Acompanhem, os leitores, o que fazem nossos governantes e os políticos que se dizem representantes de quem vive em Roraima. Se prestada a devida atenção, não dá para fugir da sensação de que somos, enquanto sociedade, uma nau sem rumo, e muito menos sem destino final. E nesse sentido, os tripulantes dessa nau – os governantes e os políticos – agem como aquele capitão Francesco Schettino, comandante do navio Costa Concórdia, que naufragou na costa litorânea italiana em 2012. Depois de jogar a embarcação contra rochedos, ele a abandonou sem prestar qualquer ajuda ou orientação aos passageiros.
Os nossos governantes e representantes políticos, na mesma direção, agem para salvar-se nessa nau sem rumo, lutando apenas para preservar seus próprios mandatos e de seus apaninguados. Preservando-os, garantem acesso e privilégio ao butim, garantindo os melhores lugares na nau sem rumo, que apesar de perdida, ainda reserva nacos de espaços para suas realizações pessoais e grupais. Eles sabem que ainda dá para navegar por algum tempo, mesmo que as consequências desse navegar sem rumo vão, aos poucos, destruindo os sonhos dos passageiros – o povo -, especialmente dos jovens.
É por isso útil parodiar o filósofo e economista Eduardo Giannetti, quando traz algumas perguntas que são difíceis de responder, mas que são indispensáveis de fazer: Quem somos nós roraimenses? Qual o lugar de Roraima na Amazônia, no Brasil e no Mundo? O que nos distingue como roraimense e como Estado? Qual nossa identidade enquanto sociedade, que nos faz viver no mesmo espaço geográfico? Ou continuaremos, pelo resto da vida, como um amontoado de gente, vendo a disputa de grupos políticos pelo dinheiro público para roubar boa parte dele?
PERSEGUIDOSDá repugnância ouvir as respostas dos canalhas envolvidos na Operação Lava Jato a cada descoberta feita pelos investigadores. Eles se apresentam sempre como políticos probos e honestos, vítimas dos investigadores e dos que divulgam dados sobre as investigações, que eles chamam de seletivos. Eles garantem que nunca colocaram no bolso um único centavo dos bilhões de reais roubados da Petrobrás. É um cinismo sem limite, e um escárnio só suportável por uma sociedade tão permissiva quanto à brasileira e suas instituições.
SUMIUPois é, as investigações demoraram tanto que os canalhas têm tempo de esconder o que compram com o dinheiro roubado. Faz algum tempo que um jatinho particular de última geração, e que ficava baseado no aeroporto de Manaus, sumiu de lá. O interessante é que a imprensa sabe que ele foi comprado por um político de Roraima – é claro, com a utilização de laranja – de um político do Ceará. Muita gente de Roraima, especialmente políticos, já desfrutou de viagens confortáveis naquela aeronave, antes que ela sumisse feito fumaça. Eita, Brasil conivente com corruptos.
CUSTONão foi fácil para a Parabólica checar o custo final do asfaltamento realizado pelo governo estadual na Vicinal 05, no Município de Caroebe. A reportagem da Folha recebeu, primeiramente, release da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinf), dando conta de que a obra custara R$ 1.740.962,74 (um milhão, setecentos e quarenta mil, novecentos e sessenta e dois e setenta e quatro centavos). Posteriormente, outro release partido da Secretaria de Comunicação (Secom) do governo estadual reduzia o valor investido naquele asfaltamento para R$ 1.289.529,68 (um milhão, duzentos e oitenta e nove mil, quinhentos e vinte e nove reais e sessenta e oito centavos). Segundo outro assessor da Seinf, a obra teria mesmo custado R$ 1,74 milhão.
DESENCONTRO 1Outro desencontro de informações que a Parabólica faz questão de elucidar diz respeito a uma nota publicada neste espaço sobre a instauração de um Procedimento Preparatório, pelo Ministério Público do Estado (MPRR), para apurar possíveis irregularidades praticadas pela Eletrobrás Distribuição Roraima na contratação de empresa terceirizada. A informação foi tirada do Diário Oficial do Estado (DOE), de 07 de março do corrente ano, mas em contato com a Folha, a Assessoria de Comunicação da Eletrobrás informou que o contrato objeto da apuração jamais foi realizado pela empresa.
DESENCONTRO 2Depois de um ofício enviado pela Assessoria de Comunicação daquela estatal federal ao promotor público Hevandro Cerutti, do MPRR, informando da inexistência daquele contrato no âmbito da Eletrobrás, o Diário Oficial do Estado, de 20 de março, aditou a portaria de instauração do Procedimento Preparatório nº 007/2017, para incluir a Eletronorte na investigação, que consistirá em verificar se na habilitação e classificação da proposta, os valores estariam acima da referência indicada pela Administração. Desfeito o desencontro de informações, lembrando que o aditamento foi determinado pelo promotor Madson Wellington Batista Carvalho, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público da Comarca de Boa Vista.
VISITAA Folha recebeu ontem a honrosa visita institucional da desembargadora Elaine Bianchi, presidente do Tribunal de Justiça do Estado (TJRR). Acompanhada de todo seu staff de assessoramento, a desembargadora falou das principais linhas de ação e de programas que vai levar acabo para melhorar a prestação de Justiça aos roraimenses. E muitas coisas boas estão a caminho nesse sentido.