Bom dia!“Uma eleição é feita para corrigir o erro da eleição anterior, mesmo que o agrave” – Carlos Drummond de AndradeMAIS APAGÃONo exato momento em que a governadora Suely Campos (PP) começou a falar para a imprensa sobre a autorização dada para a continuidade das obras do Linhão de Tucuruí, paradas há dois anos, um novo apagão ocorreu em Boa Vista, ontem à tarde. A coletiva teve que continuar com luz do ambiente. Nada mais realista do que um pouco do que o Estado de Roraima enfrenta nos últimos meses na questão energética.FANTASMANo dia anterior, ocorreu uma série de oscilações no fornecimento de energia que provocaram mais transtornos à população. Significa que se os problemas nas termelétricas não forem solucionados o quanto antes, Roraima vai ter que conviver com esse fantasma até as obras de Tucuruí serem concluídas. E vai demorar ainda muito tempo até a retomada dos serviços e a conclusão do linhão entre Boa Vista e Manaus (AM).UNIDADEFicou difícil manter o discurso de mérito de grupo na conquista pela autorização para a retomada das obras do linhão de Tucuruí. Assim que a notícia partiu do Ministério da Justiça, cada parlamentar correu logo para suas páginas nas redes sociais reivindicando sua cota do DNA. Mas o fato é que todos estão de parabéns pela maior mobilização em favor de uma causa. AUDITORIAO apagão de ontem pode ter servido para algo positivo. Auditores da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estão em Boa Vista para apurar os problemas de energia em Roraima. Eles puderam comprovar, na pele, a situação do Estado. O indicativo é de que há sérios problemas sobre os quais ninguém quer falar para a imprensa.PROPINAEnquanto Roraima tenta resolver o grave problema energético, há gente querendo ganhar ilicitamente em cima disso. O Ministério Público Federal em São Paulo ofereceu denúncia, à Justiça Federal, contra o fiscal da Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Iuri Conrado Posse Ribeiro, sob acusação de ter exigido da empresa Brasil Bio Fuels S/A (BBF) o pagamento de R$ 4 milhões em propina. Ele chegou a ser preso em flagrante, em dezembro de 2014, quando recebia parte do dinheiro.MAQUIAGEMEm 2010, a BBF venceu licitação para construir uma usina termelétrica na sede do Município de São João da Baliza, Sul de Roraima, já que a Usina Hidrelétrica de Jatapu não suportava mais atender à demanda daquela região. O fiscal sugeriu maquiar a contabilidade da empresa e justificar o superfaturamento dos custos da obra para que tivesse direito a um valor alto de indenização do Governo Federal por meio do subsídio Conta Consumo Combustível (CCC), que pode ressarcir o valor gasto na construção em até 75% mediante comprovação e aprovação da Aneel.RECURSOO ex-secretário estadual da Fazenda, Leocádio Vasconcelos, ligou para a Folha para comentar a respeito da nota “Reprovados”, da edição de ontem. Ele disse que já entrou com recurso ordinário, no Tribunal de Contas do Estado (TCE), que reprovou suas contas referentes ao exercício de 2010. Afirmou que a decisão do TCE foi baseada em uma “manifestação equivocada” do Ministério Público de Contas, onde ele manteve um embate com um de seus membros quando secretário estadual da Saúde. MARCADOUm preso da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), que tinha uma audiência na Justiça marcada para a quarta-feira, recusou-se a ser conduzido para o Fórum Sobral Pinto, onde seria ouvido. Aos agentes que foram buscá-lo o detento simplesmente afirmou que não poderia ir porque seria o dia marcado para a fuga dele. Se conseguiu fugir ou não, aí é outra história. É mole? PRESSÃOA secretária estadual de Educação, Selma Mulinari, tem se esforçado diariamente para cumprir os acordos feitos com os professores indígenas que fizeram greve e também para impedir que ocorra alguma crise em sua pasta. Ela anda “pisando em ovos” porque sabe que ainda não é definitiva sua permanência no cargo. As conversações sobre possíveis mudanças nunca cessaram. Embora não seja barulhenta, a pressão é grande.O NÃO Dois senadores roraimenses votaram “não” à manutenção da prisão do senador petista Delcídio Amaral (PT-MS): Ângela Portela (PT) e Telmário Mota (PDT). O voto da senadora é justificado por ser uma determinação partidária, o chamado “voto de cabresto”. Mas o de Telmário foi motivo de grandes especulações, a principal delas de que ele almeja ser o próximo líder do governo na Casa. A manutenção da prisão foi decidida por 59 votos favoráveis, 13 contra e 1 abstenção.EXEMPLOEm um debate realizado na segunda-feira, em São Paulo, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes usou o Estado de Roraima como exemplo de que, até pouco tempo atrás, o tribunal agia com “certa assimetria”, ou seja, dois pesos e duas medidas. “Éramos muito corajosos para cassarmos governadores de Roraima ou de Rondônia, mas éramos cuidadosos com Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais”, disse no debate promovido pelo Lide, Grupo de Líderes Empresariais.FAZ DE CONTASMendes disse que as contas do Executivo eram avaliadas em “espécie de faz de contas”, pois, entre outras razões, o Judiciário evitava se envolver com questões “politicamente muito densas”. Segundo ele, os tribunais chegavam a aplicar “multas ingênuas”, sem impacto efetivo para coibir práticas eleitorais ilegais.