Bom dia,Ontem, em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha, o sociólogo Vicente Joaquim, que conhece bastante de números – ele foi chefe local do IBGE durante 27 anos –, disse existirem na Venezuela algo em torno de um milhão de pessoas vivendo na mais absoluta miséria, fruto em parte da crise política e econômica que se abate sobre aquele país vizinho, e também consequência da forte taxa de urbanização dos últimos anos da população venezuelana. Esse imenso contingente de pessoas vivendo na extrema pobreza, segundo o sociólogo, pode aumentar a crise migratória de venezuelanos para Roraima, se a situação interna daquele país não tiver uma solução.
E nesse sentido, Vicente Joaquim diz que qualquer solução que possa ser tentada pelas autoridades brasileiras será necessariamente paliativa. E adverte que a situação é mais grave porque ocorre num momento em que o Estado brasileiro, nos seus três níveis de governo (federal, estadual e municipal) atravessa igualmente uma crise financeira e moral, o que deixa nossa população com enorme carência de oferta de serviços públicos, o que potencializa eventual rejeição a qualquer assistência à enorme população migrante. Aí está o imbróglio, que encontrará forte resistência da população local e até agora o poder público não demonstrou, nem de leve, vontade política de enfrentá-lo.
Ao contrário, a recente patuscada promovida no interior do Palácio do Planalto, quando nove ministros do governo Temer se reuniram com a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (PMDB), e o notório senador Romero Jucá (PMDB), para buscar a formatação de um plano de apoio aos migrantes venezuelanos, resultou em terrível equívoco que, tipo efeito bumerangue, se abateu sobre a prefeita, como um potente cruzado de um pugilista dado a nocautear seus adversários. A tal reunião, com intenção absolutamente politiqueira, feita às pressas e com oportunismo, deixou de fora importantes protagonistas locais, sem os quais resta impossível fazer alguma coisa com seriedade.ALUGUELPoucas ideias tiveram tanto repúdio da população, nas ruas, na imprensa e nas redes sociais com o tal do aluguel social que beneficiará a população migrante venezuelana. Essa proposta, que deve ter sido feita por alguém de Roraima presente à reunião, e pelo que se conhece da prefeita Teresa Surita parece pouco provável ter partido dela, só provocou uma grande reação da população local, que enfrenta um monte de carência nos hospitais, postos médicos e outros serviços municipais. E o pior; pelas manifestações generalizadas, só aumentou a resistência da população local contra a presença de milhares de venezuelanos entre nós.ELEITOREIRAA proposta do aluguel social, nascida nas entranhas da reunião do Palácio do Planalto, pegou tão mal que logo a imaginação popular criou uma explicação para tal. Um leitor da Parabólica mandou e-mail com a seguinte versão: “Esse aluguel pode ser uma grande jogada de captação antecipada e irregular de votos para as eleições de 2018. Imagine se forem alugados três mil imóveis para atender os venezuelanos de famílias que tenham em média três eleitores, o que implica num universo de nove mil votos. Como não se sabe que critérios serão utilizados para selecionar os imóveis – e seus proprietários – a serem alugados, quem garante que a negociação não envolverá compromissos eleitorais para as próximas eleições?”, escreveu o leitor. E nós perguntamos: faz sentido esse raciocínio?GRUPO 16Também em entrevista ao programa Agenda da Semana, de ontem, na Rádio Folha, o deputado estadual Joaquim Ruiz (PODEMOS) confirmou a chegada de mais dois parlamentares – Odilon e Diego Coelho – ao antigo G-14. Ruiz diz que esse bloco parlamentar é liderado pelo presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), Jalser Renier (SD), mas não abrirá mão de buscar um nome de consenso para disputar o Governo do Estado no próximo ano. E reforçou a informação já dada por outro deputado do G-16, o deputado estadual Jânio Xingu (PSL), que o nome da prefeita Teresa Surita, caso ele seja indicado pelo senador Romero Jucá (PMDB), encontra forte rejeição dentro do grupo.POSSIBILIDADENa mesma entrevista, o deputado estadual Joaquim Ruiz disse não descartar a possibilidade de uma parte do G-16 – algo em torno de 10 parlamentares – vir a apoiar a reeleição da governadora Suely Campos (PP), caso seja feita uma negociação que resulte em significativa reorientação de metas e métodos no governo estadual. O parlamentar fala dessa possibilidade de articulação com a governadora Suely Campos, na hipótese de o deputado estadual Jalser Renier não querer disputar o governo no próximo ano. Fonte da Coluna garante que ele não está falando sozinho, e que ainda esta semana pode haver novidade no front político local.CONVÊNIOO Imposto Territorial Rural (ITR) é arrecadado pela Receita Federal, mas 50% de sua arrecadação a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) repassa para os municípios onde se localiza o imóvel rural objeto da tributação. Se os municípios decidirem fiscalizar o pagamento do ITR, através de convênio com a Receita Federal do Brasil (RFB), podem receber da STN toda a arrecadação do imposto. Ontem, na Rádio Folha, o delegado da Receita Federal em Roraima, Omar Rubin, disse que até agora nenhum dos 15 municípios roraimenses mostrou interesse em firmar a parceria para fiscalizar o ITR. Deve ser porque os prefeitos e prefeitas estão com os cofres municipais abarrotados de grana.