Parabólica

Parabolica 28 10 2014 203

Bom dia, “Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos” – Friedrich Nietzsche A histórica derrota da máquina nas eleições deste ano, quebrando um paradigma em Roraima, é consequência de uma ação desastrosa na condução do Estado em conflito com os interesses de quem dava as ordens no grupo governista, cujo plano era o de montar uma oligarquia que concentrasse todo o poder político local nas mãos de um único grupo. Esse plano começou a ser arquitetado em 2010 e havia a meta de se alcançar o ápice nas eleições de 2018. Mas, quando os planos são ambiciosos demais, há sempre o risco de tudo desmoronar, como foi o que ocorreu quando o grupo se desmantelou por causa do racha logo no primeiro turno em virtude da disputa pela vaga de Senado. Paralelo a isso, viu-se arquitetar um plano maligno de apropriação de recursos públicos, a exemplo dos fatos denunciados na Saúde pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), e da apropriação das terras que foram repassadas ao Estado pela União, denúncia esta feita pelo Ministério Público Federal e investigadas pela Polícia Federal. Nas semanas que antecederam a votação do segundo turno também viu-se uma enxurrada de denúncias sobre compra de votos, inclusive com os esquemas sendo vazados por meio das redes sociais e de compartilhamento de mensagens por celular via WhatsApp, o que minou de certa forma as possibilidades de repetir os grandes esquemas eleitorais de anos anteriores. Houve uma sequência de fatos que permitiram que a máquina fosse derrotada pela primeira vez. Mas o principal foi o fato de o atual grupo ter quebrado a engrenagem desta máquina, a ponto de não ter mais a força que ela conseguia imprimir em um Estado que praticamente depende dos salários que circula dos servidores públicos. A urna apenas refletiu a sanha dos que achavam que tudo podiam só por ter a máquina nas mãos, desrespeitando aliados ou os usando de acordo com a conveniência para se montar a oligarquia. Fica a lição política em tempo de redes sociais, as quais servem para explicitar à opinião pública aquilo que os políticos sempre quiseram manter oculto. SOZINHO Assim que foi oficializada a vitória da candidata Suely Campos (PP) na disputa pelo Governo de Roraima, na noite de domingo, o governador Chico Rodrigues (PSB), que concorria a reeleição, ficou praticamente só no Palácio Senador Hélio Campos, acompanhado de duas ou três pessoas. Ao convocar a imprensa ontem para falar do resultado do pleito,Chico também se manteve sozinho, como se ele tivesse perdido a disputa sem um grupo. TRAIÇÃO O que chamou a atenção na fala de Chico Rodrigues à imprensa foi que ele enfatizou a palavra “traição”. Chegou a dizer que, ao visitar as seções eleitorais, no domingo, percebeu que os eleitores não estavam votando contra a pessoa dele. Não chegou a citar o nome do senador Romero Jucá (PMDB), mas ficou implícito a quem se referia. Para um bom entendedor, poucas palavras bastam. RETORNO Além da rebelião que começou na noite de domingo e seguiu pela segunda-feira pela manhã, os servidores da Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) foram pegos ontem por outra surpresa: um motorista do sistema prisional, que foi solto depois de ter sido preso em flagrante, acusado de integrar uma quadrilha especializada em arrombar caixas eletrônicos, se apresentou para trabalhar. Embora seja concursado, ele não é agente, por isso deveria ser lotado em outro setor. DESAGRADO O fato desagradou os profissionais que atuam no sistema, pois o servidor em questão é irmão de um dos detentos que está sendo investigado por integrar o crime organizado em Roraima. Como ganhou a liberdade provisória por meio de alvará judicial, os servidores acreditam que ele não teria qualquer condição de trabalhar no sistema prisional, onde ele ficou recolhido e também onde possui um irmão preso. GOTEIRAS A forte chuva que caiu em Roraima no dia da votação do segundo turno, no domingo, serviu para mostrar a situação da estrutura de muitas escolas públicas, que foram tomadas por alagamentos por causa de goteiras no teto. Em uma delas, na Escola Municipal Profª Glemíria Gonzaga Andrade, no bairro Cidade Satélite, havia goteiras até no pátio principal.   RESSACA Para algumas pessoas, restou a ressaca eleitoral mesmo que elas não tivessem nada a ver com a disputa. Os 173 atletas que integram a comissão técnica que irá representar o Estado de Roraima nos Jogos Universitários Brasileiros (Jubs) deste ano, em Aracaju (SE), estão correndo o risco de ficarem sem a passagem aérea prometida pelo governo. Até ontem, não havia garantia do patrocínio dos bilhetes aéreos. Eles receberam a informação de que as passagens não serão liberadas, mesmo depois de autorizadas pelo governador Chico Rodrigues (PSB) e deputado Rodrigo Jucá (PMDB). LIGAÇÃO Os atletas disseram ter recebido uma ligação, na manhã desta segunda-feira, afirmando que o governo não irá mais pagar as passagens. A viagem está marcada para hoje e, caso não consigam viajar para disputar as diversas modalidades para as quais estão inscritos, esses jovens ainda poderão ir a julgamento na Justiça Desportiva, sem contar que poderão ser prejudicados depois de todo o empenho e dedicação que tiveram durante o treinamento para representar o Estado. COBRANÇA A cena se repetiu nesta segunda-feira: supostos cabos eleitorais cobrando pagamento por serviços prestados a candidatos no segundo turno. No encerramento do primeiro turno, as redes sociais ficaram abarrotadas de denúncias de calotes por parte dos candidatos. Uma internauta foi mais além: postou no perfil do Instagram de uma parlamentar eleita a cobrança pelo serviço prestado como cabo eleitoral. E ainda disse que iria fazer a denúncia na Justiça Eleitoral. Em questão de horas a dívida foi quitada. VIGÍLIA A “feira-livre” da compra e venda de voto no segundo turno não ocorreu como se era esperado. Porém, um dos motivos que intimidou o mercado de votos foi o surgimento de grupos que fizeram vigília desde a noite de sexta-feira fiscalizando movimentação nos bairros mais afastados do Centro para denunciar crimes eleitorais. Algumas apreensões de dinheiro ocorreram graças a estas denúncias feitas aos órgãos policiais e fiscalizadores.