Bom dia! “Quando alguém assume um cargo público deve considerar-se a si mesmo como propriedade pública” – Thomas Jefferson Não é costume da Folha falar bem ou mal de outra empresa jornalística. Mas, quando essas ações em alguma medida atingem, mesmo que indiretamente, todos os cidadãos e cidadãs de Roraima, não nos resta outra alternativa que não a de reagir. Decididamente, Roraima não é formado por um amontoado de gente corrupta, desrespeitadora dos direitos indígenas e destruidora do meio ambiente. Foi isso que, nas últimas três semanas, a maior emissora de TV do país tentou mostrar para a opinião pública nacional. Primeiro, todos ainda lembram que a Folha publicou a foto, na chamada de capa, que mostra a equipe desta organização jornalística acompanhando um grupo de militantes da ONG ambientalista Greenpeace, que fotografou o pátio de uma madeireira no Município de Rorainópolis, no Sul do Estado, colocando em destaque uma faixa com a legenda: “Aqui começa a seca no Sudeste”. Tal imagem foi espalhada pelo mundo inteiro através da mídia tradicional e pelas redes sociais. Na semana seguinte, a Globo mandou para Roraima uma equipe comandada pela competente e respeitada repórter Cristina Serra para fazer a cobertura sobre corrupção praticada na administração passada da Câmara Municipal de Boa Vista. Evidentemente que nenhuma serraria implantada em Rorainópolis, às proximidades de uma terra indígena em Roraima, a dos Pirititi, é responsável pela falta de água no Sudeste do país (isto é uma piada do ponto de vista científico) e muito menos a corrupção instalada na Câmara de Boa Vista é o maior e mais exemplar caso que se tem na administração pública roraimense. E por que a mais importante organização ambientalista internacional e a mais poderosa organização jornalística brasileira se empenharam tanto em mostrar essas “mazelas” que assolam o Estado de Roraima? É bom não deixar de levar em consideração que Roraima enfrenta um desafio que, ao olhar de tudo quanto diz respeito ao desenvolvimento do Estado, é um nó importante a ser desatado para que os habitantes roraimenses possam sair do sufoco da falta de emprego nessa economia de contracheque chapa-branca. Trata-se, evidentemente, da construção do linhão que traria energia da hidrelétrica de Tucuruí, a maior do Norte brasileiro, até Boa Vista. Políticos, técnicos e o cidadão comum têm absoluta convicção de que a energia que nos alimenta, vinda de Guri, na Venezuela, tem seus dias contados. E que promover plantios e instalar indústrias pagando o custo de geradores termelétricos torna absolutamente inviável o desenvolvimento do Estado de Roraima. Ora, está feito o cenário. Para quê trazer energia farta e barata para Roraima se nós, roraimenses, não passamos de um povo que desrespeita direitos indígenas, destroi florestas, deixando a população sulista sem água e, ainda de quebra, alimentamos uma cambada de políticos corruptos que sugam dinheiro público? ESTRANHO 1 Leitores da coluna ligaram para dizer que acharam estranho que vários vereadores da base governista da Câmara de Boa Vista ficaram de fora dos olhares argutos e impiedosos das lentes do Fantástico. O foco dessas investigações jornalísticas recaiu especialmente sobre a base oposicionista daquela Casa legislativa. A exceção foi o vereador Mauricélio Fernandes (PMDB), que até o ano passado era o líder e hoje é vice-líder do Executivo municipal. ESTRANHO 2 A parte da matéria envolvendo o imbróglio que se montou na ida da equipe de reportagem do Fantástico à residência da vereadora Mayara Ferreira (PMDB) foi igualmente editada. É bom lembrar que, neste caso, a equipe chegou a ser conduzida pela política até o distrito policial, onde foi registrado um boletim de ocorrência contra uma presumida tentativa de invasão a domicílio. VEJA Curiosamente, no mesmo domingo em que saiu a matéria sobre a Câmara de Boa Vista, a qual vinha sendo anunciada há duas semanas, a edição da revista VEJA trouxe a matéria intitulada “Com o dinheiro dos outros, é fácil”, a qual fala da emenda de Romero Jucá (PMDB), relator do Orçamento 2015, que fez aumentar de R$289 milhões para R$867,5 milhões o valor do Fundo Partidário. Diante da denúncia feita pelo Fantástico, no dia de aniversário de 50 anos da Globo, a matéria da VEJA teve pouca repercussão. SITIAM Na edição de ontem, o jornal O Globo deu, com chamada de capa, destaque à nomeação do ex-deputado federal catarinense João Pizzolatti (PP) como secretário extraordinário do Governo de Roraima. Depois de dizer que o governo local é dado a nepotismo, o jornal das organizações Globo afirmou que a nomeação se deveu à tentativa de tumultuar o trabalho da Justiça. Para lembrar os leitores, Pizzolatti é citado como um dos beneficiários do esquema “Petrolão”. É o cerco se fechando em torno de Roraima. SERIEDADE A imprensa do Sul só gosta de mostrar o lado ruim do que ocorre em Roraima. O que é bom ela ignora. Veja esse exemplo: levantamento realizado pela Controladoria-Geral da União (CGU) mostra que a maioria das universidades federais do Brasil não concluiu as obras financiadas com transferências de recursos do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Na Universidade Federal de Roraima (UFRR), todas as obras foram concluídas e, diga-se de passagem, sem qualquer denúncia e muito menos indícios de superfaturamento.