Em 2016, Michel Temer (PMDB) governou o país em nove dos doze meses e o Governo Federal produziu um rombo nas contas públicas da ordem de R$ 170 bilhões. Desde que assumiu, mesmo na interinidade, o presidente peemedebista pôde realizar todas as mudanças que julgou necessária na equipe de governo e na condução dos gastos públicos. Mesmo assim, o novo presidente responsabilizou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) pelo descalabro fiscal do governo. A imprensa engoliu isso, e parece que a sociedade civil brasileira também foi na onda.
Neste exercício fiscal de 2017, o orçamento foi feito todo pelo atual governo que estimou inicialmente outro rombo de R$ 130 bilhões até o final do ano. Esta semana, o ministro da Fazenda antecipou os novos e verdadeiros números do Orçamento de 2017, que apresenta um acréscimo de mais R$ 58 bilhões aos R$ 130 bilhões já previstos, elevando o tombo (déficit primário) das contas públicas do segundo ano de governo Temer para inacreditáveis e inaceitáveis R$ 186 bilhões. É um escândalo, e uma prova cabal de que Temer e seus companheiros de Lava Jato ampliaram aquilo que eles chamaram de descalabro fiscal dos governos petistas.
Para reduzir esse monumental déficit, o ministro da Fazenda, Henrique Meireles, anunciou, com a maior cara-de-pau, que não está descartada a alternativa de aumentar impostos, salgando de sacrifícios ainda maiores os brasileiros que ainda não feneceram com a crise. Ora, será que um governo, que abriga em suas entranhas malfeitores que roubam dinheiro público, tem força moral para cobrar ainda mais sacrifício da população brasileira?
Essa gente, citada em várias delações negociadas no âmbito da Lava Jato, continua liberando dinheiro do Tesouro Nacional para seus redutos eleitorais e para irrigar seus dutos por onde flui o dinheiro da corrupção. É por isso que o rombo das contas públicas tem aumentado, em vez de diminuir. Os ratos continuam roendo parte do dinheiro público e, enquanto eles não forem afastados de seus postos de influência, falece ao Governo Federal força moral para cobrar mais impostos da população.
TEM MAISEspecialista ouvido pela Coluna diz que parte dos brasileiros e das brasileiras conseguiu se escandalizar com o roubo ocorrido na Petrobras revelado pela Lava Jato. Embora seja considerado um dos maiores esquemas de corrupção do mundo, aquela roubalheira não é fato isolado na administração pública nos últimos anos. Se os canalhas não conseguirem estancar a sangria provocada pela Lava Jato, e os investigadores do Ministério Público Federal e da Polícia Federal não arrefecerem os ânimos, há uma enorme podridão nos porões do BNDES, das elétricas federais e no Ministério dos Transportes. Sem dúvida, há coisas a exalar muito mais mau cheiro.
TERRA ARRASADAOs canalhas que estão presentes em quase todos os esquemas de corrupção da administração pública brasileira estão desenvolvendo uma nova tese para estancar a sangria provocada por conta da ação do Ministério Público e Polícia Federal. Eles cinicamente estão propalando que não se faz política sem políticos, e se as investigações forem estendidas, vai levar quase toda a elite do Congresso Nacional, e como então teriam as eleições em 2018? Um deles chega ao escárnio de dizer que não se faz um candidato a presidente faltando tão pouco tempo para as eleições. É mole?
PREVIDÊNCIAAo retirar os servidores estaduais e municipais da reforma da Previdência, Michel Temer colocou uma bomba relógio no colo de governadores e prefeitos. Ora, os estados e os municípios não têm competência para criar contribuições do tipo: PIS/Confis, CSL e outras. E como o financiamento dos institutos de previdência estaduais e municipais só é feito com a contribuição patronal (estado e município), com contribuição dos próprios servidores e com recursos fiscais de estados e municípios, a corda vai quebrar na parte mais fraca, os trabalhadores. Vem por aí aumento das alíquotas da contribuição previdenciária mensal dos barnabés nos estados e dos municípios.
PEQUENOSA decisão do presidente da República de retirar servidores estaduais e municipais da reforma da Previdência não levou em conta, com certeza, a existência dos pequenos municípios. Dos quase seis mil existentes, a esmagadora maioria deles tem número de servidores que não viabiliza a criação de institutos de previdência próprios, obrigando que eles sejam jogados no Regime Geral de Previdência. Em outras palavras, esses servidores serão, sim, atingidos pela reforma geral da Previdência. Em Roraima, por exemplo, excluindo Boa Vista, os demais 14 municípios estarão neste caso.
VICINAISUma das indústrias mais ativas em Roraima é a de recuperação de vicinais. São milhões de reais despendidos de dinheiro público na conservação dessas vias de acesso às entranhas do interior de nossos municípios. Só não se divulga o número de produtores beneficiados e qual o volume de produção que transitará por tais vicinais. E o pior: são recuperações do tipo Sonrisal, que dissolvem na primeira água. A Folha publicou, na quarta-feira, 21, uma matéria que poderia servir de exemplo para uma completa revisão sobre os critérios de prioridades para tais obras. Ou será mais um duto para escorrer dinheiro público para o lamaçal da corrupção?