Bom dia!Tem muita gente querendo interpretar as palavras da governadora Suely Campos (PP) no ato que reuniu vários indígenas no Palácio da Cultura, ontem de manhã, para reempossar Dilson Ingaricó na Secretaria Estadual do Índio. Como se sabe, Ingaricó fora afastado daquela secretaria pelo vice-governador Paulo César Quartiero. A governadora disse na cerimônia que Dilson Ingaricó representava a verdadeira liderança indígena que ela resolvera ter como secretário do índio. Falou mais que ele, como legítima liderança, comemorou adequadamente a determinação da Justiça Federal da Primeira Instância de Roraima de mandar o Governo Federal demarcar, em cinco anos, a Terra Indígena Anzol.

A governadora de Roraima foi muito mais além, ao afirmar que era solidária e apoiava a luta dos povos indígenas pela demarcação de suas terras, com clara sinalização de que, se realmente estiver sendo sincera, não partirá do governo estadual qualquer resistência, seja no plano político, seja no jurídico, com vistas ao enfrentamento da nova onda de demarcações de novas terras indígenas e ampliação da superfície de cerca 32 das já existentes em território roraimense. E nesse particular, Suely parece fazer companhia a senadora Ângela Portela (PDT) e ao senador Telmário Mota (PTB).

Essas declarações da governadora de apoio à demarcação de terras indígenas em Roraima não devem ser tomadas como surpresa. Ao escolher lideranças indígenas ligadas ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) e ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI), para ocupar a Secretaria Estadual do Índio, a governadora sinalizou concordar com a política indigenista dessas ONGs, principalmente no que diz respeito à demarcação. Como faz o Governo Federal, o Governo do Estado ignora muitas lideranças indígenas que sempre deram apoio à política de integração preconizada pelo Marechal Cândido Rondon. Essas lideranças foram jogadas no escaninho do esquecimento. LINHÃOOs políticos estão saltitando para comemorar a assinatura de um Decreto Presidencial autorizando a Eletronorte a assumir, sozinha os termos do Consórcio para a construção do Linhão de Tucuruí. Muitos interpretam a medida como o passo final para que a obra seja reiniciada imediatamente. Nada disso, é um passo importante, mas é apenas o início de todo um processo que envolverá desfazimento do Consórcio – com indenização da empresa privada que sai-, e a dolorosa obtenção das licenças ambientais, que passam por negociação com os índios Waimiri-Atroari, que não será fácil. E no meio ainda tem o imbróglio da Terra Indígena Pirititi. De qualquer forma é uma boa notícia.CAMPEÃOSe realmente o Governo Federal decidir demarcar, como determinou a Justiça Federal, a Terra Indígena do Anzol, um pequeno produtor/criador de gado, Ailton Cabral, estará batendo recorde de expulsões. Ele teve confiscadas em duas ocasiões, suas terras na região do Amajari, onde sua família foi pioneira desde as primeiras décadas do Século XX. Expulso do Amajari, o produtor foi se abrigar na região do Surumú, sendo dali expulso também por ocasião da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Depois dessa terceira expulsão, recebeu uma área compensatória em área remanescente da antiga Fazenda Bamerindus, e aguarda faz mais de 10 anos receber o título definitivo que lhe é de direito. Se for demarcada a TI Anzol, Ailton Cabral estará sendo expulso de onde mora e tira o sustento pela quarta vez. TRANSGÊNICAEspecialista ouvido pela Parabólica diz que se o plantio de soja em Roraima for mesmo exitoso, em pouco tempo, os produtores locais deverão plantar essencialmente soja transgênica. E a razão é muito simples. Segundo o especialista após o cultivo por algumas safras com soja tradicional, o solo fica propício ao aparecimento de plantas invasoras, elevando muito o custo com herbicidas. Esta elevação é tamanha, que o custo para plantar a soja tradicional resta mais do dobro daquele necessário para o plantio com soja transgênico. É só esperar.GREVEProfessores da Universidade Federal de Roraima (UFRR) estão se mobilizando, sendo quase certo que manhã, sexta-feira, 28, será decretada greve geral. Os professores justificam a greve como forma de demonstração contrária a aprovação das reformas Trabalhista e Previdenciária. Ontem, o Congresso praticamente sacramentou a primeira das reformas (a trabalhista) de Temer, enquanto a segunda será votada na primeira quinzena de maio.