Bom dia!Nelson Rodrigues, jornalista e dramaturgo, dos melhores que o Brasil já teve, disse, certa vez, para descrever uma fase da vida brasileira: “O mundo só se tornou viável porque antigamente nossas leis, a nossa moral, a nossa conduta eram regidas pelos melhores. Agora a gente tem a impressão de que são os canalhas que estão fazendo nossas vidas, os nossos costumes, as nossas ideias. Ou são os canalhas ou são os imbecis, e eu não sei dizer o que é pior”. É ainda um grande pensador e polemista da pátria tupiniquim, Olavo de Carvalho, quem diz: “Os pequenos canalhas se aproveitam da idiótica pronta. Os grandes a fabricam”.

O cenário da política brasileira que emoldura a vida pública do País, composto por uma elite política canalha, de alguns tecnocratas viciados e de dúzias de médios e megaempresários que acumulam lucros milionários participando de licitações viciadas, é a expressão viva de que Nelson Rodrigues e Olavo de Carvalho estão absolutamente certos. Somos uma pátria de milhões de imbecis – afinal, somos nós quem permitimos, ao fim e ao cabo, que eles continuem impunes -, que vê esvair pelas veias da corrupção qualquer esperança de uma vida melhor.

As revelações que estão sendo feitas diariamente pela imprensa nacional, frutos do trabalho corajoso de meia dúzia de agentes públicos diferenciados, mostram que o Brasil está numa encruzilhada: ou manda para cadeia os canalhas, ou vai amargar muito mais crise e sofrimento para todos os brasileiros e brasileiras. Como a podridão do corpo político tupiniquim alcança o núcleo central do governo interino de Michel Temer (PMDB), e também do governo da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), a única saída para a crise brasileira é a convocação para novas eleições gerais.

Claro, com o impedimento dos canalhas para disputar esse novo pleito, afinal, se não for assim, eles terão milhares de pequenos outros canalhas que, por admiração, neles votarão, e milhões de imbecis dispostos a vender o voto, iludidos pelo marketing, ou comprados pelo dinheiro roubado dos órgãos públicos.ADITAMENTOAlguns senadores devem aditar, ainda esta semana, a denúncia contra o senador Romero Jucá (PMDB), que já tramita na Comissão de Ética do Senado Federal. Tudo porque a imprensa publicou notícia dando conta de que ele teria sido citado como autor de informações do governo brasileiro para o governo americano. Se um cidadão comum já comete crime de lesa-pátria ao passar informações do País para governos estrangeiros, imagine quando se tratar de um senador da República!VAZIOUma viagem pela BR-174 de Manaus para Boa Vista ou em sentido contrário é algo revelador para quem gosta de observar. Da capital amazonense até a capital roraimense, as duas margens da rodovia apresentam um cenário de vazio econômico. Aqui e acolá é possível perceber a presença de um pequeno rebanho de gado bovino pastando em pastos degradados e, à altura do Município de Rorainopólis, são observáveis alguns plantios de dendê, em cultivos normalmente mal cuidados. Só entre Caracaraí e Mucajaí é possível ver máquinas agrícolas trabalhando a terra. É muito pouco para um Estado que se diz de vocação agropecuária.LIGEIRINHOO jornalista Ricardo Noblat tem uma explicação para a rápida passagem do senador Romero Jucá (PMDB), tanto pelo Ministério da Previdência Social (governo Lula da Silva, que durou três meses) quanto pelo Ministério do Planejamento (governo Michel Temer, com duração de menos de 12 dias). Depois de elogiar a esperteza e a capacidade de Jucá de perceber para onde os ventos sopram, e lembrar que acusações o acompanham desde que ele foi lançado na vida pública, Noblat diz: “Coisas assim podem ser carregadas no bolso no compadrio do Legislativo, onde Jucá foi líder de três governos e fundamental a quatro, mas são insustentáveis sob os holofotes do Poder Executivo”. É ou não um “belo” elogio ao Legislativo?INUSITADAÉ difícil alguém ver com desconfiança quando o presidente da mais alta Corte eleitoral do País, ministro Gilmar Mendes, visita, num sábado à noite, o presidente interino da República, Michel Temer. De qualquer forma, essa visita tem componentes inusitados: Mendes é relator de uma ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pode cassar o mandato de Temer. Acresce também que assuntos administrativos e oficiais, a princípio, seriam melhor tratados no expediente normal das duas autoridades. Finalmente, esse reforço às verbas ao TSE, para bancar as eleições de outubro próximo, já havia sido pedido por Mendes, e sinalizado positivamente por Temer.  ESCÂNDALOChegam à Parabólica notícias dando conta de que outro escândalo pode brotar aqui, na Amazônia. Trata-se da manipulação de verbas públicas direcionadas aos Distritos Especiais de Saúde Indígena (DSEI). Segundo essas informações, especialmente nos estados amazônicos, existem vários indícios de licitações dirigidas para a escolha de empresas prestadoras de serviços para tais órgãos. Esses vícios estão presentes nos contratos de transporte e de fornecimento de remédios e outras mercadorias. Um conhecido político de Roraima seria um dos beneficiados.