Bom dia,
Quem andou com olhos e ouvidos atentos por Boa Vista nesses últimos dois dias, especialmente, quem caminhou pelos vazios corredores dos dois shoppings da Capital, e observou o interior das lojas quase entregues às moscas, pode sentir uma pálida ideia do quanto criminosa é essa cultura de feriadão em Roraima. Desde quarta-feira, 28.03, dá para observar o esvaziamento da cidade, com a saída de milhares de pessoas para outros estados brasileiros, com destaque para Manaus, e até mesmo para as cidades-comércio Lethem (Guiana) e Santa Elena de Uairén (Venezuela). E quem sai é quase sempre aqueles que têm um pouquinho mais de poder aquisitivo e nesse sentido, vão usá-los noutros mercados.
Para uma economia que vive basicamente do contracheque “chapa branca”, essa facilitação para que consumidores locais aproveitem os longos feriados para “vazar” com uma parte significativa da demanda local de bens e de serviços. Nesse sentido, constitui ato de descompromisso com a economia local, e mesmo de irresponsabilidade, a conduta desses agentes públicos que vivem criando pontos facultativos para esvaziar a Capital roraimense. Como se já não bastasse outra conduta criminosa, desses mesmos agentes, que continuam a contratar todos os tipos de empresas de fora do Estado, mesmo quando as firmas locais têm as mesmas condições que as de fora.
QUEDASobre esse esvaziamento de Boa Vista, por conta desse feriadão da Semana Santa, um empresário ouvido, ontem, pela Parabólica, disse: “Minha loja vende numa quarta-feira como a desta semana cerca de R$ 15.000,00. Na última (28), as vendas não chegaram a R$ 4.000,00. Essa gente de governo não entende que deixar de trabalhar quatro dias, para nós empresários, significa menos dias de faturamento para pagar os compromissos que vão desde a quitação de duplicatas, até o pagamento dos salários dos trabalhadores e ainda de impostos, que financiam a festança dessa gente. É uma vergonha”, desabafa o empresário.
EM RISCOComo você vai ler, na edição de hoje da Folha, milhares de pessoas que sonham em ter o benefício de voltar a ser funcionário do Governo Federal podem ser prejudicadas pela ação deletéria de alguns parlamentares, que tentam tirar proveitos eleitoreiros dos efeitos provenientes da Emenda Constitucional Nº 98. Ou seja, o enquadramento dos potenciais beneficiários poderá ser suspenso, em função da tentativa de influenciar o voto dessa gente nas próximas eleições de outubro. A coisa começou com denúncia anônima no Amapá e pode ter reflexos aqui em Roraima. Os canalhas não param de agir, neste país onde pessoas do círculo íntimo do Presidente da República são presos num único dia, e tudo parece muito normal.
PRIVADATudo ainda está no começo, mas é sinal de que a população já não confia no aparato estatal da Segurança Pública do Estado e do município. Segundo uma fonte da Parabólica, empresas privadas de segurança já começam a vender serviço de vigilância, sobretudo noturna, em alguns bairros de Boa Vista. Por enquanto, o preço cobrado é de setenta reais por casa e com certeza pode aumentar rapidamente. O perigo desse tipo de serviço é que ele pode, com muita facilidade, ser prestado por milícias. E como mostra a experiência, visitas de meliantes às casas que não aderirem ao serviço, podem convencer os recalcitrantes a pagar a taxa de segurança. Tem sido assim, em várias cidades brasileiras.
DESCONFIANÇAO leitor da Parabólica que trouxe a notícia sobre a oferta de segurança privada nalguns bairros de Boa Vista diz: “Eu vejo isso com desconfiança porque com o tempo, eles controlam a área e geram problemas para os moradores que não pagam. No cinema, essa situação pode ser vista no filme ‘O Som ao Redor’. Em alguns lugares essas empresas são controladas por policiais. Não podemos deixar a nossa cidade caminhar para isso”. Tem inteira razão a preocupação do nosso leitor.
EXPECTATIVAÉ grande a expectativa no mundo político local com a aproximação data limite para a mudança de partido e que coincide também com o prazo fatal para que ocupantes de cargos executivos deixem suas funções, se quiseram concorrer nas eleições de outubro. O foco principal dessas expectativas diz respeito à renúncia da prefeita Teresa Surita (MDB), que terá que entregar o comando do Palácio 9 de Julho até o dia 7 de abril. Tem muita gente apostando que, apesar de ter declarado, com toda ênfase, que iria disputar o governo, Teresa Surita ainda poderia ser convencida de não largar o certo pelo duvidoso. Alguns auxiliares diretos torcem pela permanência dela na PMBV.
MIGRAÇÃOEm decorrência da ação do Conselho Tutelar que retirou dos cruzamentos de ruas e avenidas dezenas de crianças utilizadas pelos adultos para pedir esmolas, ontem era possível ver em algumas lojas movimentadas a presença de muitas dessas crianças dentro delas. Pediam de tudo, desde um dinheirinho até a compra de alimentos. De fato, parece que as autoridades ainda não se convenceram que a questão dos migrantes venezuelanos é muito mais complexa do que parece ser. Na Praça Simón Bolívar, por exemplo, ainda não dá para ver o efeito, depois que centenas de pessoas foram retiradas dali para o novo abrigo.