrou em estado de letargia, especialmente contra os canalhas que dispõem de foro privilegiado. Eles se utilizam de influências políticas, dinheiro e recursos jurídicos para empurrarem seus processos com a barriga até que os crimes que cometeram restem prescritos. E como é próprio da Justiça brasileira, e para que o povo brasileiro continue engabelado, basta assistir ao noticiário para ver que alguns políticos, que já não representam nada na vida pública nacional, Paulo Maluf, por exemplo, estão sendo rigorosamente punidos.
ADIANTAMENTO E a maior surpresa no mundo político local, ontem, foi o adiamento da convenção do Progressistas, o partido da governadora Suely Campos. Inicialmente prevista para o próximo sábado (28.07), o conclave foi suspenso, e sem data prevista para ocorrer, embora a legislação eleitoral fixa como data limite para realização de convenções, o dia 05.08 (domingo). Os dirigentes do Progressistas, inclusive o seu presidente regional deputado federal Hiran Gonçalves, não deram justificativa para o adiamento da convenção para a indicação da governadora Suely Campos como sua candidata.
ESPECULAÇÃO Na falta de uma explicação oficial para o adiamento da convenção do Progressistas, é evidente que na esteira dela, surgem os boatos para explicá-lo. Uma dessas versões, alimentadas em redes sociais, é de que o deputado federal Hiran Gonçalves que comanda o partido no estado decidiu lançar seu nome ao Senado Federal, em vez de disputar a reeleição como estava previsto. Consultado pela Parabólica, o deputado federal disse que ainda existem muitas discussões em andamento, embora não tenha descartado de todo sua candidatura ao Senado Federal.
COLIGAÇÃO E se o deputado federal Hiran Gonçalves decidir mesmo disputar o Senado Federal pelo Progressistas estará criado um senhor imbróglio político nas hostes de apoio da governadora Suely Campos. Cada coligação só pode lançar dois candidatos ao Senado Federal, e até ontem, esses candidatos seriam a senadora Ângela Portela (PDT) e o ex-deputado federal Luciano Castro (PR). Com Gonçalves no páreo, um dos dois sairia do palanque da governadora, o que reduziria seu tempo de radio e TV, no horário da propaganda eleitoral gratuita. E nessa hipótese PR ou PDT seguiriam para outra coligação majoritária. É confusão, pra Dedéu, diria nosso mestre Afonso Rodrigues.
INSATISFAÇÃO Ninguém disse para a Parabólica, mas não é proibido pensar e especular. Juntando informações daqui e de lá, vem de algum tempo a insatisfação do deputado federal Hiran Gonçalves com as possibilidades abertas para a coligação da eleição para a Câmara Federal. Um dos pontos dessa insatisfação seria a candidatura do ex-secretário estadual de saúde, Paulo Linhares, tido como candidato preferencial do Palácio Senador Hélio Campos. Essas suspeitas só serão esclarecidas nos próximos dias, e sem dúvida, irá faltar cadeira no banquete para alguém.