Bom dia,

Tudo indica que a recente vinda do Presidente da República, Michel Temer (MDB), a Roraima, na quinta-feira passada (21.06), teve como um dos objetivos passar a impressão à comunidade internacional de nações de que o Brasil está empenhado em contribuir para minimizar o maior problema enfrentado pelo mundo, nestas primeiras duas décadas do século XXI: a migração de milhões de seres humanos, a maioria pobre, que saem de suas pátrias por conta de guerras civis, fome, desemprego e perseguição política de regimes tiranos, em busca de outros países onde esperam conseguir um mínimo de condição para ter uma vida digna.

Temer e seus ministros costumam afirmar que o Governo Federal tem feito o possível para enfrentar o problema trazido para nosso país a partir de um fluxo de migrantes venezuelanos que chegam ao Brasil aos milhares para fugir da miséria, da fome, do desemprego e da perseguição política sob a responsabilidade do presidente bolivariano, Nicolás Maduro. Temer quer transmitir ao mundo a ideia de que essa migração trouxe uma enormidade de problemas ao Brasil, mas em nome dos direitos humanos, seu governo está administrando adequadamente as consequências trazidas junto com a chegada dessa pobre e sofrida gente ao país.

Decididamente, o presidente exagera quando diz que esse fluxo migratório de venezuelanos trouxe graves problemas ao Brasil. Estima-se que cerca de 60.000 venezuelanos entraram no Brasil nos últimos três anos, e se este número for comparado com a população brasileira de cerca de 210 milhões de habitantes, representa insignificantes 0,03%. Ou seja, do ponto de vista do país, a vinda desses venezuelanos não tem a menor capacidade de afetar a vida normal dos brasileiros e das brasileiras que vivem em outros estados do país. Eles não podem ser acusados de tirar empregos e muito menos de criar um sobre-esforço da estrutura de serviços públicos básicos do governo brasileiro.

A mesma afirmação não pode ser feita quando a situação criada pela vinda desses milhares de venezuelanos é vista sobre os efeitos dela quando se trata de Roraima. Aqui sim, esses efeitos são desastrosos. Do ponto de vista do Estado, os 60.000 venezuelanos para o Brasil representam um acréscimo de mais de 10% da população estadual num curtíssimo espaço de tempo. Esse crescimento da população que vive atualmente em Roraima – já não há cidades, vilas e vicinais roraimenses que não registre a presença maciça de venezuelanos-, trouxe sim, graves consequências, beirando a tragédia, para a população roraimense que viu a emprego encurtar, e que está sofrendo na pele, as consequências de piora dos serviços básicos de saúde pública, segurança pública e outros, além de ter de conviver com nossas ruas, logradouros e avenidas tomadas por gente pedindo esmola.

Sim, mais uma vez afirmamos, quem está pagando o preço da migração desenfreada de venezuelanos para o Brasil são os roraimenses. E se o Governo Federal quer aproveitar desse fenômeno migratório – que está na agenda de muitos governantes mundo afora-, para aparecer politicamente correto, em sintonia com o regime internacional de direitos humanos, deve pelo menos prover de recursos federais o Governo do Estado e todos os municípios roraimenses para que eles possam dar um mínimo de assistência aos brasileiros que vivem no Estado, uma vez que até agora, Temer e seus ministros já mandaram R$ 190 milhões, e prometem mandar outro tanto, para que o Exército e algumas organizações não governamentais promovam um deficiente apoio aos venezuelanos migrantes.

Só para lembrar, o ex-ministro do trabalho, Rogério Magri, dos tempos do governo Collor de Mello: os brasileiros de Roraima, presidente Temer, são também seres humanos, e merecem algum respeito.

VENEZUELANOS O voo da Latam, que partiu de Boa Vista para São Paulo, na madrugada de ontem, terça-feira (26.06) estava literalmente lotado, sem qualquer poltrona desocupada. Um roraimense que viajou no mesmo voo disse para a Parabólica que seguramente mais de 60% dos passageiros eram de venezuelanos, muitos com a família inteira (mulheres, filhos e até netos) que desembarcaram na Capital paulista. “Eu acho que eram pessoas com algum recurso que foram para São Paulo para recomeçarem a vida. Tudo indica que em Roraima só permanecem os mais despossuídos, ou seja, aqueles que precisam de tudo para continuar vivendo. Quem tem alguma grana vai embora para centro urbanos maiores”.    

CONFIANTES A turma que, faz tempo, prometeu estancar a sangria provocada pela Lava Jato, e que haveria um acordo de alto nível para acomodar as coisas, isto é, que só alguns seriam punidos para dar uma satisfação à opinião pública, está tão confiante de que eles seguirão impunes, que já estão fazendo planos para o futuro. Segundo o site de notícia Antagonista, Eunício Oliveira (MDB) pretende concorrer à reeleição para a presidência do Senado Federal no próximo ano. Ele tem como adversários, já articulando com o mesmo objetivo, Renan Calheiros (MDB) – que quer voltar ao cargo -, e o notório senador Romero Jucá (MDB). O trio responde a mais de uma dezena de processos, sob acusação de roubo do dinheiro público, e precisa antes ser reeleito pelos eleitores do Ceará, Alagoas e Roraima, respectivamente.