Bom dia!

Pode parecer chato aos leitores da Parabólica voltar a tratar neste espaço, mais uma vez, da problemática da migração de venezuelanos para o Brasil através de Roraima. Mas que fazer? Temos inúmeros problemas a resolver no sentido de melhorar a qualidade de vida de todos que vivem por aqui, neste extremo Norte, entre os quais a questão do suprimento de energia elétrica e a liberação, pelo Governo Federal, da Anuência Prévia para a emissão de títulos definitivo, um dos instrumentos destravadores do desenvolvimento rural do estado. Mas, sem dúvida, a desordem social trazida por um contingente de migrantes incapaz de ser absorvido pelo estado é a questão mais candente a ser enfrentada.

E temos que continuar falando sobre essa temática, especialmente a cada anúncio de medidas feito pelo Palácio do Planalto, para minorar o caos social já instalado por aqui. Para utilizar um termo bem antigo e popular por aqui, sempre que o Governo Federal anuncia mais uma presepada, que define a conduta de alguém que foge do razoável e não produz resultado mais concreto. A medida anunciada ontem, pelo presidente da República, Michel Temer, desde o Palácio do Planalto – decretou a intervenção das Forças as Armadas para Garantir a Lei e a Ordem (GLO) em Roraima – parece uma presepada.

Faz poucos dias, o ministro das Relações Institucionais, Sérgio Etchegoyen, disse que o Governo Federal não poderia atender um pedido de GLO, feito ano passado pela governadora Suely Campos (Progressistas) porque ele, o pedido, estava incompleto. E o que completou, agora, esse pedido? Teria sido o pedido de saída do notório senador Romero Jucá (MDB) da liderança do governo no Senado Federal? Afinal, o anúncio da medida ocorreu 24 horas após o ato “corajoso” de Jucá, que, segundo ele próprio, saía daquela liderança, por não concordar com a forma do governo de Temer de lidar com a questão migratória em Roraima.

E será que a presepada não pode ser enquadrada como abuso de poder político, na medida que essa medida venha resultar em benefício eleitoreiro ao ex-líder do governo no Senado Federal? Pena, que no meio dessa nova presepada esteja o glorioso Exército Brasileiro de tantas e honradas missões já realizadas em defesa da Pátria.

NÃO ADIANTA?

E Eliseu Padilha, o ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, e que anda as voltas com denúncias de corrupção, disse, ontem, que o envio de dinheiro do Governo Federal para o governo estadual de Roraima não resolverá nada da questão dos migrantes venezuelanos. Como vem fazendo todos os ministros do atual governo federal, o discurso é de que já foram repassados quase R$ 200 milhões para este fim. Como já se disse aqui neste espaço, a afirmação não é verdadeira, pois confunde intencionalmente transferência obrigatória com transferência voluntária. É pura presepada.

CENSURA

E o Ministério Público Federal do Amazonas, hein? Pois é, reintroduziu no Brasil o instituto da censura prévia, abolido desde a promulgação da Constituição Federal de 1988. Como isso foi feito? Através de uma recomendação daquele MPF (AM) ao Instituto de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e à Fundação Nacional do Índio (Funai) para que se abstenham de fazer qualquer declaração pública envolvendo manifestação sobre a posição dos índios Wamiri-Atroari com relação ao projeto de construção do Linhão de Tucuruí. Os procuradores também recomendaram – sob pena de seus dirigentes responderem a processos por improbidade administrativa – àqueles órgãos federais que se abstenham de emitir licenciamento ambiental fatiado para aquela obra, como foi anunciado pelo Palácio do Planalto.

INTERLOCUTORES

O ministro da Defesa, general Luna e Silva, tentou telefonar ontem, à tarde, para a governadora Suely Campos. Queria explicar para a chefe do poder executivo estadual as razões, e os limites, da autorização dada pelo presidente Temer para a utilização das Forças Aramadas para a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em Roraima. Como estava no interior, a governadora não atendeu o telefonema do ministro, sendo indicado o chefe da Casa Civil, Frederico Linhares, para substituí-la na interlocução. O ministro negou-se a falar com ele, e com qualquer outro secretário estadual. Disse que só falaria com a governadora ou com o Procurador-Geral do Estado. Assim foi feito.

PROMETEU

O deputado federal Remídio Monai (PR) recebeu uma mensagem desesperada, via WhatsApp, de uma moradora de Pacaraima. Nela, a moradora pedia que Remídio convencesse seus colegas de Câmara Federal de fazerem alguma coisa no resto de tempo de mandato que ainda exercem, para minorar a dramática situação vivenciada pelos brasileiros que moram naquela cidade fronteiriça com a Venezuela. Remídio reenviou a mensagem ao presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, que sensibilizado com os fatos narrados prometeu ao deputado federal roraimense que tomaria para si a tarefa. Tomara.

FLUXO

É tudo uma questão de fluxo versus estoque. Se você retirar de um recipiente um volume menor do que o fluxo de entrada, logo o recipiente vai transbordar. É assim que tem de ser visto o anúncio do Governo Federal de que a partir da próxima semana vai interiorizar, a cada sete dias, cerca de 400 venezuelanos para outros estados brasileiros. Ora, o fluxo diário de entrada deles pela fronteira de Roraima é de cerca de 800 pessoas. Logo…